Escritos afrodiaspóricos: uma leitura de Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves

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Palavras-chave:

Um defeito de cor, escrita de mulheres negras, afrodiáspora

Resumo

A escrita de mulheres negras – aqui representada por Ana Maria Gonçalves, reconstrói vivências e aciona memórias coletivas do passado escravocrata, bem como um presente em que ainda está a estigmatização dos corpos negros privados de identidade social, intelectual e cultural. Em uma narrativa que abrange 80 anos de história, é reconstruído – pela escrita de Kehinde – o contexto histórico do Brasil escravagista do século XIX.  Há, em Um defeito de cor, narrativas e imagens do povo negro distanciadas do padrão canônico e hegemônico que desumaniza negras e negros. Além disso, a obra aponta para resgates históricos junto à representação identitária e ao protagonismo de negro apontam conceitos-chave para compreender a personagem Kehinde enquanto sujeita-protagonista de sua trajetória, que reconstrói e que subverte discursos branco-hegemônicos. A fim de provocar uma análise acerca da escrita de mulheres negras, este trabalho apresenta um olhar  voltado às escritoras Ana Maria Gonçalves e Kehinde.

Biografia do Autor

Júlia Dias da Silva

Doutoranda Literatura e Cultura (UFBA); Mestra  Literatura e Cultura (UFBA); Especialista em Gramática e Ensino de Língua Portuguesa (UFRGS); Especialista em Literatura Brasileira (UFRGS)

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Publicado

2020-09-21

Como Citar

DA SILVA, Júlia Dias. Escritos afrodiaspóricos: uma leitura de Um defeito de cor, de Ana Maria Gonçalves. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 1, n. 24, p. 124–143, 2020. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/5039. Acesso em: 26 abr. 2024.