A (des)legitimação do paradigma monolíngue em enunciados des/reterritorializados
Visualizações: 887Resumo
Este artigo analisa dois anúncios publicados na página da rede social de um restaurante, que propõe oferecer comida traduzida como mexicana, na cidade de Cuiabá. O intuito é discutir como, a um só tempo, esses anúncios deslegitimam e reafirmam valores de verdade em relação ao paradigma monolíngue. Como referencial teórico, apresenta-se o conceito de enunciado des/reterritorializado (ZOLIN-VESZ, 2016) relacionado aos pilares do paradigma monolíngue e seus efeitos para as práticas linguísticas (MIGNOLO, 2003; FIGUEIREDO, 2011; CANAGARAJAH, 2013; BAUMAN, 2016; 2017). Os resultados sugerem que, ao mesmo tempo em que os anúncios parecem desestabilizar valores de verdade atrelados à orientação monolíngue, apontam para a conservação da equivalência “natural” entre língua e território.
Referências
ASSIS-PETERSON, A. A. Como ser feliz no meio de anglicismos: processos transglóssicos e transculturais. Trabalhos em Linguística Aplicada, vol. 47, n. 2, p. 323-340, 2008.
BAUMAN, Z. Babel: entre a incerteza e a esperança/Zygmunt Bauman, Ezio Mauro. Trad. Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
BAUMAN, Z. Estranhos à nossa porta. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.
CANAGARAJAH, S. Translingual practice – global Englishes and cosmopolitan relations. Londres: Routledge, 2013.
COX, M. I. P.; ASSIS-PETERSON, A. A. The notion of transglossia and the phenomenon of linguistic mestizations in contemporary societies. Revista da Anpoll, v. 1, n. 20, p. 131-151, 2006.
FARACO, C. A. Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 4. ed. São Paulo: Parábola, 2007.
FIGUEREDO, C. J. O falante nativo de inglês versus o falante não-nativo: representações e percepções em uma sala de aula de inglês. Linguagem & Ensino, v. 14, n. 1, p. 67-92, 2011.
HAESBAERT, R. Identidades territoriais: entre a multiterritorialidade e a reclusão territorial (ou Do hibridismo cultural à essencialização das identidades). In: ARAUJO, F. G. B.; HAESBAERT, R. Identidades e territórios: questões e olhares contemporáneos. Rio de Janeiro: Access, p. 33-56, 2007.
HAESBAERT, R. Del mito de la desterritorialización a la multiterritorialidad. Cultura y representaciones sociales, v. 8, n. 15, p. 9-42, 2013.
HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização – do “fim dos territórios” à mutiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand, 2014, 8. ed.
JACQUEMET, M. Transidiomatic practices: language and power in the age of globalization. Language & Communication, n. 25, p. 257-277, 2005.
JACQUEMET, M. Transidioma. Revista da Anpoll, n. 40, p. 19-32, 2016.
LUCENA, M. I. P; NASCIMENTO. A. M. Práticas (trans)comunicativas contemporâneas: uma discussão sobre dois conceitos fundamentais. Revista da Anpoll, n. 40, p. 46-57, 2016.
MIGNOLO, W. Histórias Locais/Projetos Globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Trad. Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: EdUFMG, 2003.
RAMALHO, V.; RESENDE, V. M. Análise de discurso (para a) crítica: o texto como material de pesquisa. Campinas: Pontes, 2011.
RIBEIRO, J. O. S. Notas sobre o currículo como prática de tradução cultural. Revista Margens Interdisciplinar, v. 9, n. 12, p. 72-84, 2016.
SANTOS, A. S. Enunciados des/reterritorializados e a (des)legitimação do paradigma monolíngue. 2017. Dissertação (Mestrado em Estudos de Linguagem) – Instituto de Linguagens, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2017.
ZOLIN-VESZ, F. Como ser feliz em meio ao portunhol que se produz na sala de aula de espanhol: por uma pedagogia translíngue. Trabalhos em Linguística Aplicada, v. 53, n. 2, 2014, p. 321-332.
ZOLIN-VESZ, F. Esse é o final de una era triste e o começo de una fase muy feliz: translinguismo em telenovelas brasileiras. 2015. Tese (Doutorado em Letras e Linguística) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015.
ZOLIN-VESZ, F. Gusta me mucho: enunciados des/reterritorializados e a concepção de língua. Linguagem & Ensino, v. 19, n. 1, p. 217-228, 2016.