Sem provas não há passado? Ficção científica, arquivo e testemunho em Branco sai, preto fica
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https://doi.org/10.61389/revell.v2i29.6585Palavras-chave:
Branco sai, preto fica, arquivo, ficção científica, testemunho, traumaResumo
Este artigo se propõe a discutir ficção científica, arquivo e testemunho a partir do filme Branco sai, preto fica (2014), de Adirley Queirós. Enfatizo que se trata de uma ficção científica construída a partir de um episódio real de violência policial em um baile black em 1986 na Ceilândia, em que dois dos atores foram vítimas e testemunham sobre o que viveram. No filme, um agente vem do futuro com a missão de produzir provas para que o crime seja reconhecido pelo Estado e os responsáveis punidos. Sem arquivos, é como se o acontecimento nunca tivesse existido, o que geraria um esquecimento oficial. O artigo está dividido em três partes. Na primeira, é discutido o recurso à ficção científica como forma de elaboração da memória traumática de um episódio de violência estatal. Na segunda, é problematizada uma dimensão paradoxal na transformação de testemunhos em arquivos: se por um lado ela auxilia na inscrição de episódios de violência que correriam o risco de serem apagados, por outro não é capaz acolher de forma apropriada a narrativa de dor de alguém que testemunha. Por fim, na terceira parte, o artigo discute a relação entre testemunho e arte e sua importância para a memória de violência no Brasil, em que há uma recorrente ameaça de apagamento do passado.
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