“MOCHILAGEM”: PORQUE AS FRONTEIRAS NÃO TÊM LIMITES ÀQUELES QUE ULTRAPASSAM O SEU LIMIAR

Visualizações: 683

Autores

Palavras-chave:

Turismo, Mochileiro, Mochilagem, Fronteiras, Geografia.

Resumo

O presente artigo realiza uma reflexão acerca da conceituação do ato de “mochilar” em consonância com termos paralelos e complementares; também busca apresentar as características da “mochilagem”, uma nova forma de se fazer turismo na contemporaneidade, um viajar particular e complexo, pois se desenvolve através de relações contestatórias ao mundo atual (efêmero e fluído). “Mochilar”, então, significa relacionar-se pelos territórios viajados como local e suas diversas possibilidades de “penetração”, transgredindo inúmeras fronteiras (cultural, imaterial, material, social...). Incide em se ter nas características de cada território, uma possibilidade ampla de conversação e diálogos com os nativos e seus costumes, tradições e arranjos locais, visando a interação vis-a-vis, e as experiências que somente ela proporciona. O texto, construído a partir de exposições teóricas e revisão de literatura, possibilitou a percepção de múltiplas faces nas quais o turismo pode acontecer, inclusive o pautado na alteridade e na convivência inclusiva. A metodologia qualitativa foi utilizada com ênfase na relação entre sujeito e objeto, compreendendo o campo das ciências humanas e sociais. Essa experiência de analisar as fronteiras surreais, flexíveis e invisíveis, é essencial enquanto possibilidade de entendimento de complementaridade entre as culturas, desmitificando as fronteiras legais e evidenciando outras, aquelas que não estão nos planejamentos governamentais. Serviu-nos, para evidenciar uma forma alternativa de se fazer turismo ainda embrionária no sistema capitalista, que transforma em mercadoria inclusive o ócio. Também apresenta um roteiro para se “mochilar”, provocando o leitor a se adentrar nesse território, que tem suas fronteiras passíveis de serem penetradas.

Biografia do Autor

Regerson Franklin dos Santos, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados

Adenilso dos Santos Assunção, Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD

Mestrando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD.

Referências

AMILHAT SZARY, Anne-Laure. Artista Pasa Paredes? Boletim Gaúcho de Geografia, Porto Alegre – RS, v. 42, n. 2: p. 412-434, maio, 2015.

AMILHAT SZARY, Anne-Laure. Cultura de fronteras. In: NATES CRUZ, Beatriz (ed.). "Frontera, Fronteras". Editado por Ucaldas, Colombia, Octubre, 2013.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

CIDADE, Eduardo. Em busca de experiências: o verdadeiro mochileiro é aquele que já passou por vários “perrengues”. INTRATEXTOS, Rio de Janeir o. Número Especial 03, p. 1-16, 2012.

CLIFFORD, James. Culturas Viajantes. In: ARANTES A. (Org.). O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000. pp. 50-79.

FALCÃO, Denise. “Mochilar”: a arte do “eu” por uma prática de lazer. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v. 2, n. 2, p. 59-77, mai./ago. 2015.

FALCÃO, Denise. Mochilar: sentidos sociais e pessoais em uma dinâmica de lazer. SESC – Serviço Social do Comércio. In:ENAREL - ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇÃO E LAZER, 25., 2013, Ouro Preto-MG; UFMG. Anais [...]. Ouro Preto-MG, 2013.

FALCÃO, Denise. Ser Mochileiro: uma construção social e pessoal do “mochilar”. Caderno Virtual de Turismo – Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 76-90, dez. 2016.

FERRARA, L. A. O turismo dos deslocamentos virtuais. In: YÁZIGI, E. (Org.). Turismo: espaço, paisagem e cultura. São Paulo: Hucitec, p. 15-24, 1999.

FIRMO, Fernando. San Telmo, Backparckers e outras globalizações. CUHSO. Cultura -Hombre – Sociedad, Chile, v. 25, n. 2, p. 63-81, dic. 2015.

FOUCHER, Michel. Introdução: a arte dos limites. In: FOUCHER, Michel. Obsessão por fronteiras. São Paulo: Radical Livros, 2009. pp. 9-27.

GIDDENS, A. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2002.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar - Como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

INGOLD, Tim. Um mundo narrado. In: INGOLD, Tim. Estar vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 211-257.

KRIPPENDORF, Jost. Sociologia do Turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.

MORIN, Edgar. Introdução ao Pensamento complexo. Tradução de Eliane Lisboa. 3 ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.

NASCIMENTO, Ana Carolina Santos do. Metodologias de Pesquisa em Ciências Humanas Sociais – Percurso Epistemológico da Pesquisa Qualitativa. In: CONGRESO IBERO-AMERICANO DE INVESTIGACIÓN CUALITATIVA – CIAIQ, 6., 2017, Vol. 3, Salamanca-ESP. Anais [...]. Salamanca-ESP: 2017.p. 431-438. Disponível em: <http://proceedings.ciaiq.org/index.php/ciaiq2017/issue/archive>. Acesso em 11 maio 2020.

OLIVEIRA, José Rui de. Estudo do segmento de turistas internacionais Backparkers no Brasil. In: SEMINÁRIO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO, 4., 2007, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: 2007.

PEARCE, P. L.; LOCKER-MURPHY, L. Young Buldget Travelers: Backpacker in Australia. Annals of Turism Reaserch, v. 22, n. 4, p. 819-843, 1995.

PEREZ, L. F. Festas e viajantes nas Minas oitocentistas, segunda aproximação. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 52, n. 1, p. 290-338, 2009.

RAMOS, Dina Maria; COSTA, Carlos Manuel. Turismo: tendências de evolução. PRACS – Revista Eletrônica de Humanidades do Curso de Ciências Sociais da UNIFAP, Macapá, v. 10, n. 1, p. 21-33, jan/jun 2017.

ROCA, Geraldo. Mochileira. Campo Grande - MS:Litoral Central: 1997. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/geraldo-roca/mochileira.html>. Acesso em 20 ago. 2019.

SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2010.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: espaço e tempo, razão e emoção. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1999.

SANTOS, Regerson Franklin dos; LEITE, Marcio Nolasco; ERA, Beatriz. Por fronteiras dobráveis no limiar da linha entre o Brasil e o Paraguai. Entre Lugar, Dourados, MS, v. 10, nº 20, 2019 - ISSN 2176-9559. p. 62-84.

SASSEN, Saskia. As Cidades na Economia Mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998.

SAWAKI, Douglas Eigi; SAWAKI, Júlia F. H.; HACK NETO, Eduardo. Mochileiros: um segmento a ser explorado no Brasil. In: SEMINTUR - SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL: SABERES E FAZERES NO TURISMO: INTERFACES, 2010, Caxias do Sul-RS, 2010. Anais [...]. Caxias do Sul-RS, 2010.

SCHERRER, Paula Pereira. E quando pesquisador e pesquisado são a mesma pessoa? Reflexões epistemo-metodológicas à luz da complexidade e da transdisciplinaridade. TERCEIRO INCLUÍDO - NUPEAT–IESA–UFG, v.5, n.1, Jan./Jun., 2015, p. 263-286, Artigo 92. Dossiê ECOTRANSD: Ecologia dos saberes e Transdisciplinaridade.

SILVA, Igor Monteiro. Experiências em deslocamento: sentidos e práticas de viagem entre mochileiros contemporâneos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 15., 2011, Curitiba-PR. Anais [...]. Curitiba-PR: Jul/2011.

SILVA, Igor Monteiro. Rasurando guias e cartões postais: notas sobre uma experiência couschsurfing em Fortaleza - CE. Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo-AL, v. 5, n. 1, p. 79-90, 2015.

SILVEIRA, Denise Tolfo; CÓRDOVA, Fernanda Peixoto. A Pesquisa Científica. In: GERHARDT, Tatiana Angel; SILVEIRA, Denise Tolfo. (Orgs.). Métodos de Pesquisa. 1.ed. Porto Alegre: UFRGS, 2009. p. 31-42.

Downloads

Publicado

2020-08-20

Como Citar

Santos, R. F. dos, & Assunção, A. dos S. (2020). “MOCHILAGEM”: PORQUE AS FRONTEIRAS NÃO TÊM LIMITES ÀQUELES QUE ULTRAPASSAM O SEU LIMIAR. GEOFRONTER, 6(1). Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view/4830

Edição

Seção

Artigos