REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV <p><strong>ISSN: 2179-4456</strong></p> <p><strong>Qualis A4 - 2017-2020 - CAPES</strong></p> <p>A REVELL – Revista de Estudos Literários da UEMS (ISSN 2179-4456) é resultado de ações de pesquisas desenvolvidas nos cursos de Graduação e Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS e funciona como um espaço de interação entre pesquisadores do Brasil e de outros países. Seu principal objetivo é contribuir com os estudos das diversas literaturas por meio a publicação de artigos e ensaios oriundos de pesquisas sérias, consistentes e de qualidade, e que tenham caráter e comprometimento científico, das diferentes instituições de ensino superior do Brasil e exterior. A revista compreende uma ação conjunta do Curso de Letras da UEMS de Campo Grande, do Grupo de pesquisa Estudos de Narratividade, do Núcleo de Estudos Historiográficos de Mato Grosso do Sul – NEHMS e do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.</p> <p>REVELL – Revista de Estudos Literários da UEMS es el resultado de acciones de investigación desarrolladas en los cursos de Grado y Posgrado en Letras de la Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS y funciona como un espacio de interacción entre investigadores de Brasil y otros países. Su principal objetivo es contribuir a los estudios de las diversas literaturas a través de la publicación de artículos y ensayos de investigaciones serias, consistentes y de calidad, que tienen carácter y compromiso científico, de diferentes instituciones de educación superior en Brasil y en el exterior. La revista comprende una acción conjunta del Curso de Letras de la UEMS en Campo Grande, el grupo de investigación Estudos de Narratividade, el Núcleo de Estudos Historiográficos de Mato Grosso do Sul - NEHMS y por el Programa de Postgrado en Letras de la Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.</p> pt-BR <p>DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS</p><p>Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).</p><p> </p><div class="separator"> </div> andre_benatti29@hotmail.com (Andre Rezende Benatti) andre_benatti29@hotmail.com (Andre Rezende Benatti) Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 OJS 3.3.0.13 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 A Canção em Il Guarany https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7109 <p>O artigo analisa a tradução intersemiótica do romance <em>O Guarani</em>, de José de Alencar, para a ópera de Carlos Gomes, <em>Il Guarany</em>, em relação às canções, especificamente as árias que ganham vida nas vozes de Peri e Ceci, os personagens principais. A metodologia consiste na apresentação das letras das músicas do libreto, analisando como os textos, na canção e no romance, expressam as ideias dos autores utilizando sistemas de signos diversos. Observa-se que o texto da canção, elaborado de forma a ser traduzido em ritmo, voz, dramatização e música, numa intersemiose entre os sistemas de signos que fazem parte da ópera, objetiva alcançar a expressão das ideias do autor e provocar no receptor respostas semelhantes às obtidas pelo texto do romance, ou até mais intensas, considerando que a música pode ampliar a sensibilidade do indivíduo. Conclui-se que, como um sistema multissígnico, a recepção da canção requer participação de múltiplos sentidos, processo esse impregnado da subjetividade do autor/criador e do receptor, bem como de aspectos conformadores do meio onde se efetiva a obra. Ressalta-se a performance como essencial na concretização da ideia do cancioneiro, visto que, a cada apresentação, ter-se-á uma nova canção.</p> Maria Cláudia Bachion Ceribeli Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7109 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 A consciência da literatura https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7080 <p>Como a literatura contemporânea brasileira pode ser analisada partindo dos conceitos da tomada de consciência do subdesenvolvimento e tomada de consciência de cultura discutidas em Candido e em Schwarz? Em vista dessa questão, essa resenha estabelece um diálogo entre as importantes reflexões desses autores em textos do fim do século passado e a literatura contemporânea mais recente, datada a partir do decênio de 2010. Desse modo, essa breve exposição intenta perscrutar, necessariamente, além das inquietações dos teóricos, a apresentação geral da literatura contemporânea e sua caracterização de autoria, tema e estilo, por vezes em um contraponto com o que afirmam os estudiosos. A base desse texto, então, é a retomada do entendimento desses teóricos nos ensaios <em>Literatura e subdesenvolvimento </em>(1986) e<em> Fim de século </em>(1999), respectivamente de Antônio Candido e Roberto Schwarz.</p> Deivanira Vasconcelos Soares Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7080 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 A marginalização da cearensidade cultural popular https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7108 <p>Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, de procedimento bibliográfico e de caráter exploratório, objetiva investigar aspectos de cearensidade cultural popular na obra <em>O País dos Mourões</em> (1972), de Gerardo Mello Mourão, desdobrando-se em dois objetivos específicos: Definir cearensidade com base na evolução dos conceitos de cultura, com ênfase em sua manifestação popular e indicar trechos de cearensidade na obra de Gerardo. Assim, este trabalho justifica-se por estudar o escritor Gerardo Mello Mourão dentro da tradição literária cearense, proposta inovadora de análise da obra do poeta. Quanto à fundamentação, Catunda (1999) e Júnior (2016) alicerçam as discussões a respeito da vida e fortuna crítica do autor; além das postulações de Arantes (1990), Machado (2002) e Sampaio (2012) para os debates acerca de cultura e cearensidade, e, por fim, a própria obra em tela para o levantamento e análise do <em>corpus</em> deste estudo, dentre outras referências que norteiam e validam as problematizações teóricas levantadas durante a investigação.&nbsp;Pelas experiências vividas e narradas, especialmente no canto representado pela letra grega λ (p. 109-123), Gerardo explora a cearensidade herdada tanto na fisionomia quanto na cultura e no léxico do seu povo, o que evidencia sua naturalidade e sua identidade, tornando assim exequíveis futuras pesquisas em Literatura Cearense.</p> Antonio Edson Alves da Silva, Antonio Anderson da Silva Beserra Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7108 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 A vida em ruína https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7171 <p>O objetivo do presente estudo é analisar uma das micronarrativas presentes na obra <em>Flores artificiais (2014) </em>de Luiz Ruffato denominada<em> “</em>Uma história inverossímil<em>”. </em>Pretende-se refletir como os aspectos de sua construção espelham questões da sociedade e dos impactos dos trágicos acontecimentos da modernidade na identidade do sujeito.&nbsp; Esses são representados pela figura do personagem Robert Willian Clarke (apelido Bobby), que, mesmo achando-se alheio aos episódios históricos, estava desde cedo sendo atingido por eles. Fora alvo da marginalização e exclusão por precisar passar pelo processo de desenraizamento e, como consequência, encarar inúmeras experiências traumáticas que transformaram toda sua identidade. Pode-se perceber que a contemporaneidade instiga os escritores à renovação de suas formas literárias para retratar as questões sociais, incorporando esteticamente a realidade à obra e situando-a como uma força transformadora. Ruffato, atento às urgências do contexto contemporâneo trabalha com a ficcionalização do autor e com a sobreposição de pontos de vistas, ao dar espaço para que Bobby vítima das agruras da guerra e do deslocamento contribua para o testemunho do que foi o século XX e suas implicações. Nesse sentido, dá continuidade às heranças literárias do realismo, destacando novas maneiras de evocar a realidade mais do que apenas pelo “efeito” do real, mas através de procedimentos que diluem as fronteiras entre realidade e ficcionalidade. A discussão proposta fundamenta-se nos estudos de Schøllhammer (2009; 2016); Santos (2001); e Rancière (2021), dentre outros.</p> Natacha Gomes de Paula, Paulo Bungart Neto Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7171 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 As faces da morte na América Latina na perspectiva do romance Los detectives salvajes do escritor Roberto Bolaño https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7101 <p>A partir do entendimento de que o texto literário se constrói mediante a circulação de elementos históricos, políticos e culturais produzidos sob a vigência das múltiplas relações desenvolvidas entre os indivíduos, em um determinado tempo e lugar, o presente estudo objetiva analisar o romance <em>Los detectives salvajes</em> (1998) do escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), tomado como um artista representativo das principais mudanças apresentadas pela narrativa contemporânea de língua espanhola, no espaço ambivalente que compreende a Espanha e a América Latina, sobretudo, no que diz respeito ao prazer da elegia no contexto latino-americano. Assim, com base na problematização de temas ligados à vida, à experiência, ao luto, à melancolia, à morte e ao jogo, este trabalho se apoia no método histórico-comparativo, levando-se em conta a observação de fenômenos, processos e relações que constroem a realidade e o ambiente ficcional da narrativa em destaque. Assim, motivada pela leitura e análise do romance, a pesquisa dialoga com diferentes áreas do conhecimento, como a história, a mitologia, a filosofia e a psicanálise, a fim de compreender as diversas formas de comunicação da literatura com outras linguagens, e assim, discutir de que maneira a escrita literária é capaz de tematizar a condição humana, no caso específico deste autor, que, feito um herói derrotado, alimenta o seu discurso entre os escombros da genealogia latino-americana.&nbsp;</p> Edson Oliveira da Silva Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7101 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 A ironia e o humor em narrativas infantis contemporâneas https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7110 <p>Este estudo busca analisar a ironia e o humor como ferramentas de questionamento acerca da representação da personagem feminina nas narrativas infantis contemporâneas <em>Até as Princesas Soltam Pum, </em>de Ilam Brenam (2008) e <em>A revolta das princesas</em>, de Céline Lamour-Crouchet (2013). Ambas são aqui tomadas como exemplos de histórias infantis que revisitam o ideário clássico de princesa e os estereótipos de gênero, questionando-os e, inclusive, ironizando-os. Trata-se de uma forma de atuar no processo de desconstrução do discurso patriarcal e de suas reduplicações ideológicas de papéis de gênero que deve ser incorporada pela literatura nacional, incluindo a infantil. O discurso colonial, calcado na cultura falocêntrica, definiu um estereótipo da mulher ideal que pode e deve ser questionado pela arte, enquanto produto da cultura. Neste segmento, a ironia e o humor são mobilizados como estratégias para atingir o público infantil, mas também, como ferramentas narrativas que podem levar a criança a entender e a questionar os padrões que a cerca, despertando o senso crítico, subvertendo situações já conhecidas e oferecendo perspectivas de leitura diferentes.</p> Valdinei José Arboleya Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7110 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Complexo de Cassandra https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7116 <p>Antecipando temas e pautas hoje caros, tanto à comunidade LGBTQIA+ quanto ao revisionismo do patriarcado machista e homofóbico, a escritora Cassandra Rios é uma figura relevante da resistência e pelos direitos das mulheres homossexuais no Brasil. Ao mesmo tempo que propõe um estudo pontual de uma obra da autora paulistana, este artigo denuncia a exclusão de seu nome dos cânones das grandes escritoras nacionais e a visão reducionista dos estudos literários sobre os temas de suas obras, enquanto era perseguida e censurada pelo regime militar em razão desses mesmos temas. Se no início dos anos 2000, a obra de Rios começou a receber nova luz sobre sua importância em certa época da história do País e da história literária, nos últimos anos seu nome voltou a cair em injusto esquecimento. Assim, o estudo visa uma leitura do livro <em>Muros Altos</em> (1962), como exemplo emblemático e forma de ampliar a compreensão de sua vitalidade na literatura brasileira.</p> Adilson Guimarães Jardim Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7116 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Da marginalidade ao protagonismo: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7176 <p>Este estudo tem por objetivo analisar as representações do feminino no conto “A nevrose da cor”, de Júlia Lopes de Almeida, a partir da perspectiva da crítica feminista e do maravilhoso, na Literatura Fantástica, a fim de destacar os modos de construção da mulher, nesta modalidade literária, sob duas óticas: a do fantástico canônico, de autoria masculina, que coloca o feminino à margem, como objeto; e a do fantástico de autoria feminina, no qual a mulher figura como protagonista. Para chegar ao objetivo pretendido, serão utilizadas, como aporte teórico, as considerações de Tzvetan Todorov (1981), Irène Bessière (2012), Francisco Vicente de Paula Júnior (2011), Elaine Showalter (1994) e Cecil Jeanine Albert Zinani (2010). O discurso androcêntrico, que postula a inferioridade do segundo sexo, ecoa, na literatura canônica, sobretudo na fantástica, representando a mulher como objeto, musa subalterna ou personificação do mal, associando-a a bruxas, demônios e seres malignos. No fantástico de autoria feminina, tal como ocorre no conto de Almeida, que tem como personagem central Issira, a mulher assume o posto de protagonista, dispondo de voz e expressando seus enfrentamentos com o homem e consigo mesma. </p> Morgana Carniel, Cristina Loff Knapp Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7176 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Do trottoir ao boudoir do poeta https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7172 <p><strong><span class="Apple-converted-space">&nbsp;</span></strong>O presente artigo tem por objetivo discutir elementos presentes na produção poética do escritor argentino Néstor Osvaldo Perlongher, debruçando-se especificamente sobre as obras <em>Hule </em>(1989) e <em>El chorreo de las iluminaciones </em>(1992). Interessa-nos refletir acerca da composição formal dos textos, derivada da estética neobarrosa e levada a cabo pelo poeta em sua produção literária; bem como a respeito de questões políticas e sociais que consubstanciam o estilo do autor, haja vista sua participação como fundador da <em>Frente de Liberación Homosexual Argentina (F.L.H)</em>, o exílio involuntário vivenciado durante o último regime ditatorial, no final dos anos 70, e a relevância que aspectos de ordem biográfica cumprem no desenvolvimento de sua escrita.<span class="Apple-converted-space">&nbsp;</span></p> <p>&nbsp;</p> Debora Duarte dos Santos Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7172 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Em torno do amor e da morte https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7178 <p>O texto procura destacar Machado de Assis como o homem negro que viveu em um Brasil ainda escravista, sendo, portanto, um excluído que surpreendentemente logrou um lugar cativo no seio da sociedade intelectual brasileira no fim do século XIX. Do alto do Morro do Livramento fez com a sua escrita uma travessia, cartografando um momento histórico e empreendendo uma poética na qual a crítica às relações sociais aparece sutil e irônica. Partido do romance que fragmenta sua poética em duas fases, Memórias Póstumas de Brás Cubas, procura-se marcar a escrita machadiana como uma metodologia que apresenta o mal-estar perante o amor e a morte, entendendo de um ponto de vista literário e psicanalítico que tais temas não cessam de lançar questões a cultura e que muito dificilmente podem ser desarticulados.</p> Thallison Nobre, Cleyton Andrade Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7178 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 “Lar no estranho” ou “estranho lar” https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7278 <p>Em várias obras de Clarice Lispector, pode-se identificar um padrão narrativo que consiste na presença de uma tensão constante e crescente, que culmina em uma experiência epifânica por parte das protagonistas. A presente análise argumenta que, no caso dos contos <em>Os laços de família</em> e <em>Amor</em>, ambos de 1960, a revelação epifânica vivenciada por Catarina e Ana, respectivamente, dá-se não apenas pelo olhar fenomenológico das protagonistas sobre elementos cotidianos, como é comum na obra clariciana, mas será acionada por um componente crítico a essas narrativas, a saber, o sentido freudiano do estranho despertado pela (assustadora) possibilidade do retorno ao útero materno, seja esse metafórico ou simbólico. Em outras palavras, a epifania ocorre quando as protagonistas testemunham a transmutação da sensação de estar-se protegido, em casa (<em>heimish</em>), no estranho (<em>unheimlichen</em>) e o deparar-se no estranho lar (<em>das unheimliche Heim</em>). No caso de <em>Os laços de família</em>, e com base nos estudos psicanalíticos de Melanie Klein, defendo que o contato físico involuntário entre mãe e filha constitui o gatilho para a experiência do estranho, revelando a relação conflituosa entre a mãe egoísta e a filha invejosa e a tardia compreensão da unidade do "seio bom" e do "seio mau". Em <em>Amor</em>, adotando como principal referencial teórico o paradigma edipiano formulado por Freud e sua associação com a lógica paterna, masculina, e com a religião monoteísta hegemônica, defendo que a visão do cego mascando chiclete - o qual representa o sujeito pré-edipiano que reintroduzirá Ana ao reino que antecede à Cultura e seus tabus - aciona a experiência epifânica por simbolizar um possível retorno às origens e, simultaneamente, à morte, com início e fim se confundindo e apontando para a unidade pré-natal ideal, experimentada no útero materno.</p> Ana Paula Magalhaes da Silva Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7278 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Letramento literário e diversidade com base nas obras Em nome do desejo e A idade de ouro do Brasil https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7418 <p>O presente artigo pauta a importância de um letramento queer, usando o esteio dos Letramentos sociais de Street (2014). Um letramento mais inclusivo, alcançando as subjetividades não hegemônicas dentro do processo educacional tradicional que as exclui e ignora. Usamos aqui as ideias de Cosson (2006), Kleiman (2005), Lopes (2002) com os atravessamentos da teoria queer em (2019), Miskolci (2021) e Louro (2001, 2013, 2022), bem como Foucault (1999, 2013). Por meio das abordagens das obras mencionadas, foram investigadas por meio das intertextualidades e interdisciplinaridades, na potência crítica dos textos literários de Trevisan (Em nome do desejo, 2001 e A era de ouro do Brasil, 20219) os assuntos relacionados às sexualidades e de gênero. O objetivo, então, é encontrar pistas e respostas para um letramento queer mais comprometido com essas questões tão espinhosas quanto urgentes na sala de aula. Em época de “escola sem partido” e vigilância da liberdade de cátedra docente, e considerando as reflexões obtidas a partir desta análise, afirma-se que ainda há muito a ser feito para uma mudança dentro da sala de aula. Por fim, pretende-se lançar questões e apontamentos sobre a viabilidade de um letramento queer para diminuir os preconceitos nas aprendizagens de práticas libertadoras.</p> Margareth Torres de Alencar Costa, Roberto Muniz Dias Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7418 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Literatura e Cristianismo https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7378 <p>Este estudo propõe estabelecer relações intertextuais entre literatura e religião, de modo específico, com o Cristianismo, de maneira que seja possível observar um diálogo entre esses saberes. A partir das perspectivas diferentes, embasadas em procedimentos e métodos literários, interpretar a narrativa ficcional, especificamente, a crônica, aliada à influência de uma abordagem religiosa, é nosso escopo. Esta abordagem é possível, uma vez que a literatura assume papel importante nas relações ocorridas pelo diálogo entre textos, como já postula o pensador russo Mikhail Bakhtin (1929). As crônicas de Rubem Alves, publicadas na obra <em>Perguntaram-me se acredito em Deus</em> (2007), foram os objetos desta análise. A construção imaginativa, em diversos momentos, na forma de textos leves, curtos e com temas pertinentes ao cotidiano humano, revela ser mais que afirmação ou negação diante do questionamento lhe feito: “Você acredita em Deus?”, revela, na verdade, antes, toda uma rede intertextual que envolve religião, Deus, a palavra, a poesia, a beleza, os poetas e a literatura. Por fim, como sói acontecer, foram utilizados, como aportes teóricos, Alter (2007), Barros e Fiorin (1994), Cury, Paulino e Walty (1995), dentre outros, que julgamos pertinentes.</p> Márcio Antonio de Souza Maciel, Daniele Silva Martins Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7378 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Marcas de Resistência na Crônica "Luto da Família Silva", de Rubem Braga https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7121 <p>Alfredo Bosi (2002) afirma, em seu texto “Narrativa e Resistência”, que a ideia de resistência se conjuga à narrativa a partir de duas formas de realização: como tema e como processo inerente à escrita. Cronista por excelência, Rubem Braga pode ser citado como um exemplo de escritor que realiza, em suas crônicas, essas duas formas de resistência: na forma, através do lirismo e da voz do narrador de tradição; nos temas abordados, os quais levantam questionamentos e reflexões sobre sociedade e política. Com o intuito de mostrar como a resistência se faz presente na obra de Braga, optamos por trabalhar a crônica “Luto da família Silva”, produzida em 1935 a partir de uma notícia de jornal. Nessa crônica, Braga questiona, através da ironia e do humor, a luta de classes, a condição do excluído e a invisibilidade social dos inúmeros “Joões da Silva”. Em nosso trabalho, consideramos as marcas de resistência como tema e como forma imanente ao texto. Para isso, fundamentamos nossa pesquisa na obra <em>Literatura e Resistência</em> de Alfredo Bosi. Também compartilhamos das ideias apresentadas por Walter Benjamin (1994), em seu texto “O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov”. Além dos textos citados, foram consultados, como fontes de pesquisa, “La Forma Inicial”, de Ricardo Piglia (2015); e os ensaios sobre as crônicas de Rubem &nbsp;Braga,&nbsp; “Braga de novo por aqui” e “Fragmentos sobre a crônica”, de Davi Arrigucci (1987).</p> Francisca Patrícia Pompeu Brasil Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7121 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Mito e Orixá https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7087 <p>Os <em>Itãns</em> trazem em si as histórias dos Orixás por meio de narrativas simbólico-imagéticas que carregam significados, mensagens e representações. A cultura afro-brasileira possui uma grande quantidade de Deuses mitológicos, os Orixás, conhecidos a partir de contos e histórias, que contêm ensinamentos sobre suas personalidades, regências, fraquezas e domínios. A partir dessa constatação, o presente trabalho analisa a releitura do <em>itãn</em> do amor de Oxum e Oxóssi, no videoclipe <em>Onda</em>, da cantora paulistana Mc Tha. Ao comparar as narrativas mitológicos (itãns) de Oxum e Oxóssi e do videoclipe, verifica-se a presença de símbolos que remetem às histórias dessas divindades e se constata que, ao se utilizar da mitologia afro-brasileira na construção poético-literária, o audiovisual faz uma homenagem à essas divindades. Como suporte para a análise, utilizam-se as seguintes obras: <em>O que é mito</em>, de Everardo Rocha (1996), <em>O poder do Mito</em>, de Joseph Campbell (1988), <em>Mito e Significado</em>, Claude Levi-Strauss (1978), <em>Mitologia dos Orixás</em>, de Reginaldo Prandi (2001) e <em>Orixás Deuses Iorubás na África e no novo mundo</em>, de Pierre Fatumbi Verger (2018).</p> Renan da Silva Dalago, Altamir Botoso Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7087 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Modernidade e poder em A hora dos ruminantes https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7241 <p style="font-weight: 400;">Este artigo tem como objetivo a análise do narrador no romance <em>A hora dos ruminantes</em> (1966) de José J. Veiga, e como a instância narrativa aborda os impasses da modernização e do progresso. Apesar do tom alegórico e metafórico da descrição de Manarairema, as ações dos personagens e da voz narrativa abordam o processo de modernização que ocorreu no Brasil a partir da segunda metade do século XX. Sob este aspecto, os personagens e o narrador se cruzam e se separam numa espécie de estrutura contrapontística. Por um lado, há a representação dos nativos de Manarairema através de um ponto de vista tradicional. Por outro lado, há a presença dos intrusos, cujo objetivo é modernizar a região, além da instância do narrador, cujo ponto de vista oscila entre um ponto de vista e outro configurando uma crítica ao progresso da modernização. Portanto, este artigo pretende mapear de que maneira o movimento de afastamento e aproximação do narrador, ao mesmo tempo que funciona como crítica à lógica modernizadora, também se configura como fuga do modelo naturalista latente na literatura brasileira desde o século XIX.</p> Wagner Monteiro, Ana Karla Canarinos Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7241 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 O labirinto do inumano https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7067 <div> <p class="Padro"><span lang="PT">Esta breve narrativa crítica estruturou-se de modo a estabelecer uma análise comparada entre o filme <em>O labirinto do fauno</em>, de Guilherme Del Toro, e a narrativa <em>Space Invaders</em>, de Nona Fernández, a partir de diversos pontos de percepção sobre corpos femininos rasurados por Estados Autoritários. Nesse percurso crítico, deparou-se com uma lógica discursiva que revela serem, tanto a Espanha Franquista quanto o Chile ditatorial de Pinochet, frutos de um mesmo sistema de opressão: a matriz colonial de poder da Modernidade. Além disso, descobriu-se também que tal matriz de poder utiliza em seu projeto de colonização do saber determinados gêneros estéticos, tais como a ficção científica, contra os quais as histórias “locais” resistem. </span></p> </div> Danielle Ferreira Costa Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7067 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 O príncipe dos poetas brasileiros e o sorriso de Monalisa https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7385 <p>O artigo investiga a reflexão social do escritor Olavo Bilac a respeito dos pobres e da pobreza, tendo por fontes sua produção cronística publicada na imprensa. Confrontando a visão oficialesca na qual o “príncipe dos poetas brasileiros” foi o principal representante da literatura como “sorriso da sociedade” – quer dizer, de certa concepção de escrita literária cujo esteticismo dispensava qualquer afinidade com causas e temas sociais – com a prolífica produção do autor sobre os problemas do pobre e da pobreza, demonstramos como, subjacente a certo preconceito intelectual destinado ao parnasianismo de Bilac, está latente uma desconhecida preocupação social do escritor que, ainda que marcada pelo espontaneísmo e pela volubilidade de seu pensamento, atestam a emergência da questão social no horizonte temático e reflexivo de um dos principais escritores brasileiros do início do século XX.</p> Marco Aurélio de Souza Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7385 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Performar e expandir comunidades on-line https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7143 <p>O Slam das Minas RJ é um coletivo de poesia que surge no espaço público, na rua e na ocupação da cidade, promovendo um modo de imaginação pública, a partir da qual pode ser lido, interpretado e compreendido. Durante os anos pandêmicos de 2020 e 2021, o grupo realizou uma migração das ruas às redes. Podemos afirmar, portanto, que a comunicação globalizada por meio da internet possibilitou que coletivos artísticos de rua seguissem atuando nas redes sociais durante o período de pandemia. Nesse ensaio, trago o debate sobre educação antirracista em que evidencio o importante trajeto que o Slam das Minas RJ vem trilhando ao emergir relatos da história negra brasileira que, por muitas vezes, em benefício de uma histórica supremacia branca, política e social, se mantiveram apagados. Na esperança de enriquecer a análise, reflito a rede social como espaço de ativismo, adentrando no estudo de poemas publicados no Instagram do coletivo que flertam com as discussões sobre protestos incitados, principalmente, pelo momento politicamente tensionado pela morte de George Floyd nos Estados Unidos, a explosão do Vidas Negras Importam no Brasil e os debates sobre a necessidade de ir ou não às ruas para protestar em meio a uma pandemia. Construo, ao fim, uma reflexão sobre o uso das redes sociais como um espaço de armazenamento para todo esse trabalho do Slam das Minas RJ.</p> Guilherme Ferreira Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7143 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Pio Vargas, ser coletivo: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7318 <p>O objetivo deste trabalho é efetuar uma análise da obra <em>Anatomia do gesto</em> (1989), do poeta iporaense Pio Vargas (1964-1991). A fortuna crítica de Vargas está quase toda reduzida a comentários de cunho impressionista, marcados pelo psicologismo relativo ao aspecto meteórico e trágico de sua vida. Com isso, este trabalho buscou efetuar análise das relações metapoéticas entre corpo e verso na constituição de <em>Anatomia do gesto</em>, materializada na ideia de “corpoquase”, presente na obra. Nesse sentido, dividiu-se o trabalho em três partes. Inicialmente, discute-se a ausência de trabalhos de fôlego sobre o poeta, com destaque para a predominância de comentários impressionistas. Em seguida, busca-se localizar a obra de Vargas na tradição da poesia moderna, especificamente, a produção poética iniciada na década 1980. Por fim, efetua-se a análise de <em>Anatomia do gesto</em>, buscando compreender os efeitos do “corpoquase” materializado nos poemas. Como aporte teórico, dentre outras obras, destacam-se Hugo Friedrich (1978), Octávio Paz (2014) e Marcos Siscar (2010).</p> Samuel Carlos Melo, Letícia de Souza Costa Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7318 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Santa Rita Pescadeira https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7129 <p>Este trabalho buscou analisar a manifestação mítica de Santa Rita Pescadeira, em <em>Torto Arado</em>, de Itamar Vieira Junior. Calcado nos condicionamentos teóricos de Ernst Cassirer, Mircea Eliade, André Jolles e André Dabezies, com vistas a definir o alcance e os limites da transposição do mito para a literatura, adotamos como categoria analítica a personagem, delineada em dois movimentos no enredo. No primeiro, ela expressa o caráter de resistência instaurado por sua atuação na Fazenda Água Negra; e, no segundo, ocorre a sua libertação, concretizada no desfecho do relato. A analise se propôs a desenvolver, em um percurso da ficção para a realidade, uma discussão sobre a manutenção e a resistência ancestral das práticas significativas, entre a sacralização e a dessacralização. Assim, acolheu-se o pressuposto de que, ao rememorar-se na narrativa, a encantada do jarê, Santa Rita Pescadeira, não resgata somente a história dos quilombolas do sertão baiano e do Brasil. Ao colocar em evidência o legado traumático da escravidão, bem como as crenças, descrenças e esperanças a ela vinculadas, a atuação da personagem naquela comunidade possibilitou uma tomada de consciência política, de fé e de luta, demonstrando como o mito, da oralidade à escrita, atua atemporalmente na transformação da sociedade.</p> João Pereira, Vanessa Ramos da Silva Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7129 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Sobrenaturais metamorfoses na literatura https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7148 <p>Este artigo objetiva analisar o conto “Açude”, presente na obra <em>Na escuridão das brenhas</em>, do escritor Roberto Beltrão, à luz da metamorfose e do fantástico. Por meio de um arcabouço teórico que oportuniza perceber as diferentes visões dessas categorias nos estudos literários, como os pressupostos de Irène Bessière e David Roas, no que tange o fantástico, e as reflexões de Vera Maria Tietzmann Silva, a respeito da metamorfose, foi possível validar a eficácia estética na investigação do corpus escolhido. Condicionada por enquadramentos sociais e históricos, a narrativa é ambientada no Sertão pernambucano, mais precisamente na cidade de Triunfo, afigurada pelos traços culturais que moldam os saberes e o imaginário humano, antevistos sob prismas folclóricos, lendários e da tradição oral. Sombreado pela dicotomia entre o natural e o sobrenatural, o texto do autor amalgama um processo metamórfico, com a lenda da transformação de um bebê em uma cobra horrenda e gigante, motivando a transgressão das percepções de normalidade. Ao passo que se mobilizam zoomorfismos, reitera-se a natureza do fantástico em desestabilizar a visão do real, tanto da personagem quanto do leitor, em um mundo símile à realidade, que ameaça as coordenadas que dão segurança ao cotidiano e vazão à racionalidade.</p> Ivson Bruno da Silva Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7148 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 “Trabalhar com sucata” https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7157 <p>Nascido na cidade de Dniepropietrovsk, na Ucrânia, Vadim Sidúr (1924-1986) se formou na escola de artes de Moscou sob o regime soviético. Nesse espaço oficialista dominado pela estética do realismo socialista o escultor optou por trabalhar com os restos, os materiais inservíveis: alumínio, ferro e metais retorcidos e enferrujados. Em suma, o lixo. A partir disso, neste ensaio lemos a obra do soviético por meio da noção de gambiarra: através das sucatas da industrialização Sidúr produz objetos estéticos mal ajambrados, elementos que perderam seu valor de uso e também de troca são transformados (montados) em “parafernálias” carregadas de política.</p> Ian Anderson Maximiano Costa Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7157 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Sobre mímesis e trabalho doméstico https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7487 <p>O intuito do artigo será analisar a representação literária da personagem Maju, a babá de Ana a qual divide o protagonismo com Fernanda, em <em>Suíte Tóqui</em>o, de Giovana Madalosso (2020). Tendo em vista certa originalidade na obra, pela protagonista ser uma personagem comumente secundária, será examinado a qual <em>mimeses</em> cabe a obra de Madalosso (2020), a tradicional, da <em>Poética </em>de Aristóteles, “[...] que a literatura imitava o mundo [...]” (COMPAGNON, 2012, p.124), a que “[...] não possuía uma exterioridade e apenas fazia pastiche da literatura.” (COMPAGNON, 2012, p.124) ou a interpretação de Compagnon (2012), de que “[...] a <em>mimèsis</em> não era passiva, mas ativa [...] a <em>mimèsis</em> constituía uma aprendizagem”. (COMPAGNON, 2012, p.124). Além disso, será discutido sobre como a empregada doméstica ganha voz na narrativa a partir da análise do narrador, baseando-se no conceito de Jaime Ginzburg (2012), descrito no artigo <em>O narrador na literatura brasileira contemporânea</em>. Por fim, será discutido sobre a influência sócio-histórica de Maju enquanto mulher, babá e pobre em seu romance, baseando-se na escrevivência de Juliana Teixeira (2021) em <em>Trabalho doméstico</em><strong>.</strong></p> Giovanna Stael de Abreu dos Santos, Andre Rezende Benatti Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7487 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000 Dados Técnicos da Edição https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7485 <p>REVELL – ISSN: 2179-4456 - 2023– v.1, nº.34 – Edição Especial de 2023</p> REVELL UEMS Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7485 Wed, 12 Apr 2023 00:00:00 +0000