APONTAMENTOS PARA A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS COEVOLUTIVOS EM PAISAGENS ANTROPOCÊNICAS

Visualizações: 227

Autores

Palavras-chave:

Paisagem, Antropoceno, Coevolução

Resumo

A noção de paisagem é muito mais antiga do que a ciência geográfica, e está ligada, seja nas sociedades medievais europeias, seja na sociedade ameríndia pré-colonial, a dois sentidos distintos e complementares: o sentido de identidade visual, de sistema solidário e articulado com algum grau de homogeneidade, e o sentido de identidade territorial, uma unidade espacial de (re)conhecimento e gestão humana. Ambos os sentidos incorporam muito fortemente a ação humana de transformação da natureza, ação esta que impõe ao próprio homem a condição de ser transformado ao transformar, configurando um processo dialético e contínuo na relação sociedade-natureza com aumento da complexidade desde as paisagens naturais até as paisagens antropocênicas. Estas, representam um novo metaestado de equilíbrio dinâmico no Antropoceno, onde as paisagens expressam uma natureza hibridizada pela cultura, para além de um sistema biofísico em desequilíbrio. Propõe-se, ao final, um novo esquema de interpretação para as paisagens antropocênicas, de maneira a contribuir no aprofundamento da reflexão sobre o papel destas paisagens na produção do espaço geográfico contemporâneo.

Biografia do Autor

Adriano Figueiro, Universidade Federal de Santa Maria

Pós-Doutor em Geoconservação. Professor do Programa de Pós Graduação em Geografa da Universidade Federal de Santa Maria.

Referências

ALPERS, S. A Arte de Descrever: A Arte Holandesa no Século XVII. São Paulo: EDUSP, 1999. E-book.

BERQUE, A. Paisagem-Marca, Paisagem-Matriz: Elementos da problemática para uma Geografia Cultural. In: CORRÊA, R.L.; ROSENDAHL, Z. (org.). Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: EDUERJ, 2004. p. 84–91. E-book.

BOLÓS Y CAPDEVILA, M. Manual del ciencia del paisaje. Teoría, métodos y aplicaciones. Barcelona: Masson, 1992. E-book.

BRADY, R. H. Form and Cause in Goethe’s Morphology. In: AMRINE, F.; ZUCKER, F.J.; WHEELER, H. (org.). Goethe and the Sciences: A Reappraisal. Dordrecht: Springer, 1987. p. 257–285. E-book.

BRAILOVSKY, A. E. Historia ecológica de Iberoamérica. De los Mayas al Quijote. Buenos Aires: Ediciones Kaikron / Capital Intelectual, 2006. E-book.

BUTTE, W. Grundlinien der Arithmetik des menschlichen Lebens: nebst Winken für deren Anwendung auf Geographie, Staats- und Natur- Wissenschaft. Landshut: Philipp Krüll, 1811. E-book. Disponível em: https://play.google.com/books/reader?id=G6JZAAAAcAAJ&hl=pt&pg=GBS.PR1

CAMPELO, A. A paisagem. Introdução a uma gramática do “espaço”. Guimarães (Portugal): UMINHO, 2013. E-book.

CANTERO, N. O. Romanticismo, paisaje y Geografía. Los relatos de viajes por España en la primera mitad del siglo XIX. Ería, [S. l.], v. 49, p. 121–128, 1999.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. E-book.

DIAMOND, J. Armas, germes e aço. Os destinos das sociedades humanas. Rio de Janeiro: Record, 2004. E-book.

ELLIS, E. C. et al. Anthropogenic transformation of the biomes, 1700 to 2000. Global Ecology and Biogeography, [S. l.], v. 19, n. 5, p. 589–606, 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1466-8238.2010.00540.x

ELLIS, E. C. Ecology in an anthropogenic biosphere. Ecological Monographs, [S. l.], v. 85, n. 3, p. 287–331, 2015.

ELLIS, E. C.; RAMANKUTTY, N. Putting people in the map: Anthropogenic biomes of the world. Frontiers in Ecology and the Environment, [S. l.], v. 6, n. 8, p. 439–447, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1890/070062

FERNÁNDEZ-CHRISTLIEB, F. G.; URQUIJOTORRES, P. S. El altepetl como paisaje: un modelo geográfico para la Nueva España y el México Independiente. Cuadernos Geográficos, [S. l.], v. 59, p. 221–240, 2019.

FERRAZ, M. K. Contribuições do método morfológico e da estética de Johann Wolfgang Goethe para a epistemologia da Geografia. 2019. - Universidade estadual de Campinas, [s. l.], 2019.

FIGUEIRÓ, A.S.; VIEIRA, A.A.B.; CUNHA, L. C. Patrimônio geomorfológico e paisagem como base para o geoturismo e o desenvolvimento local sustentável. CLIMEP – Climatologia e Estudos da Paisagem, [S. l.], v. 8, n. 1, p. 49–81, 2013.

FIGUEIRÓ, A. S. Diversidade geo-bio-sociocultural: a biogeografia em busca dos seus conceitos. Revista Geonorte, [S. l.], v. 4, n. 4, p. 57–77, 2012.

FIGUEIRÓ, A. S. Memória, Cultura e Resiliência na Compreensão da Paisagem do Pampa: Contribuição para uma Geografia Integradora. In: GOMES, I. A. (org.). A produção do conhecimento geográfico. Ponta Grossa: Atena, 2018. p. 179–194. E-book.

GOETHE, J. W. Doutrina das cores. São Paulo: Nova Alexandria, 2018. E-book.

GOETHE, J. W. A metamorfose das plantas. São Paulo: Edipro, 2019. E-book.

HARTSHORNE, R. The Nature of Geography. Ann Arbor: Edwards Brothers, 1951. E-book.

HOMMEYER, H. G. Beiträge zur Militair-Geographie der europäischen Staaten. Breslau: Korn d. Ält., 1805. E-book. Disponível em: http://data.onb.ac.at/rep/108560AF

HONG, S. K. Philosophy and Background of Biocultural Landscapes. In: HONG, S.K.; BOGAERT, J.; MIN, Q. (org.). Biocultural Landscapes. Diversity, Functions and Values. London: Springer, 2014. p. 1–8. E-book.

HUMBOLDT, A. V. Cosmos. Ó ensayo de una descripcion física del mundo. Madrid: Imprenta de D. Jose Trujillo, hijo, 1852. E-book.

JACKSON, F. The Coevolutionary relationship of humans and domesticated plants. Yearbook of Physical Anthropology, [S. l.], v. 39, p. 161–176, 1996.

KIRCHHOFER, K.C.; ZIMMERMANN, F.; KAMINSKI, J.; TOMASELLO, M. Dogs (Canis familiaris), but not Chimpanzees (Pan troglodytes), understand imperative pointing. PLoS ONE, [S. l.], v. 7, n. 2, p. 1–7, 2012.

LEFF, E. A aposta pela vida. Imaginação sociológica e imaginários sociais nos territórios ambientais do Sul. Petrópolis: Vozes, 2016. E-book.

LEFF, Enrique. Saber ambiental. Sustentabilidade, racionalidade, complexidade e poder. Petrópolis: Vozes, 1998. E-book.

LEHMANN, J.;KERN, D.C.;GLASER, B.;WOODS, W. I. (org.). Amazonian Dark Earths. Origin Properties Management. Dordrecht: Springer Netherlands, 2003. E-book.

LEITE, M. A. F. P. Destruição ou desconstrução? Questões da paisagem e tendências de regionalização. São Paulo: Hucitec, 2006. E-book.

LEVIS, C.; COSTA, R.F.C.; BONGERS, F. et al. Persistent effects of pre-Columbian plant domestication on Amazonian forest composition. Science, [S. l.], v. 358, n. 6361, p. 925–931, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1126/science.aan8347

LYNAS, M. The God Species. Londres: Fourth State, 2011. E-book.

MAGALHÃES, A.C.; OLIVEIRA, R. R. Etnobotânica, saberes locais e agricultura no contexto de uma floresta urbana do Rio de Janeiro, RJ. In: OLIVEIRA, R.R.; FERNANDEZ, A. (org.). Paisagens do sertão carioca: floresta e cidade. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2020. p. 163–182. E-book.

MAKHZOUMI, J.; TALHOUK, S.; ZURAYK, R.; SADEK, R. Landscape Approach to Bio-Cultural Diversity Conservation in Rural Lebanon. In: TIEFENBACHER, J. (org.). Perspectives on Nature Conservation – Patterns, Pressures and Prospects. Rijeka (Croatia): In Tech, 2012. p. 179–198. E-book.

MALDONADO, M. A. Antropoceno. La politica en la era humana. Barcelona: Penguin Random House Grupo Editorial, 2018. E-book.

MARGALEF, R. Teoría de los Sistemas Ecológicos. Barcelona: UNIVERSITAT DE BARCELONA, 1993. E-book.

MATEO RODRIGUEZ, JOSÉ MANUEL; SILVA, Edson Vicente. Teoria dos Geossistemas. O legado de V.B.Sochava: volume 1 fundamentos teórico-metodológicos. Fortaleza: Edições UFC, 2019. E-book.

MATEO RODRIGUEZ, J. M. Geografía de los Paisajes. Paisajes naturales. Havana: Editorial Felix Varela, 2011. E-book.

MATEO RODRIGUEZ, J. M. Geografía de los Paisajes. Paisajes culturales. Havana: Editorial Felix Varela, 2013. E-book.

MATURANA, H.R.; VARELA, F. A árvore do conhecimento. As bases biológicas do entendimento humano. São Paulo: Palas Athena, 2001. E-book.

MATURANA, H. R. A Ontologia da Realidade. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1997. E-book.

MATURANA, H. R. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002. E-book.

MCCANN, J.M.; WOOD, W.I.; MEYER, D. W. Organic matter and Anthrosols in Amazonia: Interpreting the Amerindian legacy. In: REES, R.M.; BALL, B.C.; CAMPBELL, D.C.; WATSON, C. A. (org.). Sustainable Management of Soil Organic Matter. New York: CAB International, 2001. p. 180–189. E-book.

MISCH, J. Ciencia y Estética. Reflexiones en torno a la apresentación científica y representación artística de la Naturaleza en la obra de Alexander von Humboldt. In: DOMINGO, M.C.; REBOK, S. (org.). Alexander von Humboldt. Estancia en España y viaje americano. Madrid: RSG, 2008. p. 279–298. E-book.

MONBEIG, P. A paisagem, espelho de uma civilização. GEOgraphia, [S. l.], v. 6, n. 11, p. 109–117, 2004.

MONDADA, L.; SÖDERSTRÖM, O. Parcours à travers la géographie culturelle contemporaine. Géographie et Cultures, [S. l.], v. 2, n. 8, p. 71–82, 1993.

MÜLLER, G. Zur Geschichte des Wortes Landschaft. In: WALLTHOR, H.; QUIRIN, H. (org.). “Landschaft” als interdisziplinäres Forschungsproblem. Münster: Aschendorff, 1977. p. 4–13. E-book.

MUÑOZ, J. Paisaje y Geossistema. Una aproximación desde la Geografía física. In: MARTÍNEZ DE PISÓN, E. (org.). Paisaje y Medio Ambiente. Valladolid: Fundación Duques de Soria, 1998. p. 45–56. E-book.

ODLING-SMEE, F. J., LALAND, K. N., FELDMAN, M. W. Niche construction. American Naturalist, [S. l.], v. 147, p. 641–648, 1996.

OLIVEIRA, R. R. Mata Atlântica, Paleoterritórios e História Ambiental. Ambiente & Sociedade, [S. l.], v. 10, n. 2, p. 11–23, 2007.

PASSARGE, S. Die Grundlagen der Landschaftskunde, Vol. 1: Ein Lehrbuch und eine Anleitung zu Landschaftskundlicher Forschung und Darstellung; Beschreibende Landschaftskunde (Classic Reprint). London: Forgotten Books, 2019. E-book.

PREGILL, P.; VOLKMAN, N. Landscapes in History. 2a ed. London: John Wiley & Sons, 1999. E-book.

PRICE, E. O. Behavioral aspects of animal domestication. The Quarterly Review of Biology, [S. l.], v. 59, n. 1, p. 1–32, 1984.

PRIGOGINE, I. The End of Certainty: time, chaos, and the new laws of nature. New York: The Free Press, 1997. E-book.

RIETH, F. Inventário Nacional de Referências Culturais – lidas campeiras na região de Bagé/RS. Pelotas: [s. n.], 2013.

RIVERA-COLLAZO, I. C.; RODRÍGUEZ-FRANCO, C.; GARAY-VÁZQUEZ, J. J. A Deep-Time Socioecosystem Framework to Understand Social Vulnerability on a Tropical Island. Environmental Archaeology, [S. l.], v. 23, n. 1, p. 97–108, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1080/14614103.2017.1342397

ROHDE, G. M. Epistemologia Ambiental. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005. E-book.

ROMERO, A.G;JIMÉNEZ, J. M. El paisaje en el âmbito de la Geografía. México (DF): UNAM, 2002. E-book.

SCHMITHÜSEM, J. Allgemeine Geosynergetik: Grundlagen der Landschaftskunde. Berlin: Walter de Gruyter, 1976. E-book.

SHIPAMN, P. The Invaders: How Humans and Their Dogs Drove Neanderthals to Extinction. Cambridge: Harvard University Press, 2015. E-book.

SMITH, B. D. Niche construction and the behavioral context of plant and animal domestication. Evolutionary Anthropology, [S. l.], v. 16, n. 5, p. 188–199, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1002/evan.20135

SOARES, M. B. Os fósseis e o tempo geológico. In: SOARES, M. B. (org.). A Paleontologia na Sala de Aula. Porto Alegre: Editora Imprensa Livre, 2015. p. 103–128. E-book.

SOMBROEK, W. G. Amazonian soils. A reconnaissance of the soils of the Brazilian Amazon region. Wageningen: [s. n.], 1966.

TANG, C. The Geographic Imagination of Modernity: Geography, Literature, and Philosophy in German Romanticism. Stanford: Stanford University Press, 2008. E-book.

TERRELL, J. E. et al. Domesticated Landscapes: The Subsistence Ecology of Plant and Animal Domestication. Journal of Archaeological Method and Theory, [S. l.], v. 10, n. 4, p. 323–368, 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1023/b:jarm.0000005510.54214.57

THORSELL, J.; SIGATY, T. Human Use of World Heritage Natural Sites. A Global Overview. Gland (Switzerland): [s. n.], 1998.

TOLEDO, V.M.; BARRERA-BASSOLS, N. A memória biocultural. A importância ecológica das sabedorias tradicionais. São Paulo: Expressão Popular, 2015. E-book.

TROLL, C. A Paisagem geográfica e sua Investigação. Espaço e Cultura, [S. l.], v. 4, p. 1–7, 1997.

VITTE, A. C. O DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PAISAGEM E A SUA INSERÇÃO NA GEOGRAFIA FÍSICA. Mercator, [S. l.], v. 6, n. 11, p. 71–78, 2007.

VITTE, A. C. Por Uma Geografia Híbrida. Ensaios sobre os mundos, as naturezas e as culturas. Curitiba: CRV, 2011. E-book.

WATLING, J.; IRIARTE, J.; MAYLE, F. E. et al. Impact of pre-Columbian “geoglyph” builders on Amazonian forests. Proceedings of the National Academy of Sciences, [S. l.], v. 114, n. 8, p. 1868–1873, 2017.

WESTERINK, J. et al. Landscape services as boundary concept in landscape governance: Building social capital in collaboration and adapting the landscape. Land Use Policy, [S. l.], v. 60, p. 408–418, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2016.11.006

WHITE, D.F.; WILBERT, C. Inhabiting Technonatural Time/Spaces. In: WHITE, D.F.; WILBERT, C. (org.). Technonatures: Environments, Technologies, Spaces, and Places in the Twenty-first Century. Waterloo: Wilfrid Laurier University Press, 2009. p. 1–30. E-book.

WULF, A. A Invenção da Natureza. A vida e as descobertas de Alexander Von Humboldt. São Paulo: Planeta, 2016. E-book.

Downloads

Publicado

2021-12-07

Como Citar

Figueiro, A. (2021). APONTAMENTOS PARA A COMPREENSÃO DOS PROCESSOS COEVOLUTIVOS EM PAISAGENS ANTROPOCÊNICAS. GEOFRONTER, 7(1). Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/GEOF/article/view/6785

Edição

Seção

Artigos