Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmicas do território.

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Autores

  • Ana Paula Camilo Pereira Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Campo Grande Docente dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia e do Programa de Mestrado Profissional em Educação (Profeduc)

Palavras-chave:

Atlas, dinâmicas, Geografia

Resumo

Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmica do território, em sua terceira edição, é uma obra de Hervé Théry e Neli Aparecida Mello-Théry como produto de suas pesquisas realizadas no Brasil e na França. A obra se constitui como um referencial às mais diversas áreas do conhecimento, com destaque para a Geografia. A magnitude da representação cartográfica temática expressa uma abordagem congruente e efetiva da realidade brasileira, dando luz às dinâmicas sociais, econômicas, urbanas, rurais, agrícolas, ambientais, industriais e terciárias, a configuração das redes e ao ordenamento territorial, dos quais são verificadas ao contento de uma abordagem atual e prospectiva.

Organizado em onze capítulos, a obra introduz uma investigação sobre as disparidades e dinâmica territoriais existentes no Brasil emergido, como assim destacam os autores, relacionada ao exame realizado na primeira edição desse livro, a qual temporalmente alude às mudanças ocorridas quatorze anos após sua publicação, relacionando nesse ínterim o contexto político, econômico e social das mudanças buscando sintetizá-las numa concepção escalar projetada para as cinco macrorregiões brasileiras definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do qual grande parte dos dados é extraído.

As dinâmicas territoriais são expressas mediante a aglutinação textual sobre a organização do território somada à interpretação gráfica das estruturantes fundamentais e de sua combinação que se configuram e dão corpo a apreensão e reconhecimento sobre estas dinâmicas contextualizadas no tempo histórico, mas também social e econômico.

O capítulo “o Brasil e o mundo” reúne uma abordagem sobre sua organização interna que reflete seu lugar no mundo. Nesse ponto, os autores tratam das dimensões territoriais correlacionadas comparativamente com outras escalas em relação a posição comercial, populacional e do Produto Interno Bruto, energia e exportações etc. Ao adentrar nessa vertente, aludem sobre os fluxos de e para o Brasil definidos mediante cargas e passageiros, exemplificados a partir dos intercâmbios com outros países, o que demonstra uma rede de relações projetadas corporativamente, sobretudo em relação ao transporte aéreo, pelas escolhas estratégicas das companhias. Ademais as análises conglomeradas pela exposição gráfica desvendada interpretativamente a partir de uma composição nivelada e associativa revela dados sobre a diplomacia brasileira, turismo, cidades gêmeas, internet, bolsistas, pesquisadores e ranqueamento das universidades, bem como evidenciado sucesso futebolístico, o que em termos gerais salientam o novo papel internacional do Brasil.

As malhas do território brasileiro são retratadas nesse contexto desde sua gênese enfocando nesse aspecto o processo de formação e ocupação territorial associado a expansão econômica populacional contextualizadas temporalmente de modo que refletem a organização e configuração espacial do país.

A gestão ambiental ganha, nessa edição, um enfoque diferenciado, que de acordo com os autores, se consagra em razão de ter se tornado uma questão internacional em decorrência do Brasil ser apontado como um dos países causadores dos problemas ambientais planetários. Nessa perspectiva, a representação cartográfica apresenta a diversidade ecossistêmica do país amparada pela projeção temática dos climas, das temperaturas, precipitações, solos, vegetação, biomas, recursos minerais dentre outras que se aglutinam face a ação antropizada de ameaças ao meio ambiente a as ações prioritárias para conservação da biodiversidade e a formação de gestores ambientais no país.

A densidade populacional é outro tópico notabilizado e que, inclusive, é exaltado ao final da obra. A apreensão dessa análise se espelha na distribuição desigual pelo território o que define as dinâmicas das redes de transportes, dos fluxos e dos atuais processos migratórios. Aludido a isso, são expressos ainda análises que tratam da democracia racial numa perspectiva que congrega também as minorias raciais, a renda, as religiões, as deficiências físicas e mentais que são temas que abalizam o contexto das dinâmicas populacionais comparadas às estatísticas de dez anos, evidenciando as transformações existentes na sociedade brasileira.

As dinâmicas rurais, industriais e terciárias e as dinâmicas urbanas são apresentadas em três capítulos, um que reúne a primeira, outro que agrupa a indústria e os serviços e outro que discute a última dinâmica. Nesse contexto, evidencia o papel de grande país agrícola e exportador de inúmeros produtos, contudo, enfoca-se o crescimento urbano associado a indústria e aos serviços que tem no Estado e na iniciativa privada (nacional e internacional) importantes agentes que contribuíram com as transformações da dinâmica territorial-econômica brasileira.

Essa relação das dinâmicas rurais, industriais e terciárias são mapeadas revelando esses potenciais na diligência econômica do Brasil. Importante notar que a localização industrial é um elemento essencial para compreender a configuração espacial da concentração industrial no Sudeste do país, que de acordo com autores, não é uma tendência que pareça durar para sempre em razão da dinâmica de desconcentração, mas que não deixa de afligir as desigualdades regionais. As finanças e os serviços têm destaque nessa análise considerando o aumento do consumo da nova classe média brasileira, sobretudo no governo Luís Inácio Lula da Silva que repercutiu na economia em geral.

Dentro dessa concepção, a dinâmica urbana é responsável pela transformação do país de agrário para urbano-industrial, o qual tem efeitos relacionados, por exemplo, a mobilidade espacial. Assim, o crescimento das cidades e a redefinição de seus papéis dentro da rede urbana, demonstra uma nova dinâmica de organização das cidades, com efeitos na centralidade, nas aglomerações urbanas e no próprio desenvolvimento local.

Ainda nessa vertente, as redes são cruciais para compreender as alterações das dinâmicas territoriais nas diferentes escalas espaciais de análises. As redes de transportes são, portanto, evidenciadas fundamentalmente na relação com o desenvolvimento e as políticas de estímulo a certos modais de transportes, como por exemplo, o rodoviário. Destaca-se, no entanto, a substancial alteração na geometria das redes de transporte no Brasil, que inclusive estão circunscritas na alteração do espaço-tempo, assinalando tal evidência à atenuação ou reforço da concentração populacional e de recursos no centro-sul.

A cartografia expressa remete, desse modo, para a desigual densidade de ligações entre o norte e sul que, por sinal, se arrastam no tempo e no espaço e se constituem enquanto heranças do passado. Nessa acepção, a riqueza dos mapas temáticas que abarcam os diferentes modais exprimem a configuração dos fluxos no país, proferidos tantos pela circulação de mercadorias quanto de pessoas, o que nos mostra a particular concentração do dimensionamento destes ainda na região centro-sul.

As redes também são apresentadas, ainda no que se refere aos sistemas elétrico, de informação, de telecomunicação da qual essa última destaca a rede televisiva aberta que busca cobrir uma extensão cada vez maior do território (mas com foco nas zonas de maior densidade) e, ao mesmo tempo, atingir mais telespectadores, a exemplo do Grupo Globo, mais presente, estrategicamente, em todo o território nacional.

Nesse compêndio de abordagens, que se refere ao rural, a indústria, aos serviços, ao urbano e as redes é válido fazer um paralelo para compreender as disparidades e desigualdades existentes no território nacional, que, como bem reflexionado por Théry e Mello-Théry, expressam para além de um país tipicamente urbano-industrial e de expressiva densidade reticular na região centro-sul, principalmente o desenvolvimento econômico e social com base no processo histórico de formação territorial.

Cartograficamente, a desigualdade de renda é essencial para verificar, o que nas palavras dos autores, se constitui como uma expressão bastante gasta, “um país de contrastes”. Para além desse indicador, os mapas mostram ainda a relação com a saúde, educação, IDHM, etc. Encerra-se essa análise relacionando-a com os resultados das eleições presidenciais, que denotam outras desigualdades e que, isocronicamente, os mapas conseguem espelhar a relação de votos com fatores sociais, econômicos e regionais. A plotagem dos dados para a construção cartográfica e os resultados ilustrados compõem-se um insigne tratamento de dados que traduzem as disparidades[1] que se transformam em desigualdades e que se expressam e/ou definem o ordenamento territorial.

            É sobre esse ordenamento territorial que versa o capítulo dez, numa perspectiva de compreender as dinâmicas anteriores tratadas nas formas de uso do território pelos mais diferentes agentes sociais e econômicos, para isso as dinâmicas territoriais são sobrepostas ao ordenamento territorial e, dessa relação, os autores demonstram interpretativamente através dos mapas as matrizes de conflitos e de compatibilidades. É no tocante a isso, que os autores respaldam suas interpretações com base na hierarquia conceitual e administrativa do país consubstanciadas na evolução das regiões brasileiras definidas pelo IBGE ao longo do tempo que expressam os processos de regionalização refletidos nas políticas de ordenamento territorial com a finalidade de integração nacional, desenvolvimento e redução das desigualdades regionais consideradas uma função do Estado planejador.

Dessa análise decorre toda a sistematização cartográfica apresentada da qual se define por inúmeras apresentações e articulações sobre as lógicas do planejamento territorial no Brasil.

            O fechamento desse Atlas axiomatiza uma especificidade ímpar nesse gênero de trabalho que é a de aprofundar sem exacerbação um tratamento sobre o crescimento que não necessariamente significa desenvolvimento brasileiro, o que reflete as dinâmicas territoriais abordadas ao longo da obra, que consubstanciam a forte concentração espacial e social do país, comprometedora do futuro que já começou.

Nesse fulcro, os autores destacam a atual situação política do Brasil, definitivamente incerta, que leva a observar o Brasil diante das transformações que o coloca entre as dez primeiras potências econômicas mundiais, contudo numa conjuntura complexificada que ameaça o desenvolvimento desse futuro já em marcha. Na essência desse fechamento elucidam a importância da janela demográfica com uma estrutura etária apta ao trabalho, sua infraestrutura que mesmo desigualmente distribuída permite certo controle do território pelo Estado apoiado pelo dinamismo pioneiro da sociedade, que incidem na busca pelo encontro de um modelo de desenvolvimento.


[1]Os autores realizam uma interessante abordagem com aporte teórico sobre “diferença” e “desigualdade”, justificando que disparidade não é necessariamente injustiça, tal reflexão é contextualizada espacialmente ao longo do capítulo 9 que trata das disparidades e desigualdades.

Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmica do território, em sua terceira edição, é uma obra de Hervé Théry e Neli Aparecida Mello-Théry como produto de suas pesquisas realizadas no Brasil e na França. A obra se constitui como um referencial às mais diversas áreas do conhecimento, com destaque para a Geografia. A magnitude da representação cartográfica temática expressa uma abordagem congruente e efetiva da realidade brasileira, dando luz às dinâmicas sociais, econômicas, urbanas, rurais, agrícolas, ambientais, industriais e terciárias, a configuração das redes e ao ordenamento territorial, dos quais são verificadas ao contento de uma abordagem atual e prospectiva.

Organizado em onze capítulos, a obra introduz uma investigação sobre as disparidades e dinâmica territoriais existentes no Brasil emergido, como assim destacam os autores, relacionada ao exame realizado na primeira edição desse livro, a qual temporalmente alude às mudanças ocorridas quatorze anos após sua publicação, relacionando nesse ínterim o contexto político, econômico e social das mudanças buscando sintetizá-las numa concepção escalar projetada para as cinco macrorregiões brasileiras definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, do qual grande parte dos dados é extraído.

As dinâmicas territoriais são expressas mediante a aglutinação textual sobre a organização do território somada à interpretação gráfica das estruturantes fundamentais e de sua combinação que se configuram e dão corpo a apreensão e reconhecimento sobre estas dinâmicas contextualizadas no tempo histórico, mas também social e econômico.

O capítulo “o Brasil e o mundo” reúne uma abordagem sobre sua organização interna que reflete seu lugar no mundo. Nesse ponto, os autores tratam das dimensões territoriais correlacionadas comparativamente com outras escalas em relação a posição comercial, populacional e do Produto Interno Bruto, energia e exportações etc. Ao adentrar nessa vertente, aludem sobre os fluxos de e para o Brasil definidos mediante cargas e passageiros, exemplificados a partir dos intercâmbios com outros países, o que demonstra uma rede de relações projetadas corporativamente, sobretudo em relação ao transporte aéreo, pelas escolhas estratégicas das companhias. Ademais as análises conglomeradas pela exposição gráfica desvendada interpretativamente a partir de uma composição nivelada e associativa revela dados sobre a diplomacia brasileira, turismo, cidades gêmeas, internet, bolsistas, pesquisadores e ranqueamento das universidades, bem como evidenciado sucesso futebolístico, o que em termos gerais salientam o novo papel internacional do Brasil.

As malhas do território brasileiro são retratadas nesse contexto desde sua gênese enfocando nesse aspecto o processo de formação e ocupação territorial associado a expansão econômica populacional contextualizadas temporalmente de modo que refletem a organização e configuração espacial do país.

A gestão ambiental ganha, nessa edição, um enfoque diferenciado, que de acordo com os autores, se consagra em razão de ter se tornado uma questão internacional em decorrência do Brasil ser apontado como um dos países causadores dos problemas ambientais planetários. Nessa perspectiva, a representação cartográfica apresenta a diversidade ecossistêmica do país amparada pela projeção temática dos climas, das temperaturas, precipitações, solos, vegetação, biomas, recursos minerais dentre outras que se aglutinam face a ação antropizada de ameaças ao meio ambiente a as ações prioritárias para conservação da biodiversidade e a formação de gestores ambientais no país.

A densidade populacional é outro tópico notabilizado e que, inclusive, é exaltado ao final da obra. A apreensão dessa análise se espelha na distribuição desigual pelo território o que define as dinâmicas das redes de transportes, dos fluxos e dos atuais processos migratórios. Aludido a isso, são expressos ainda análises que tratam da democracia racial numa perspectiva que congrega também as minorias raciais, a renda, as religiões, as deficiências físicas e mentais que são temas que abalizam o contexto das dinâmicas populacionais comparadas às estatísticas de dez anos, evidenciando as transformações existentes na sociedade brasileira.

As dinâmicas rurais, industriais e terciárias e as dinâmicas urbanas são apresentadas em três capítulos, um que reúne a primeira, outro que agrupa a indústria e os serviços e outro que discute a última dinâmica. Nesse contexto, evidencia o papel de grande país agrícola e exportador de inúmeros produtos, contudo, enfoca-se o crescimento urbano associado a indústria e aos serviços que tem no Estado e na iniciativa privada (nacional e internacional) importantes agentes que contribuíram com as transformações da dinâmica territorial-econômica brasileira.

Essa relação das dinâmicas rurais, industriais e terciárias são mapeadas revelando esses potenciais na diligência econômica do Brasil. Importante notar que a localização industrial é um elemento essencial para compreender a configuração espacial da concentração industrial no Sudeste do país, que de acordo com autores, não é uma tendência que pareça durar para sempre em razão da dinâmica de desconcentração, mas que não deixa de afligir as desigualdades regionais. As finanças e os serviços têm destaque nessa análise considerando o aumento do consumo da nova classe média brasileira, sobretudo no governo Luís Inácio Lula da Silva que repercutiu na economia em geral.

Dentro dessa concepção, a dinâmica urbana é responsável pela transformação do país de agrário para urbano-industrial, o qual tem efeitos relacionados, por exemplo, a mobilidade espacial. Assim, o crescimento das cidades e a redefinição de seus papéis dentro da rede urbana, demonstra uma nova dinâmica de organização das cidades, com efeitos na centralidade, nas aglomerações urbanas e no próprio desenvolvimento local.

Ainda nessa vertente, as redes são cruciais para compreender as alterações das dinâmicas territoriais nas diferentes escalas espaciais de análises. As redes de transportes são, portanto, evidenciadas fundamentalmente na relação com o desenvolvimento e as políticas de estímulo a certos modais de transportes, como por exemplo, o rodoviário. Destaca-se, no entanto, a substancial alteração na geometria das redes de transporte no Brasil, que inclusive estão circunscritas na alteração do espaço-tempo, assinalando tal evidência à atenuação ou reforço da concentração populacional e de recursos no centro-sul.

A cartografia expressa remete, desse modo, para a desigual densidade de ligações entre o norte e sul que, por sinal, se arrastam no tempo e no espaço e se constituem enquanto heranças do passado. Nessa acepção, a riqueza dos mapas temáticas que abarcam os diferentes modais exprimem a configuração dos fluxos no país, proferidos tantos pela circulação de mercadorias quanto de pessoas, o que nos mostra a particular concentração do dimensionamento destes ainda na região centro-sul.

As redes também são apresentadas, ainda no que se refere aos sistemas elétrico, de informação, de telecomunicação da qual essa última destaca a rede televisiva aberta que busca cobrir uma extensão cada vez maior do território (mas com foco nas zonas de maior densidade) e, ao mesmo tempo, atingir mais telespectadores, a exemplo do Grupo Globo, mais presente, estrategicamente, em todo o território nacional.

Nesse compêndio de abordagens, que se refere ao rural, a indústria, aos serviços, ao urbano e as redes é válido fazer um paralelo para compreender as disparidades e desigualdades existentes no território nacional, que, como bem reflexionado por Théry e Mello-Théry, expressam para além de um país tipicamente urbano-industrial e de expressiva densidade reticular na região centro-sul, principalmente o desenvolvimento econômico e social com base no processo histórico de formação territorial.

Cartograficamente, a desigualdade de renda é essencial para verificar, o que nas palavras dos autores, se constitui como uma expressão bastante gasta, “um país de contrastes”. Para além desse indicador, os mapas mostram ainda a relação com a saúde, educação, IDHM, etc. Encerra-se essa análise relacionando-a com os resultados das eleições presidenciais, que denotam outras desigualdades e que, isocronicamente, os mapas conseguem espelhar a relação de votos com fatores sociais, econômicos e regionais. A plotagem dos dados para a construção cartográfica e os resultados ilustrados compõem-se um insigne tratamento de dados que traduzem as disparidades[1] que se transformam em desigualdades e que se expressam e/ou definem o ordenamento territorial.

            É sobre esse ordenamento territorial que versa o capítulo dez, numa perspectiva de compreender as dinâmicas anteriores tratadas nas formas de uso do território pelos mais diferentes agentes sociais e econômicos, para isso as dinâmicas territoriais são sobrepostas ao ordenamento territorial e, dessa relação, os autores demonstram interpretativamente através dos mapas as matrizes de conflitos e de compatibilidades. É no tocante a isso, que os autores respaldam suas interpretações com base na hierarquia conceitual e administrativa do país consubstanciadas na evolução das regiões brasileiras definidas pelo IBGE ao longo do tempo que expressam os processos de regionalização refletidos nas políticas de ordenamento territorial com a finalidade de integração nacional, desenvolvimento e redução das desigualdades regionais consideradas uma função do Estado planejador.

Dessa análise decorre toda a sistematização cartográfica apresentada da qual se define por inúmeras apresentações e articulações sobre as lógicas do planejamento territorial no Brasil.

            O fechamento desse Atlas axiomatiza uma especificidade ímpar nesse gênero de trabalho que é a de aprofundar sem exacerbação um tratamento sobre o crescimento que não necessariamente significa desenvolvimento brasileiro, o que reflete as dinâmicas territoriais abordadas ao longo da obra, que consubstanciam a forte concentração espacial e social do país, comprometedora do futuro que já começou.

Nesse fulcro, os autores destacam a atual situação política do Brasil, definitivamente incerta, que leva a observar o Brasil diante das transformações que o coloca entre as dez primeiras potências econômicas mundiais, contudo numa conjuntura complexificada que ameaça o desenvolvimento desse futuro já em marcha. Na essência desse fechamento elucidam a importância da janela demográfica com uma estrutura etária apta ao trabalho, sua infraestrutura que mesmo desigualmente distribuída permite certo controle do território pelo Estado apoiado pelo dinamismo pioneiro da sociedade, que incidem na busca pelo encontro de um modelo de desenvolvimento.


[1] Os autores realizam uma interessante abordagem com aporte teórico sobre “diferença” e “desigualdade”, justificando que disparidade não é necessariamente injustiça, tal reflexão é contextualizada espacialmente ao longo do capítulo 9 que trata das disparidades e desigualdades.

Biografia do Autor

Ana Paula Camilo Pereira, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Campo Grande Docente dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Geografia e do Programa de Mestrado Profissional em Educação (Profeduc)

Doutorado em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP), Doutorado Sanduíche pela Université Sorbonne Nouvelle Paris III, pelo Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Presidente Prudente). Licenciatura e Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Atualmente é docente do curso de Geografia (Licenciatura e Bacharelado) e do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu Mestrado Profissional em Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS). Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Geografia Humana. Atua principalmente nos seguintes temas: transportes, circulação, desenvolvimento regional e ensino de Geografia. É integrante do Grupo de Pesquisa Metamorfoses Metropolitanas e Regionais (USP) e do Grupo de Estudos em Fronteira, Turismo e Território (GEFRONTTER/UEMS).

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Publicado

2018-09-07

Como Citar

Camilo Pereira, A. P. (2018). Atlas do Brasil. Disparidades e dinâmicas do território. GEOFRONTER, 2(4). Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view/2947

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