Nos caminhos da historiografia: configurações do espaço no conto “Décima Quarta Estação”, de Miguel Jorge
Visualizações: 571Palavras-chave:
Espaço, Memória, História, Intertextualidade, Miguel Jorge.Resumo
Este artigo analisa o conto "Décima quarta estação", presente no livro Avarmas (1978), de Miguel Jorge. Salientam-se, no construto do enredo, as configurações do espaço sob a perspectiva de uma trama intertextual entre o sagrado e o profano. A análise será conduzida desta maneira, pois são possíveis duas leituras do espaço: uma intertextual, com base na narrativa bíblica, e outra metaficcional historiográfica, em diálogo com a história da Inconfidência Mineira. Nestas duas leituras, emergem ainda outras figurações dos espaços da casa e do corpo, sinônimos de lugar seguro, bem como dos lugares de memória, por meio da descrição de suplícios praticados ao longo das quatorze estações do conto. Tais estações reativam na memória coletiva cristã os suplícios infligidos ao Cristo ao longo da Via Sacra. Para tanto, no decorrer da abordagem, apresentam-se considerações teóricas e críticas a respeito do autor, da obra e da narrativa metaficcional historiográfica, com base nos estudos de Certeau (2017), Carvalho (2000), Denófrio (1997), Halbwachs (2004), Kristeva (1974), White (1995; 2001), entre outros.
Referências
AUGÉ, Marc. Não-lugares: introdução a uma antropologia da supermodernidade. Trad. Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Papirus, 2003.
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. In: _____. Os pensadores. Trad. Joaquim José Moura Ramos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 181-354.
BARBIERI, Claudia. Arquitetura literária: sobre a composição do espaço narrativo. In: BORGES FILHO, Ozires. BARBOSA, Sidney. (org.). Poéticas do espaço literário. São Carlos, SP: Editora Claraluz, 2009.
BÍBLIA. A. T. Lucas. In: BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada - Antigo e novo testamento. Trad. João Ferreira de Almeida. Suécia: Alfalit Brasil, 1996.
_____. Mateus. In: BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada - Antigo e novo testamento. Trad. João Ferreira de Almeida. Suécia: Alfalit Brasil, 1996.
CARNEIRO, Brasigóis Felício. Literatura Contemporânea em Goiás. Goiânia: Editora Oriente, 1975.176 p.
CARVALHO, Maria Luiza Ferreira Laboissière de. Tradição e Modernidade na prosa de Miguel Jorge. Goiânia: Editora UFG, 2000.
CAVALCANTE, Raissa. Mitos da Água: as imagens da alma no seu caminho evolutivo. São Paulo. São Paulo: Ed. Cultrix, 1997.
CERTEAU, Michel de. Relatos de Espaço. In _____. A invenção do cotidiano. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 199-2017.
DENÓFRIO, Darcy França. Lavra dos Goiases: Gilberto e Miguel. Goiânia: Fundação Cultural Pedro Ludovico, 1997.
DORIA, Pedro. 1798: a história de Tiradentes, contrabandistas, assassinos e poetas que sonharam a Independência do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. Trad. Rogério Fernandes. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva e o espaço. In: _____. A memória coletiva. Trad. Laís Teles Benoir. São Paulo: Centauro, 2004. P. 137-167.
HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria, ficção. Trad. Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991. 331 p.
JENNY, Laurent. A estratégia da forma. Intertextualidades. Poétique. 27. ed. Trad. Coimbra: Livraria Almedina, 1979.
JORGE, Miguel. Décima quarta estação. In: Avarmas. Coleção de autores brasileiros. São Paulo: Àtica, 1978.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. Trad. Lúcia Helena França Ferraz. São Paulo: Perspectiva, 1974. 258 p.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Trad. Yara Aun Khoury. Projeto História. São Paulo: PUC-SP. Nº 10. 1993.
WHITE, Hayden. Meta-história: A imaginação histórica do século XIX. Trad. José Laurênio de Melo. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995.
_____. Trópicos do Discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. Trad. Alípio Correia de Franca Neto. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).