Chamada para publicação v.1 n. 28 – 2021 Eros irreverente e subversivo: os ecos do modernismo na literatura brasileira

2020-10-14

 

 

Chamada para publicação v.1 n. 28 – 2021

Eros irreverente e subversivo: os ecos do modernismo na literatura brasileira

 

Em 2022, a Semana de Arte Moderna completa o seu centenário. Na conferência “O movimento modernista”, Mário de Andrade defende que “a Semana de Arte Moderna dava um primeiro golpe na pureza do nosso ‘aristocracismo espiritual’”. Com efeito, o modernismo, enquanto projeto estético-ideológico, conforme assinala João Luiz Lafetá, constituiu-se como uma revolta contra o que até então era considerado a inteligência artística nacional e, ao mesmo tempo, marcou uma ruptura decisiva com o passado literário. Nessa direção, em 1928, Oswald de Andrade assina o “Manifesto Antropófago”, texto filosófico-literário em que propõe a estética antropofágica como provocação e procedimento para as experimentações modernistas. 

 O espírito destruidor promove a pesquisa de novas formas literárias e a consolidação de uma consciência criadora coletiva, como ilustram as célebres revistas modernistas que registram a pulsão incessante do grupo. Essa pesquisa tornou-se um importante instrumento de fomento da libertação do idioma literário em prol da construção de uma língua brasileira, do diálogo profícuo com as vanguardas europeias, da incorporação do espírito popular e do elemento folclórico pertinentes à tradição indígena e negra, da concepção de um olhar mais crítico em relação aos problemas sociais, políticos e econômicos do Brasil. 

Na poesia, há um predomínio do verso livre, de soluções formais mais simples e coloquiais, dos temas do cotidiano e do anedótico, além de uma dicção, por vezes, parodística ou chistosa. No campo da prosa, instala-se também uma revolução estético-formal a partir do trânsito de gêneros, de estilos e de registros verbais, além de um olhar menos planificado e idealizado em relação às questões humanas. Entre elas ganhou particular relevo o erotismo, já que os modernistas abriram caminho e assentaram uma lírica sensual e debochada, atenta a uma escritura do sexo e da nudez dos corpos. Tais contribuições e desdobramentos foram assimilados criativamente por diversos escritores da literatura brasileira a partir da segunda metade do século XX.

Vários são os exemplos. Não seria descabido dizer que o erotismo da  poesia de Murilo Mendes, por justapor imagens cristãs e surrealistas, inspira em certa medida a religiosidade profanada em Adélia Prado ou Roberto Piva com o seu lirismo místico, alucinante e pornográfico. Caberia ainda nessa série a lírica carnal do paraense Max Martins ou a sexualização da natureza de sua conterrânea Olga Savary. Já na década de 1970, sob o exercício do que se convencionou chamar de poesia marginal, o imperativo libertário do Tropicalismo surge enquanto necessidade de revolucionar o corpo e os valores estabelecidos, como dá testemunho a devassidão podólatra de Glauco Mattoso ou o Eros confidente e alumbrado da literatura íntima de Ana Cristina Cesar. No domínio da prosa de ficção, é forçoso citar Caio Fernando Abreu e o seu eros outsider e homoerótico, além da voluptuosa violência urbana de Rubem Fonseca, de Dalton Trevisan e de Sérgio Sant’Anna. Uma retomada oswaldiana ocorre na verve irreverente das produções literárias de Hilda Hilst e de Reinaldo Moraes, que escancaram o registro obsceno e as formas mais rebaixadas da cultura, enfrentando os moralismos vigentes. Posto isso, o presente dossiê recebe artigos inéditos que venham abordar as contribuições, os desdobramentos ou as implosões da agenda modernista na segunda metade do século XX, tendo como eixos críticos possíveis, entre outros:

 

  • A redescoberta de novas corporeidades já insinuadas durante o modernismo;
  • As múltiplas nomeações do corpo erótico e os seus procedimentos alusivos;
  • A incorporação do Eros feminino, do homoerotismo e das performances do transvestimento;
  • O emprego de uma gramática debochada e de termos obscenos;
  • A renovação dos elementos da ficção e da poesia (o narrador, a personagem, a voz poética, entre outros);
  • Releituras ou atualizações do cânone modernista brasileiro a partir de abordagens comparativistas, com base em afinidades ou em diferenças;
  • História da Literatura Brasileira sob a perspectiva da censura, dos tabus, da imoralidade e da liberação sexual.

 

As contribuições devem ser encaminhadas na página REVELL: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/index

Data limite para submissão: 30/03/2021

 

Organização:

Professora Doutora Aline Novais de Almeida - Doutora pela Universidade de São Paulo - Brasil

Professora Mestra Andréa Jamilly Leitão - Doutoranda na Universidade de São Paulo - Brasil

Professora Doutora Eliane Robert Moraes - Universidade de São Paulo – Brasil


 

 

 

CONVOCATORIA PARA PUBLICACIÓN V.1 N. 28 - 2021

EROS IRREVERENTES Y SUBVERSIVOS: LOS ECOS DEL MODERNISMO EN LA LITERATURA BRASILEÑA

 

En 2022, la Semana del Arte Moderno completa su centenario. En la conferencia “O movimento modernista”, Mário de Andrade defiende que “la Semana del Arte Moderno dio un primer golpe a la pureza de nuestra 'aristocracia espiritual'”. En efecto, el modernismo, como proyecto estético-ideológico, como señala João Luiz Lafetá, se constituyó como una revuelta contra lo que hasta entonces se consideraba la inteligencia artística nacional y, al mismo tiempo, marcó una ruptura decisiva con el pasado literario. En esta dirección, en 1928 Oswald de Andrade firma el “Manifesto Antropófago”, un texto filosófico-literario en el que propone la estética antropofágica como provocación y procedimiento para la experimentación modernista.

 El espíritu destructivo promueve la búsqueda de nuevas formas literarias y la consolidación de una conciencia creativa colectiva, como ilustran las famosas revistas modernistas que registran el incesante impulso del grupo. Esta investigación se ha convertido en un importante instrumento para promover la liberación del lenguaje literario en favor de la construcción de una lengua brasileña, del fructífero diálogo con las vanguardias europeas, de la incorporación del espíritu popular y el elemento folclórico relevante a la tradición indígena y negra, de la concepción. una mirada más crítica a los problemas sociales, políticos y económicos de Brasil.

En la poesía predomina el verso libre, las soluciones formales más sencillas y coloquiales, los temas de lo cotidiano y de lo anecdótico, además de una dicción, a veces parodística o chistosa. En el campo de la prosa, también hay una revolución estético-formal basada en el tránsito de géneros, estilos y registros verbales, además de una mirada menos planificada e idealizada en relación a las cuestiones humanas. Entre ellos, el erotismo cobró especial relevancia, ya que los modernistas abrieron el camino y se asentaron en una lírica sensual y libertina, atenta a una escritura del sexo y la desnudez de los cuerpos. Tales aportes y desarrollos fueron asimilados creativamente por varios escritores de la literatura brasileña de la segunda mitad del siglo XX.

Hay varios ejemplos. No sería descabellado decir que el erotismo de la poesía de Murilo Mendes, al yuxtaponer imágenes cristianas y surrealistas, inspira en cierta medida la religiosidad profanada en Adélia Prado o Roberto Piva con su lirismo místico, alucinante y pornográfico. Esta serie también incluiría la lírica carnal de Max Martins o la sexualización de la naturaleza de Olga Savary. Ya en la década de 1970, bajo el ejercicio de lo que convencionalmente se llamó poesía marginal, el imperativo libertario del Tropicalismo surge como una necesidad de revolucionar el cuerpo y los valores establecidos, como lo demuestra el libertinaje podolatra de Glauco Mattoso o el confiado e ilustrado Eros de la literatura íntima de Ana Cristina Cesar. En el terreno de la prosa de la ficción, es necesario citar a Caio Fernando Abreu y su eros outsider y homoerótico, además de la voluptuosa violencia urbana de Rubem Fonseca, Dalton Trevisan y Sérgio Sant'Anna. Una reanudación oswaldiana se produce en el brío irreverente de las producciones literarias de Hilda Hilst y Reinaldo Moraes, que abrieron el registro obsceno y las formas más degradadas de la cultura, frente a los moralismos vigentes. Dicho esto, el presente dossier recibe artículos inéditos que abordarán los aportes, desarrollos o implosiones de la agenda modernista en la segunda mitad del siglo XX, teniendo como posibles ejes críticos, entre otros:

 

• El redescubrimiento de nuevas corporealidades ya insinuadas durante el modernismo;

• Las múltiples citas del cuerpo erótico y sus procedimientos alusivos;

• La incorporación del Eros femenino, el homoerotismo y las actuaciones de travestismo;

• El uso de gramática corrupta y términos obscenos;

• La renovación de elementos de ficción y poesía (el narrador, el personaje, la voz poética, entre otros);

• Relecturas o actualizaciones del canon modernista brasileño utilizando enfoques comparativos, basados en afinidades o diferencias;

• Historia de la literatura brasileña desde la perspectiva de la censura, de los tabúes, de la inmoralidad y de la liberación sexual.

 

Las contribuciones deben enviarse en la página de REVELL: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/index

 

Fecha límite de envío: 30/03/2021

 

Organización:

Profesora Doctora Aline Novais de Almeida - Doctora por la Universidade de São Paulo - Brasil

Profesora Maestra Andréa Jamilly Leitão - Estudiante de doctorado en la Universidade de São Paulo - Brasil

Profesora Doctora Eliane Robert Moraes - Universidade de São Paulo – Brasil