Intertextos: Sylvio Back entre os retratos de Stefan Zweig

Visualizações: 880

Autores

Palavras-chave:

Documentário, Ficção, Stefan Zweig, Sylvio Back.

Resumo

Propomos analisar os retratos [Bildnis] do escritor Stefan Zweig no média-metragem Zweig: a morte em cena (1995) e no longa-metragem Lost Zweig: os últimos dias de Stefan Zweig no Brasil (2003), do premiado cineasta e escritor brasileiro Sylvio Back. As duas obras são enquadradas em gêneros diferentes, a saber: o documental e o ficcional. Por outro lado, acreditamos que a escrita de Stefan Zweig e os textos fílmicos de Sylvio Back constituem-se como um palimpsesto no qual as fronteiras entre os gêneros se complexificam. Nesse sentido, esclarecemos que nosso intento maior, aqui, é tecer aproximações e fricções entre esses dois retratos escritos/mostrados em gramáticas diferentes, todavia, respeitando as especificidades de cada linguagem, com efeito, obviamente, não é nosso objetivo dissertar sobre esses gêneros a partir de uma perspectiva hierárquica ou de fidelidade. Nessa esteira, na primeira seção deste artigo trabalhamos os conceitos de limite [begrenzen] e fronteira [Grenze] com a finalidade de apresentarmos ao leitor algumas de nossas premissas básicas ao construirmos essa análise iminentemente dialógica. Na segunda parte nos debruçamos sobre a intertextualidade no contexto deste estudo e também elucidamos os pretextos da escolha do conceito de retrato para nos referirmos as representações construídas. No terceiro e último tópico exploramos algumas especificidades do gênero documentário e ficcional e tecemos a apreciação dos retratos com o intuito de analisar como esses domínios narrativos se entrelaçam e se desenlaçam nesse processo de construção imagética do personagem Stefan Zweig.

Biografia do Autor

Geovane Souza Melo Junior, Universidade Federal de Uberlândia

Bacharel em Psicologia pela PUC-MGMestre em Estudos Literários pela UFUDoutorando em Estudos Literários pela UFU Graduando em Letras pela UFU

Referências

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco; Poética. Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha. 4. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (Os pensadores; v. 2).

ARISTÓTELES, (384-322 a.C). Poética. Edição bilíngüe; tradução, introdução e notas de Paulo Pinheiro. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2017 (2ª Edição).

AUMONT, Jacques. A imagem. Tradução Estela dos Santos Abreu, Cláudio C. Santoro; Revisão Técnica Rolf de Luna Fonseca. 16. ed. Campinas, SP: Papirus, 2012. (Coleção Ofício de Arte e Forma).

BACK, Sylvio. Livros e filmes mantêm viva a obra do escritor Stefan Zweig. Correio Braziliense. Diversão e arte. On-line. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2015/03/11/interna_diversao_arte,474872/livros-e-filmes-mantem-viva-a-obra-do-escritor-stefan-zweig.shtml. Acesso em: 23 jun. 2019.

BACK, Sylvio. Sylvio Back: filmes noutra margem. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura. 1992. 155p.

BACK, Sylvio. Por um cinema desideologizado. B. Inf. Casa Romário Martins. Curitiba, maio 1987. 36p.

BACK, Sylvio. ZWEIG: a morte em cena. Filme de Sylvio Back. Produção Usina de Kyno. Patrocínio Goethe-Institut Rio de Janeiro. 1995. 48p.

BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1988.

BARTHES, Roland. Mitologias. Tradução Rita Buongermino, Pedro de Souza e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2003.

BARTHES, Roland. Sade, Fourier, Loyola. Tradução de Mário Laranjeira. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

BORGES, Jorge Luís. Do rigor da ciência. In: História universal da infâmia. 4. ed. Tradução: Flávio José Cardozo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1988.

CALVO MARTÍNEZ, José Luis. Oratoria y biografia: el retrato de Alcibíades enLisias e Isócrates. In: O retrato e a biografia como estratégia de teorização política. Coordinadores: PÉREZ JIMÉNEZ, Aurelio; FERREIRA, José Ribeiro; FIALHO, Maria do Céu. Coimbra: Imp. daUniv, de Coimbra/Univ. de Málaga, 2004.

CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. 4. ed. rev. e ampliada. São Paulo: Ática, 2006. 94p.

COSTA, Luciano Bedin da. Biografema como estratégia biográfica: escrever uma vida com Nietzsche, Deleuze, Barthes e Herny Miller. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-graduação em Educação – PPGEdu. Porto Alegre. 2010

DA-RIN, Silvio. Espelho partido: tradição e transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2004. 247p.

DOBLIN, Alfred. O romance histórico e nós. História: Questões e Debates, Curitiba, v. 44, n. 1, p. 13-36, 2006.

FREUD, Sigmund, (1912-13). Totem e Tabu. In: Totem e Tabu, Contribuição à história do movimento psicanalítico e outros textos (1912-1914). São Paulo. Companhia das Letras, 2012, v. XI.

HISSA, Cássio Eduardo Viana. A mobilidade das fronteiras: inserções da geografia na crise da modernidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

HISSA, Cássio Eduardo Viana. Entre. In: SILVA, Maria Ivonete Santos. Literatura: espaço fronteiriço. Maria Ivonete Santos Silva, Maria Elisa Rodrigues Moreira, organizadoras. Colatina/Chicago: Clock-Book, 2017,

HISSA, Cássio Eduardo Viana. Entrenotas: compreensões de pesquisa. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. Tradução Lúcia Helena França Ferraz. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. (Debates; - 84).

LACAN, Jacques. A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud. In: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1966.

LAURENT, Jenny. Poétique: Revista de Teoria e Análise Literárias. Intertextualidades, n. 27. Tradução Clara Crabbé Rocha. Coimbra: Livraria Almedina, 1979.

LOST ZWEIG: os últimos dias de Stefan Zweig no Brasil. Direção: Sylvio Back. Brasil: Europa Filmes, 2003. 1 filme (114 min), son. color.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: o que são e como se constituem. Recife: Universidade Federal de Pernambuco. Texto inédito, 2000.

NICHOLS, Bill. Introdução ao documentário. Tradução Mônica Saddy Martins. 6. ed. Campinas: Papirus, 2016. (Coleção Campo Imagético).

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Mutações da literatura no século XXI. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

RAMOS, Fernão Pessoa. Mas afinal... o que é mesmo documentário? 2. ed. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2013.

REZENDE, Luiz Augusto. Microfísica do documentário: ensaio sobre criação e ontologia do documentário. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2013. (Pensamento brasileiro, Invenção & crítica.

SABADIN, Celso. A história do cinema para quem tem pressa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2018. 207p.

SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade. Tradução Sandra Nitrini. São Paulo: Aderaldo &Rothschild, 2008. (Linguagem e Cultura).

SILVA, Camila Gonzatto. Os personagens e a cidade em Asas do desejo, de Wim Wenders. In: Literatura e cinema: encontros contemporâneos. MELLO, Ana Maria Lisboa de [et al.]. Porto Alegre: Dublinense, 2013.

SOUZA, Eneida Maria de. A crítica biográfica. In: Janelas indiscretas: ensaios de crítica biográfica. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2011. p.17-27; SOUZA, Eneida Maria de. Notas sobre a crítica biográfica. In: SOUZA, Eneida Maria de. Crítica cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 105-113.

STAM, Robert. A literatura através do cinema: realismo, magia e a arte da adaptação. Belo Horizonte: UFMG, 2008. 510p.

STAM, Robert. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. Ilha do

desterro, Florianópolis, n. 51, jul.-dez. 2006, p. 19-53.

ZWEIG: a morte em cena. Direção: Sylvio Back, Produção: Usina de Kyno. Brasil, 1995, 1 DVD (43min), NTSC, son., color.

ZWEIG, Stefan. Joseph Fouché: retrato de um homem político. Tradução:KristinaMichahelles. Rio de Janeiro: Zahar, 2015. 232p.

ZWEIG, Stefan. O mundo insone e outros ensaios. Tradução: KristinaMichahelles; organização e textos adicionais Alberto Dines

Downloads

Publicado

2019-11-14

Como Citar

MELO JUNIOR, Geovane Souza. Intertextos: Sylvio Back entre os retratos de Stefan Zweig. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 22/1, p. 197–219, 2019. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/3706. Acesso em: 20 nov. 2024.