Inação e morte no teatro simbolista

Maeterlinck e Pessoa

Visualizações: 627

Autores

  • Marco Aurélio Abrão Conte Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Câmpus de Araraquara - Faculdade de Ciências e Letras: Araraquara, SP, BR https://orcid.org/0000-0002-8191-3156

DOI:

https://doi.org/10.61389/rel.v2i1.5751

Resumo

Com o advento da estética simbolista no século XIX, que primava pela valorização de uma subjetividade isoladora, passiva, indiferente e por vezes hermética, em reação à objetividade de um cientificismo cada vez mais perceptível no seio da forma literária, logrou-se, no âmbito da arte dramática, questionar a própria estrutura do drama. Ensimesmadas, as personagens do teatro simbolista inviabilizam reais tensões intersubjetivas, resignadas que estão diante da morte, que ocupa todo o espaço da mimese e acaba por, formalmente, impedir a ação. Cenicamente, o efeito é potencializado por ambientes sombrios, suspensos no tempo e distantes no espaço – ao gosto dos simbolistas –, nos quais prostram-se homens e mulheres impotentes, despidos de identidade individual e convencidos da inutilidade de (inter)agir. Este trabalho busca refletir, a partir de peças do belga Maurice Maeterlinck e do português Fernando Pessoa, sobre as formas pelas quais a temática da morte, ao se precipitar em linguagem teatral amparada nos moldes do simbolismo, leva à obliteração estrutural da ação, multissecular sustentáculo do gênero, evidenciando a substituição do real pelo onírico, da afirmação pela sugestão e, enfim, do movimento pela inação do drama estático.

Biografia do Autor

Marco Aurélio Abrão Conte, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Câmpus de Araraquara - Faculdade de Ciências e Letras: Araraquara, SP, BR

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras (Unesp-Araraquara). Bolsista do CNPq.

Referências

BALAKIAN, Anna. The symbolist movement. New York: New York University Press, 1977.

JUNQUEIRA, Renata Soares. Transfigurações de Axel: leituras de teatro moderno em Portugal. São Paulo: Editora Unesp, 2013. DOI: https://doi.org/10.7476/9786557144756

MAETERLINCK, Maurice. A intrusa. Porto Alegre: Centro de Arte Dramática da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1967.

MAETERLINCK, Maurice. La princesa Malena; La intrusa; Los ciegos. Madrid: Renacimiento, 1913.

MOLER, Lara Biasoli. Da palavra ao silêncio: o teatro simbolista de Maurice Maeterlinck. 2006. Tese (Doutorado em Língua e Literatura Francesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

NEVES, Maria Helena de Moura; JUNQUEIRA, Renata Soares. O estatuto da linguagem n’O Marinheiro de Fernando Pessoa. Revista Scripta, Minas Gerais, v.7, p.183-201, 2004.

PESSOA, Fernando. O marinheiro. São Paulo: Babel, 2011.

PESSOA, Fernando. Livro do desassossego. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2016. (Coleção Folha Grandes nomes da literatura, v.24).

SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno (1880-1950). Tradução de Luiz Sérgio Repa. São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2001.

VILLIERS DE L’ISLE-DAM, Auguste. Axël. Paris: J.M. Dent et fils, 19--.

WILSON, Edmund. O castelo de Axel: estudo sobre a literatura imaginativa de 1870 a 1930. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

Downloads

Publicado

2021-03-07

Como Citar

Abrão Conte, M. A. (2021). Inação e morte no teatro simbolista: Maeterlinck e Pessoa. REVISTA ESTUDOS EM LETRAS, 2(1), 117–132. https://doi.org/10.61389/rel.v2i1.5751

Edição

Seção

Artigos