“MOCHILAGEM”: PORQUE AS FRONTEIRAS NÃO TÊM LIMITES ÀQUELES QUE ULTRAPASSAM O SEU LIMIAR

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Autores

Palavras-chave:

Turismo, Mochileiro, Mochilagem, Fronteiras, Geografia.

Resumo

O presente artigo realiza uma reflexão acerca da conceituação do ato de “mochilar” em consonância com termos paralelos e complementares; também busca apresentar as características da “mochilagem”, uma nova forma de se fazer turismo na contemporaneidade, um viajar particular e complexo, pois se desenvolve através de relações contestatórias ao mundo atual (efêmero e fluído). “Mochilar”, então, significa relacionar-se pelos territórios viajados como local e suas diversas possibilidades de “penetração”, transgredindo inúmeras fronteiras (cultural, imaterial, material, social...). Incide em se ter nas características de cada território, uma possibilidade ampla de conversação e diálogos com os nativos e seus costumes, tradições e arranjos locais, visando a interação vis-a-vis, e as experiências que somente ela proporciona. O texto, construído a partir de exposições teóricas e revisão de literatura, possibilitou a percepção de múltiplas faces nas quais o turismo pode acontecer, inclusive o pautado na alteridade e na convivência inclusiva. A metodologia qualitativa foi utilizada com ênfase na relação entre sujeito e objeto, compreendendo o campo das ciências humanas e sociais. Essa experiência de analisar as fronteiras surreais, flexíveis e invisíveis, é essencial enquanto possibilidade de entendimento de complementaridade entre as culturas, desmitificando as fronteiras legais e evidenciando outras, aquelas que não estão nos planejamentos governamentais. Serviu-nos, para evidenciar uma forma alternativa de se fazer turismo ainda embrionária no sistema capitalista, que transforma em mercadoria inclusive o ócio. Também apresenta um roteiro para se “mochilar”, provocando o leitor a se adentrar nesse território, que tem suas fronteiras passíveis de serem penetradas.

Biografia do Autor

Regerson Franklin dos Santos, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados

Adenilso dos Santos Assunção, Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Mestrando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD.

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Publicado

2020-08-20

Como Citar

Santos, R. F. dos, & Assunção, A. dos S. (2020). “MOCHILAGEM”: PORQUE AS FRONTEIRAS NÃO TÊM LIMITES ÀQUELES QUE ULTRAPASSAM O SEU LIMIAR. GEOFRONTER, 6(1). Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view/4830

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Artigos