O crime do Cais do Valongo, de Eliana Alves Cruz: a ficção como (re)escrita da História
Visualizações: 1486Palavras-chave:
romance histórico, romance policial, Eliana Alves Cruz, literatura negra brasileira, autoras negras brasileiras.Resumo
O presente artigo busca analisar o romance O crime do Cais do Valongo, da jornalista e escritora carioca Eliana Alves Cruz, publicado em 2018. Pretende-se com este trabalho investigar como a autora se vale de recursos históricos para construir a narrativa ficcional apresentada na obra, no entendimento de que a
História também é um discurso e, como tal, uma construção social. Assim, valendo-se da ficcionalização, apresenta-nos a personagem Muana Lomuè, uma moçambicana escravizada no Brasil, que assume a narração em primeira pessoa em boa parte do livro, um recurso formal importante, como demonstramos no artigo, para a construção rica e complexa de uma personagem negra, contrariando os estereótipos que se consolidaram acerca do negro na literatura brasileira. Com isso, defendemos também que a obra de Cruz pode ser um componente relevante para o repertório literário a ser oferecido nos currículos, orientados por uma educação antirracista. Ainda, buscamos colocar em perspectiva o uso de artifícios do gênero romance policial que contribui para tornar Muana tanto testemunha como agente da história narrada, além de pôr em relevo a noção de crime quando associada ao contexto escravista em que se
desenvolve o enredo.
Referências
BLOOKS, Livraria. Entrevista com a escritora Eliana Alves Cruz. 17 de setembro de 2018. Disponível em: https://medium.com/blooks/entrevista-com-eliana-alves-cruz-d339656eb6bd. (Acesso em 10/05/2020.)
BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Porto Alegre: Editora Mercado Aberto, 1983.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. [1988] Vários escritos. São Paulo/Rio de Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2011, p. 169-191.
CRUZ, Eliana Alves. O crime do Cais do Valongo. Rio de Janeiro: Malê, 2018.
GÄRTNER, Mariléia. Mulheres contando histórias de mulheres: o romance histórico brasileiro contemporâneo. 218f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Estadual de São Paulo, Assis, 2006.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução de Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LEAHY-DIOS, Cyana. Teorizando as questões. Educação literária como representação social. Educação literária como metáfora social. Desvios e rumos. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2000.
REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Porto Alegre: Taverna, 2018.
SAGAN, Carl. O caminho para a liberdade. O mundo assombrado pelos demônios. Tradução de Rosaura Eichenberg. 1ª. ed. São Paulo: Companhia das letras, 2006.
SLENES, Robert W. O que Rui Barbosa não queimou: novas fontes para o estudo da escravidão no século XIX. São Paulo: Estudos Econômicos, v. 13, n. 1, 1983. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ee/article/view/156721/152264 (Acessado em 11/05/2020.)
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. Tradução de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2006.
WISSENBACH, Maria Cristina Cortez. Cartas, procurações, escapulários e patuás: os múltiplos significados da escrita entre escravos e forros na sociedade oitocentista brasileira. Revista Brasileira de História da Educação, v. 2, n. 2 (4), 2002: Dossiê: Negros e a educação, 103-122.
Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/rbhe/article/view/38724 (Acessado em 11/05/2020.)
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).