De Agustina a Saramago ou a Arte de Transgredir os Clássicos

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Palavras-chave:

Agustina, Saramago, Clássicos da Literatura, Intertextualidade

Resumo

Neste pequeno ensaio, tentei refletir sobre a presença dos clássicos na literatura portuguesa contemporânea, escolhendo dois grandes nomes da nossa modernidade romanesca: Agustina e Saramago. Embora os processos utilizados sejam dissemelhantes, a verdade é que não é muito difícil encontrar a matriz comum e não deixa de ser aliciante detetar a subtileza de inserção ou a clareza da afirmação. Se Saramago é completamente explícito, Agustina, embora o sendo também, encontra modos mais complexos de significar o eterno retorno dos fantasmas, não já individuais como em outros romances e em inúmeras obras de outros autores, mas coletivos, isto é, as constantes relações estabelecidas prendem-se com uma estratégia bem definida de explicação do presente, recorrendo a uma ironia e a uma paródia acutilantes, dissimuladas sob a capa da mais elementar explanação. Atores de um mundo em transformação, as personagens de Ordens Menores são identificadas com as figuras de um outro tempo, máscara e simulacro do atual; em A Caverna não há uma relação tão evidente entre as atitudes, gestos e decisões dos protagonistas, há sim a apresentação de um universo que acentua hiperbolicamente as características de um presente destruidor das capacidades de iniciativa e de afirmação individuais.

Biografia do Autor

Maria de Fátima Marinho, Universidade do Porto

Doutora em Literatura Portuguesa pela Universidade do Porto – Portugal. Professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto – Portgual. 

Referências

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Publicado

2020-12-04

Como Citar

MARINHO, Maria de Fátima. De Agustina a Saramago ou a Arte de Transgredir os Clássicos. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 3, n. 26, p. 69–84, 2020. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4056. Acesso em: 26 abr. 2024.