Los Topos e reivindicação por lutos possíveis: corpo, pós-memória e política na ficção pós-ditatorial argentina de segunda geração
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literatura argentina, Félix Bruzzone, identidade, autoficção, lutoResumo
Este artigo busca uma aproximação a Los Topos (2008), romance de estreia do escritor argentino Félix Bruzzone. Filho de desaparecidos políticos da última ditadura militar no país, Bruzzone revisita os anos de violência e a sua história familiar através da mistura de uma narrativa autobiográfica com elementos ficcionais. No entanto, o texto de Bruzzone pode ser visto como um ponto de fuga dentro do fenômeno surgido nos anos 2000 e que se convencionou chamar de literatura autoficcional de segunda geração, afastando-se da busca identitária e da gravidade que caracterizam autores como Laura Alcoba, Martín Kohan, Samantha Schwebelin ou Andres Neuman. Fazendo uso do humor, do absurdo e da paródia, o autor opera um desmonte da própria identidade e dos processos políticos de memória, questionando não somente seu papel social como órfão da ditadura, mas também o trabalho de luto e o dever de rememoração que marcam a sociedade argentina, ressaltando que ambos são processos políticos excludentes e normativos. Esse questionamento aparece no texto através do desmonte do próprio narrador, que, ao iniciar uma investigação há muito evitada acerca da história do seus pais, começa a afastar-se de seus lugares de identidade: casa, cidade, círculo social, razão, gênero e, por fim, de seu próprio corpo, reivindicando novos lugares de luto e apontando que dentro dos lugares oficiais da memória não existe lugar para vidas dissidentes e existências que fogem do padrão.
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