Meninos negros na literatura infantil e juvenil: corpos ausentes

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Autores

Palavras-chave:

Meninos negros, Corpo, Literatura infantil e juvenil

Resumo

Invisibilização ou sub-humanização são as principais características dos corpos negros na literatura infantil e juvenil desde seu surgimento. Especialmente os meninos negros tiveram como marca a estereotipia e a vulnerabilidade. Apenas nas últimas décadas é que esse panorama vem, lentamente, se modificado e mesmo assim muito mais propício para a menina negra do que para o menino-personagem. Por isso o interesse do presente artigo é de analisar, em caráter comparativo, esses dois momentos: em que o menino negro tem sua voz e identidade vilipendiadas e, mais recentemente, vem sendo representado de modo mais altivo. No primeiro grupo estão os livros “Dito, o negrinho da flauta”, de Pedro Bloch (1983) e “Manobra Radical”, de Edith Modesto (2003), analisados por meio de categorias adaptadas de Maria Anória J. Oliveira (2003). Já as obras do segundo grupo são: “Chuva de manga”, de James Rumford (2005), “O chamado de Sosu”, de Meshack Asare (2005) e “Panquecas de Mama Panya”, de Mary e Rich Chamberlin (2005), títulos analisados a partir do conceito de “infancialização”. O que se anuncia, neste estudo, é um panorama ainda frágil sobre a representatividade do menino negro na literatura infantil e juvenil disponível no mercado editorial brasileiro.

Biografia do Autor

Débora Cristina de Araujo, Universidade Federal do Espírito Santo

Doutora em Educação (UFPR), professora de  Educação das Relações Étnico-Raciais na Universidade Federal do Espírito Santo e vinculada aos Programas de Pós-Graduação de Mestrado Profissional em Educação (PPGMPE) e em Educação (PPGE) da UFES.

Geane Teodoro Damasceno, Universidade Federal do Espírito Santo

Mestranda em Educação (UFES), Graduada em Letras Português (UFES), Graduada em Pedagogia (UNINTER) e Pós-graduada em Séries Iniciais e Educação Infantil (MULTIVIX)

Regina Godinho de Alcântara, Universidade Federal do Espírito Santo

Licenciada em Letras - Português. Possui mestrado e doutorado em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, na Linha Educação e Linguagens. Professora Adjunta do Departamento de Linguagens, Cultura e Educação/ Centro de Educação/Ufes. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Educação (PPGMPE/Ufes/campus Goiabeiras) e do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Educação Básica e Formação de Professores (PPGEEDUC/Ufes/campus Alegre). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Cnpq - Estudos e Pesquisas em Processos de Apropriação da Língua Portuguesa - Gepalp. Tem experiência na formação de professores, atuando com temáticas referentes ao ensinoaprendizagem de línguas maternas, estudos linguísticos, didática e metodologia da Língua Portuguesa, Educação Escolar Indígena, Educação do Campo.

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Publicado

2021-01-21

Como Citar

ARAUJO, Débora Cristina de; DAMASCENO, Geane Teodoro; ALCÂNTARA, Regina Godinho de. Meninos negros na literatura infantil e juvenil: corpos ausentes. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 25, p. 284–310, 2021. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/4732. Acesso em: 24 abr. 2024.