DENOMINAÇÕES PARA CAOLHO E VESGO NO ESTADO DE MS: O QUE REVELAM OS DADOS DO ALMS
ONE-EYED AND CROSS-EYED DESIGNATIONS IN THE STATE OF MS: WHAT THE ALMS DATA REVEAL
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https://doi.org/10.48211/sociodialeto.v12i35.483Palavras-chave:
Léxico, ALMS, Mato Grosso do Sul, Tabus linguísticosResumo
O léxico enquanto tesouro vocabular de uma língua configura-se como patrimônio social e cultural de uma determinada sociedade, transparecendo crenças, costumes, e tradições de uma comunidade linguística. Posto isto, este trabalho discute resultados de estudos sobre denominações para caolho (zarolho) e vesgo (olho torto) registradas na carta 0220.a – “E quem só enxerga com um olho porque perdeu o outro” e 0221.a – “E o indivíduo que tem os olhos tortos, que parece que está olhando para um lado e está olhando para outro?”, do ALMS – Atlas Linguístico de MS (OLIVEIRA, 2007, 159- 160). O atlas contempla uma rede de pontos de trinta e duas localidades e realizou inquéritos com 128 informantes. O estudo orientou-se por fundamentos da Lexicologia (BIDERMAN, 1998; ISQUERDO, 2009); Etnolinguística (GUÉRIOS, 1979), Dialetologia e Geolinguística (FERREIRA; CARDOSO, 1994; CARDOSO, 2010). Para caolho registraram-se – cego, zarolho, cego de um olho, cego de uma vista, cego de um lado, olho torto, deficiente do olho, vesgo – tendo caolho 36,71% de ocorrências, documentada em todas as localidades da rede de pontos. Para zarolho houve os seguintes registros: vesgo, caolho viroto, estrábismo, olho torto, biruto, míope, olhando do avesso, ziroto, sendo zarolho a forma mais produtiva (39,06%), registrada em 28 das 32 localidades da rede de pontos. Em síntese, o estudo demonstrou que as formas lexicais disfêmicas caolho e zarolho são utilizadas com maior frequência, mas sem levar em conta sua carga semântica pejorativa. Notou-se também um maior cuidado entre as mulheres quanto às escolhas lexicais, predominando entre elas o item cego ao invés de caolho.
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