Memórias, corpos e resistências: perspectivas decoloniais na literatura brasileira contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.61389/revell.v2i32.7120Palavras-chave:
narrativa, memória, violência, decolonialidadesResumo
A literatura contemporânea tem sido espaço de vozes dissonantes, tanto no que diz respeito ao aspecto revisional do passado, como discurso alternativo ao que se convencionou chamar história, quanto no que se refere ao questionamento dos demais paradigmas engendrados pela modernidade, problematizando, desde as estruturas, as formas impostas pelas epistemes racionalistas e universalizantes. Na literatura brasileira das últimas décadas, é possível observar a incidência temática sobre o passado e suas heranças, cujas formas, confrontadas pela memória, desnudam os efeitos diretos e devastadores das relações de poder e suas políticas, as quais são refratadas em corpos que não habitam, corpos que não ocupam, corpos que não pertencem. Dessa perspectiva, pode-se colocar em diálogo Becos da memória, de Conceição Evaristo, O inventário das coisas ausentes, de Carola Saavedra, e Torto arado, de Itamar Vieira Junior, como poéticas que, inscritas pelo triângulo memória-imagem-relato, tematizam o trânsito da vulnerabilidade à resistência. Observa-se, assim, a partir da análise de algumas das estratégias narrativas que essas obras têm comum, a importância da figuração do corpo na composição da memória, discurso que se constitui como elemento fundamental, à luz dos Estudos Decoloniais, para a re/de/trans/formação do corpo presente e a prospecção de novas realidades.
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