A metaficção historiográfica em Machado, romance de Silviano Santiago

Visualizações: 657

Autores

Palavras-chave:

Literatura, história, metaficção.

Resumo

Este trabalho é sobre o romance Machado (2016), de Silviano Santiago, cujo propósito principal é compreender as relações entre Literatura e História presentes na ficcionalização do escritor Machado de Assis como personagem. Nesse sentido, buscamos alguns apontamentos de György Lukács em O romance histórico (2011), pois a discursividade na ficção é apresentada por meio da mescla indissociável entre o discurso ficcional e o histórico. Ambos são constituídos pela textualização em prosa, porém o primeiro diz respeito ao imaginário e o segundo ao factual. Logo, verifica-se a problematização da narrativa por ser permeada pela organização subjetiva e metadiscursiva do narrador-personagem, o qual faz apontamentos acerca de sua forma de narrar e da vida e da obra do escritor ficcionalizado, de modo a evidenciar seu conhecimento especializado a respeito da história do Rio de Janeiro, da história da literatura e de crítica literária. É importante compreender as definições de metaficção historiográfica, propostas por Linda Hutcheon, em A poética do pós-modernismo: história, teoria e ficção (1991), justamente por se tratar de uma ficção histórica contemporânea que apresenta uma narrativa intensamente autoconsciente. Esses traços são evidenciados a partir das análises de recortes do romance e das referências críticas e teóricas de que dispomos.

Biografia do Autor

Thiago Bittencourt, Universidade Estadual de Ponta Grossa

Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Ponta Grossa – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-5169-6349. E-mail: bittencourthiago7@gmail.com

Referências

ANDERSON, Perry. Trajetos de uma forma literária. Novos estudos, n. 77, p. 205-220. São Paulo. Mar. 2007. CEBRAP. Disponível: https://doi.org/10.1590/S0101-33002007000100010. Acesso 07/06/2021.

ASSIS, Machado de. A chinela turca. In: Papéis avulsos. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

BASTOS, Alcmeno. Romance histórico: por que é “romance” e por que é “histórico”. In: Introdução ao Romance Histórico. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007.

COSTA LIMA, Luiz. A narrativa na escrita da história e da ficção. In: A aguarrás do tempo: estudos sobre a narrativa. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.

ESTEVES, Antonio Roberto. O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000). São Paulo: UNESP, 2010.

FOUCAULT, Michel. O que é um autor? In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Estética: literatura e pintura, música e cinema. 2ª ed. Trad. Inês Autran Dourado Barbosa. Rio de Janeiro: Forense universitária, 2009.

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-modernismo: história, teoria e ficção. Trad. Ricardo Cruz. Rio de Janeiro: Imago, 1991.

JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. 7ª ed. Trad. José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix/EdUSP.

LUKÁCS, György. A forma clássica do romance histórico. In: O romance histórico. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2011.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Mutações da literatura no século XXI. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

REIS, Carlos. História literária e personagem da História: os mártires da literatura. In: MOREIRA, Maria Eunice (Org.). Percursos críticos em história da literatura. Porto Alegre: Libretos, 2012.

SANTIAGO, Silviano. Anotações sobre "Fisiologia da composição", pelo autor. Suplemento Pernambuco: jornal literário da companhia editora de Pernambuco. p. 1-5, 12 dez. 2020. Disponível: http://www.suplementopernambuco.com.br/in%C3%A9ditos/2593-anota%C3%A7%C3%B5es-sobre-fisiologia-da-composi%C3%A7%C3%A3o-,-pelo-autor.html. Acessado em 28/06/2021.

SANTIAGO, Silviano. Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

SANTOS, Luís Alberto Brandão; OLIVEIRA, Silvana Pessôa de. Narrar o tempo. In: Sujeito, tempo e espaço ficcionais: introdução à teoria da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

WEINHARDT, Marilene. Considerações sobre o romance histórico. Revista Letras, n. 43, p. 49. Curitiba: UFPR, 1994. Disponível: file:///C:/Users/Lg/Downloads/19095-67602-1-PB.pdf. Acessado em 07/06/2021.

WHITE, Hayden. Texto histórico como artefato literário. In: Trópicos do discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. 2ª ed. Trad. Alípio Correia de Franca Neto. São Paulo: EDUSP, 1994.

Downloads

Publicado

2021-11-30

Como Citar

BITTENCOURT, Thiago. A metaficção historiográfica em Machado, romance de Silviano Santiago. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 29, p. 13–35, 2021. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/6471. Acesso em: 28 mar. 2024.