Santa Rita Pescadeira
o mito em Torto arado, de Itamar Vieira Júnior
Visualizações: 3908DOI:
https://doi.org/10.61389/revell.v1i34.7129Palavras-chave:
Literatura, Mito, Santa Rita Pescadeira, Torto AradoResumo
Este trabalho buscou analisar a manifestação mítica de Santa Rita Pescadeira, em Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. Calcado nos condicionamentos teóricos de Ernst Cassirer, Mircea Eliade, André Jolles e André Dabezies, com vistas a definir o alcance e os limites da transposição do mito para a literatura, adotamos como categoria analítica a personagem, delineada em dois movimentos no enredo. No primeiro, ela expressa o caráter de resistência instaurado por sua atuação na Fazenda Água Negra; e, no segundo, ocorre a sua libertação, concretizada no desfecho do relato. A analise se propôs a desenvolver, em um percurso da ficção para a realidade, uma discussão sobre a manutenção e a resistência ancestral das práticas significativas, entre a sacralização e a dessacralização. Assim, acolheu-se o pressuposto de que, ao rememorar-se na narrativa, a encantada do jarê, Santa Rita Pescadeira, não resgata somente a história dos quilombolas do sertão baiano e do Brasil. Ao colocar em evidência o legado traumático da escravidão, bem como as crenças, descrenças e esperanças a ela vinculadas, a atuação da personagem naquela comunidade possibilitou uma tomada de consciência política, de fé e de luta, demonstrando como o mito, da oralidade à escrita, atua atemporalmente na transformação da sociedade.
Referências
CASSIRER, Ernst. Linguagem e mito. 3 ed. Tradução Pola Civelli. São Paulo: Perspectiva. 1992.
DABEZIES, Andre. Mitos primitivos a mitos literários. In: BRUNEL, Pierre (Org.). Dicionário de mitos literários. 4 ed. Tradução Carlos Sussekind [et al.]. Rio de Janeiro: José Olympio, 2005.
ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Tradução Jacó Guinsburg e Miriam Schnaiderman. São Paulo: Perspectiva. 2004.
FERNANDES, Joyce. O legado traumático da escravidão em Torto Arado. Revista Entrelaces, v. 11, n. 23, Jan-Mar, p. 229-249, 2021.
JOLLES, André. Formas simples. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Cultrix, 1976.
VIEIRA JUNIOR, Itamar. Torto arado. Lisboa: LEYA. 2019.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).