Em busca do autor: intertextualidade e metalepse em Autobiografia de José Luís PEIXOTO
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intertextualidade, (auto)biografia, metalepse, José Luís Peixoto, José SaramagoResumo
Não por acaso o romance Autobiografia (2019), de José Luís Peixoto, articula a reflexão sobre o género (auto)biográfico com o fenómeno intertextual. Com efeito, ambos colocam de forma incisiva a questão da identidade ambígua do autor. Ao escrever a sua autobiografia (ou a biografia de outrem, o que paradoxalmente não impede de falar de si próprio), evocando a sua carreira literária, o escritor não pode deixar de referir os autores e livros que moldaram a sua obra e, até certo ponto, a sua identidade. A intertextualidade representa assim a fusão do “eu” e da alteridade. Além disso, os elementos oriundos de uma ficção têm a capacidade de passar de uma obra para a outra, transgredindo as fronteiras da narrativa, adquirindo novos sentidos, ganhando autonomia e revelando sentidos velados da obra que os contém. Esses elementos têm também, por vezes, a capacidade de povoar o real, através de metalepses que revelam a porosidade entre o real e a ficção. Assim sendo, a intertextualidade, ostentada no romance de José Luís Peixoto, reenvia para a ideia de expansão irrefreável da ficção. Esse processo é cada vez mais nítido na literatura contemporânea, num contexto inédito de ampla mediatização e circulação das obras literárias.
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