Literatura, autoritarismo e corpo das mulheres. A ditadura brasileira através dos romances de Heloneida Studart
Visualizações: 670Palavras-chave:
autoritarismo, ditadura, corpo, mulheres, literatura.Resumo
O corpo das mulheres, em épocas de autoritarismo, é um dos mais expostos ao disciplinamento e à pretensão de controle. Apesar disso, na época da ditadura militar brasileira, um grande número de mulheres participou de lutas, movimentos e organizações clandestinas, mas o monopólio da presença e da fala masculina e a tendência à vitimização das mulheres, sempre representadas como incapazes de pensamento politico autônomo e como corpos indefesos, contribuíram à invisibilização dessa história e memória. Dois romances escolhidos de Heloneida Studart, O pardal é um pássaro azul (1975) e O torturador em Romaria (1986), representam uma precoce ruptura desse silêncio de ponto de vista de mulheres na literatura e, coerentemente com o percurso de vida e militância da autora, testemunham a urgência representada, naqueles anos, pelo tema da visibilização do poder do corpo da mulher e dos abusos e torturas sobre os corpos. Uma perspectiva que ajuda, hoje, a construção de uma memória feminina sobre esse período de autoritarismo da história brasileira.
Referências
ASSMANN, Aleida. Ricordare. Forme e mutamenti della memoria culturale. Bologna: Il Mulino, 2002.
ASSMANN, Aleida.. Sette modi di ricordare. Bologna: Il Mulino, 2019.
CAVARERO, Adriana. Orrorismo. Ovvero della violenza sull’inerme. Milano: Feltrinelli, 2007.
CUNHA, Cecilia. Uma escritora feminista: fragmentos de uma vida. Revista Estudos Feministas, v. 16. Florianópolis 2008.
FARRIS, R. Sara. In the name of women’s rights. The rise of femonationalism. Durham: Duke University Press, 2017.
FIGUEIREDO, Eurídice. A literatura como arquivo da ditadura brasileira. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2017.
GINZBURG, Jaime. Crítica em tempos de Violência. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
GORDON, Neve e PERUGINI, Nicola. The human right to dominate. Oxford Universiy Press, 2015.
LOTTO, Adriana. Note su La sofferenza del corpo di Elaine Scarry. DEP rivista telematica di studi sulla memoria femminile, v. 16, 2011.
MERLINO, Tatiana. Direito à memória e à verdade: Luta substantivo feminino. São Paulo: Editora Caros Amigos, 2010.
MORAES, Maria Lygia Quartim de. Feminismo, Movimento de Mulheres e a (re)construção da democracia em três países da América Latina. Primeira Versão, v. 21, 2003.
PERROT, Michelle. Praticas da memoria feminina. Revista Brasileira de História, v. 9, p. 9-18. São Paulo, ANPUH 1989.
RIDENTI, Marcelo Siqueira. As mulheres na política brasileira: os anos de chumbo. Tempo Social, v. 2, p. 113-128. São Paulo, USP 1990.
SARTI, Cynthia Anderson, Feminismo e contexto: lições do caso brasileiro. Cadernos Pagu, v. 16, p. 31-48. Campinas, Unicamp 2001.
SCARRY, Elaine. The body in pain. The Making and Unmaking of the world. Oxford University Press, 1985.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Can the subaltern speak?, London: Macmillam, 1988.
STUDART, Heloneida. Mulher, objeto de cama e mesa, Petrópolis; Editora Vozes, 1974.
STUDART, Heloneida. O pardal é um pássaro azul, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.
STUDART, Heloneida. O torturador em Romaria, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1986.
TELES, Maria Amélia de Almeida. Breve história do Feminismo no Brasil, São Paulo: Editora Brasiliense, 1999.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).