ENTRE O EPISÓDIO E A FLUTUAÇÃO

AS TERRITORIALIDADES EPISÓDICAS E AS IDENTIDADES FLUTUANTES DAS JORNADAS DE JUNHO DE 2013

Visualizações: 161

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/geofronter.v8.7197

Palavras-chave:

Território, Insurgência, Mobilização social em rede, Protesto

Resumo

Protestos, manifestações e mobilizações sociais se configuram como acontecimentos sociopolíticos, culturais, midiáticos e simbólicos. Todavia, sua envergadura tem por lastro o espaço. Seja pelas ruas, espaços públicos ou monumentos, o espaço e sua conjuntura de poder são coparticipantes da insurgência. Das relações de poder e das rugosidades espaciais, emergem mobilizações como influxos de sujeitos que se unem por laços de insurreição a partir de um objeto comum ou disputado de querela. Isso implica considerar que mobilizações sociais são constituídas não apenas de espacialidades, mas de territorialidades e exercícios identitários, na medida em que se denotam atravessamentos ruidosos da realidade e seus sistemas. As Jornadas de Junho de 2013 no Brasil são o exemplar de análise deste trabalho que reflete suas configurações territoriais, explorando suas tessituras como um acontecimento político e espacial, bem como suas dinâmicas socioculturais e simbólicas, posicionando os conceitos de territorialidades episódicas e identidades flutuantes. A contemporaneidade dos movimentos e mobilizações sociais têm provocado debates sobre sua estrutura, reprodução, significados e, sobretudo, evanescência. É nesta tipologia que a novidade da agência e da potência de tais atos se abriga: o episódico, o flutuante, o dissoluto e o fluido são matrizes para a produção dos sujeitos, de suas lutas e coletividades. Para tanto, flexões identitárias e relações territoriais delimitadas no tempo e no espaço se imiscuem da conjuntura insurgente e da dinâmica das redes para criar o quadro sociopolítico do presente, como junho de 2013 revela.

Referências

ADORNO, T. W. Primeira versão. Teoria da Semicultura. Porto Velho, 2005.

BARROS, M. Os idiomas misturados vindos da rua. In: GONÇALVES, M. (Org.) As jornadas de junho: os significados do retorno das manifestações de massa no Brasil. Recife: Ed. do Organizador, 2014. p.60-66.

BRAUDEL, F. La Méditerranée et le monde méditerranéen à l’époque de Philippe II. 2. ed.. Paris: Armand Colin, 1966.

CARVALHO, J. M. Cidadania na encruzilhada. In: BIGNOTTO, N. (Org.). Pensar a república. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2000. p. 105-130.

CASTELLS, M. O poder da identidade. São Paulo: Paz & Terra, 2018.

_____________. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.

DEMATTEIS, G. Sul crocevia della territorialità urbana. In: DEMATTEIS, G. et al. (Org.). I futuri della città – Tesi a confronto. Milano: Angeli, 1999.

GOHN, M. G. Manifestações de junho de 2013 e praça dos indignados no mundo. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.

___________. Manifestações e protestos no Brasil: correntes e contracorrentes na atualidade. São Paulo: Cortez, 2018.

___________. Teorias dos movimentos sociais. Paradigmas clássicos e contemporâneos. 9. ed. São Paulo: Loyola, 2011.

HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização. São Paulo: Bertrand Brasil, 2004.

HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. 11. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 2006.

HARDT, M.; NEGRI, A. Multitud: guerra y democracia en el a era del Império. São Paulo: Record, 2005.

LACLAU, E. Identidad y hegemonía: el rol de la universalidad en la constituición de lógicas políticas. In: BUTLER, J.; LACLAU, E.; ZIZEK, S. Contingencia, hegemonía, universalidad: diálogos contemporáneos en la izquierda. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 2003.

LEPECKI, A. Coreopolítica e Coreopolícia. Ilha (Revista de Antropologia), Florianópolis, v. 13, n. 1, p. 41-60, jan./jun. (2011) 2012. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8034.2011v13n1-2p41

MANEIRO, M. Movimentos sociais e Estado: uma perspectiva relacional. In: DOMINGUES, José Maurício; MANEIRO, Maria (org.). América Latina hoje. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 85-121.

MARTÍN-BARBERO, J. Dos meios às mediações: comunicação, cultura e hegemonia. 2. ed. Tradução de Ronald Polito e Sérgio Alcides. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2001.

ORTEGA Y GASSET, J. A rebelião das massas. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2019.

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder. São Paulo: Ática, 1993.

ROUX, M. O reencantamento do território. O território nos rastros da complexidade. In: SILVA, A. A. D.; GALENO, A. Geografia, ciência do complexus: ensaios transdisciplinares. Porto Alegre: Sulina, 2004.

SANTOS, R. E. Movimentos sociais e Geografia: sobre a(s) espacialidade(s) da ação social. Rio de Janeiro: Consequência, 2011.

SANTOS, G. S. #Vemprarua: territorialidades de insurgência e ativismos on-line/off-line nas Jornadas de Junho de 2013 no Brasil. 178f, Montes Claros, 2017. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, 2017.

SANTOS, G. S.; CUNHA, M. G. C. "Não é por R$ 0,20, é por direitos": dinâmicas de insurgência nas Jornadas de Junho de 2013 no Brasil. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 20, n. 69, p. 94-110, jul. 2019.

SAQUET, M. A. Por uma Geografia das territorialidades e temporalidades. São Paulo: Consequência, 2009.

SOUZA, M. L. A prisão e a ágora: reflexões em torno da democratização do planejamento e da gestão das cidades. São Paulo: Bertrand Brasil, 2006.

____________ Os conceitos fundamentais da pesquisa sócio-espacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

SINGER, A. Brasil, Junho de 2013: classes e ideologias cruzadas. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 97, n. 3, p. 23-40, nov. 2013. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-33002013000300003

THOMPSON, J. B. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

TOURAINE, A. O sujeito. In: __________. Iguais e diferentes. Poderemos viver juntos? Lisboa: Instituto Piaget, 1998. p. 79-123.

____________. O sujeito como movimento social. In: ________. Crítica da modernidade. Tradução de Elia Ferreira Edel. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 247-268.

Downloads

Publicado

2022-12-02

Como Citar

Souza Santos, G. (2022). ENTRE O EPISÓDIO E A FLUTUAÇÃO: AS TERRITORIALIDADES EPISÓDICAS E AS IDENTIDADES FLUTUANTES DAS JORNADAS DE JUNHO DE 2013. GEOFRONTER, 8. https://doi.org/10.61389/geofronter.v8.7197

Edição

Seção

Artigos