A (re)invenção de um passado que não passa: o jogo da história e da ficção em K. Relato de uma busca, de Bernardo Kucinski
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Jogo, Verdade, Ficção, Voz, Ditadura.Resumo
Propomos analisar algumas nuances específicas da obra K. - Relato de um Busca, de Bernardo Kucinski, à medida que a narrativa nos é mostrada pelas diferentes vozes que compõe os discursos em torno do desaparecimento da protagonista Ana Rosa, irmã do escritor desse mesmo texto, datado de 1974. Nosso interesse é o de buscar explorar o modo narrativo de uma especificidade literária como essa em que as narrativas dizem, sugerem, denunciam, questionam e criticam as opressões advindas da ditadura militar no Brasil no período de 1968 a 1985. O que nesses textos, já que à priori trata-se de ficção, de literatura, é possível tomar como um discurso verossímil de um passado ainda sem identidade e, por conseqüência, sem rosto e que se constrói com as vozes daqueles que, em sua própria ausência, tentam dizer o não dito, os fatos, a verdade. Que voz é essa que nos conta e quando conta, conta-nos o quê, de fato? E sendo um narrador, status quo da (des)confiança, como se dá essa relação com os personagens sem voz, sem rosto, sem presença? Assim, pretendemos mostrar como o jogo posto em prática por esses textos- contando sempre com diferentes perspectivas de leituras - é capaz de desestabilizar o próprio caráter ficção e de pôr em evidência uma história politicamente instaurada para continuar sem responder às diferentes perguntas daqueles que experimentaram, em suas diversas formas, a repressão militar na década de 1970.
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