"Quem manda na minha boca sou eu”: literatura infantil e resistência no ciclo dos reis de Ruth Rocha
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LITERATURA INFANTIL, RESITÊNCIA, SILÊNCIOResumo
Este artigo tem como objetivo analisar as formas e os conteúdos do silêncio presentes no “reinado dos reis” da escritora Ruth Rocha: O reizinho mandão (1978), O rei que não sabia de nada (1980), O que os olhos não vêem (1981) e Sapo vira rei vira sapo ou A volta do reizinho mandão (1982). Dessa forma, o diálogo comparatista entre esses livros e a historiografia produzida acerca da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) se faz necessário, uma vez que essas obras foram gestadas durante um contexto de produção no qual o silenciamento imposto pelos militares se transformou em um desafio a ser superado pela criação de uma linguagem literária polissêmica, repleta de símbolos e experimentações, cujas marcas de maior relevância são a resistência na e pela linguagem, o antiautoritarismo e o questionamento constante das estruturas de poder subjacentes às práticas autoritárias e censórias presentes durante esse período histórico. Sendo assim, para o desenvolvimento deste trabalho, mobilizamos tanto a compreensão que Eni Orlandi (2007) tem sobre as potencialidades do silêncio como matéria discursiva ambígua, quanto a crítica literária que Ana Maria Machado (2016) elabora sobre a literatura infantil produzida na década de 1970. Desse modo, a escrita deste artigo se articula a partir de um duplo movimento que se entrecruza à medida que o texto vai se erigindo: o primeiro se preocupa com a elaboração estética da linguagem, o outro se debruça para os modos pelos quais a literatura pode funcionar como possibilidade de resistência frente a regimes autoritários.
Referências
FIGUEREDO, Eurídice. A literatura como arquivo da ditadura. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017.
MACHADO, Ana Maria. Ponto de fuga: conversas sobre livros. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. São Paulo: Editora da Unicamp, 2007.
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