O Conceito de polifonia:

entre a música e a literatura

Visualizações: 1073

Autores

  • Juliana Araújo Gomes UFMS
  • William Teixeira da Silva

DOI:

https://doi.org/10.61389/valittera.v1i8.7154

Palavras-chave:

independência vocal, polifonia musical, romance polifônico

Resumo

A polifonia é um conceito musical antigo, tendo seu início no final da Idade Média com o desenvolvimento do contraponto a partir do organum paralelo. Grout e Palisca (1988) definem como principais precursores da música que teria seu apogeu na renascença Léonin (1159-1201) e Pérotin (1170-1236), da Escola de Notre Dame. A principal diferença dos organums compostos por eles para os comumente compostos foi a independência vocal; isso porque, para que seja feito o organum, é necessário mais de uma voz. Inicialmente, os organums eram feitos com textura homofônica, de forma que a voz que fazia o organum dependia melodicamente da voz principal. Com a Escola de Notre Dame, houve uma diferença decisiva para o surgimento do contraponto e da polifonia: o organum não dependia mais da voz principal. As vozes se tornaram independentes e de igual importância. A polifonia foi utilizada originalmente com vozes humanas, desenvolvida para ser cantada em catedrais. O filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin utilizou o conceito de polifonia filtrando o cerne de sua definição, enxergando sua presença na obra literária de Dostoiévski, criando assim um conceito capaz de analisar a multiplicidade de vozes em um romance. Façamos um caminho de volta: se formos até a polifonia literária, compreendermos sua proposta, e voltarmos para a música, enxergaríamos e aplicaríamos a polifonia musical da mesma forma? Neste trabalho, acredita-se que não. A partir do conceito de romance polifônico de Bakhtin, criado através da análise dos romances de Dostoiévski, realizamos uma análise comparativa entre os conceitos de polifonia na literatura e na música. O objetivo deste trabalho é, através do conceito literário de polifonia, expandir o conceito e a prática da polifonia musical, aumentando as possibilidades artísticas do performer e criando subsídios teóricos para se inventar e pensar outros caminhos para a própria criação.

Referências

APEL, Willi. The Harvard Dictionary of Music. Cambridge: Harvard University Press, 1974.

BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal: Mikhail Bakhtin. Introdução e tradução do russo Paulo Bezerra; prefácio à edição francesa Tzvetan Todorov. 4ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Ed.Forcnse-Universitària, 1981. 306p.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. 1ª edição. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995.

Downloads

Publicado

28-05-2023

Como Citar

Araújo Gomes, J., & Teixeira da Silva, W. (2023). O Conceito de polifonia:: entre a música e a literatura. VALITTERA - REVISTA LITERÁRIA DOS ACADÊMICOS DE LETRAS, 1(8), 30–40. https://doi.org/10.61389/valittera.v1i8.7154