De Efêmeras a Esquifes: a desesperança em Dario Vellozo
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Desesperança, Simbolismo brasileiro, Literatura brasileiraResumo
Dario Vellozo, poeta e pensador simbolista do final do século XIX e início do XX, além de ter participado ativamente da edição de diversas revistas simbolistas, como uma das mais importantes delas, O Cenáculo, também fundou o Instituto Neo-Pitagórico. Em 1969, por ocasião do centenário de nascimento de Vellozo, o instituto compilou todos os vinte e um livros do autor em uma antologia de três volumes. O objeto do presente estudo encontra-se em uma comparação entre Efêmeras e Esquifes, respectivamente, de acordo com a coletânea neo-pitagórica, o segundo e o terceiro livros do poeta.
Efêmeras inicia-se com uma suposta carta do autor a seu pai, na qual o simbolista diz que o que escreve é sobre lembranças de sua vida antes de atingir a maioridade, de “tão risonho passado”. Esquifes, por sua vez, também é iniciado com uma carta do autor ao pai, seguindo os mesmos moldes da carta anterior, afirmando que, nesse livro, também retoma suas memórias infantis, porém em tom melancólico “de uma esperança morta”. Dessa forma, é possível estabelecer uma relação entre as duas obras, que se revela não só nas cartas que as iniciam, mas também em seus títulos e nos poemas em si. Note-se que o livro em que há esperança ao olhar para o passado chama-se Efêmeras, em referência a algo que é passageiro, pressupondo uma noção contínua de tempo vivido. Já Esquifes, termo que significa “caixão para defunto”, estabelece uma ligação com a morte e o fim do tempo, a desesperança diante da impossibilidade de futuro.
A partir dessa mudança de visão do autor em relação ao tempo, pretende-se, neste trabalho, estabelecer um paralelo entre os poemas de Efêmeras e de “Arrabis”, primeira parte de Esquifes, apontando como essas diferentes atitudes temporais apresentam-se em seus poemas. Efêmeras é um livro feito de um grande poema, intitulado “Vaporosas”, composto de onze partes menores e, neste trabalho, deseja-se demonstrar que se relacionam, respectivamente, às primeiras onze partes de poemas de “Arrabis”, constituindo, no início do terceiro livro, uma releitura do livro anterior segundo a mudança de experiência da temporalidade. No entanto, pela extensão que tal trabalho adquiria, apenas serão analisados alguns pontos de contato desses poemas, havendo foco principal na aproximação entre a sétima parte de “Vaporosas”, “No Cemitério”, e o que aqui se propõe como sua contraparte em Esquifes, “Excelsior”.Referências
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