O parque das irmãs magníficas ou sobre uma poética do destrato

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Palavras-chave:

O parque das irmãs magníficas, Camila Sosa Villada, Literatura travesti, Leitura decolonial

Resumo

Nosso objetivo principal é desenvolver uma leitura decolonial de O parque das irmãs magníficas de Camila Sosa Villada a partir das cifras que dão ao conhecimento a periferia des sujeites representades e a marginalização de seus corpos. Dessas cifras, focaremos na violência em suas várias modulações – particularmente, contra travestis, ensejando o que é chamado pela autora de “destrato perpétuo”, mas também contra a mulher, a violência policial, médica etc. –, a mendicidade, o vício, a (não opção senão à) prostituição, o suicídio. Já dentre as esferas em que elas serão averiguadas, enfatizaremos a sociopolítica, a linguística e a estética, não perdendo de vista o regime de indissociabilidade de forma e tema. Quanto a isto, sustentamos a forma rizomática do romance, sua concepção narrativa que quebra com paradigmas estruturais convencionais; quebra essa que reflete em tema o declínio sociopolítico aos processos de hierarquização e outremização pelos quais se urdiu a ficção (ou utopia) da Modernidade. Um basta: sem centro, sem margens.

Biografia do Autor

Amanda Berchez, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Mestra em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas – Brasil. Doutoranda em Estudos Literários na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Araraquara – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-2137-8024. E-mail: amandaberchez@gmail.com.

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Publicado

2022-12-14

Como Citar

BERCHEZ, Amanda. O parque das irmãs magníficas ou sobre uma poética do destrato. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 32, p. 32–52, 2022. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7022. Acesso em: 28 mar. 2024.