Do "conhecimento em terceira pessoa" à escrita de si
a representação do homem negro em Bom-Crioulo (1895) e em Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)
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https://doi.org/10.61389/revell.v2i38.7202Palavras-chave:
Representação, Autoria, Personagem, Homem negro brasileiroResumo
Durante o Realismo-Naturalismo brasileiro, na virada do século XIX para o XX, a pessoa negra adentra às narrativas de ficção como personagem de relevante destaque, como é o caso em Bom-Crioulo (1895), de Adolfo Caminha, e Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), de Lima Barreto. A despeito do protagonismo, pode-se ressaltar um lugar social à margem, tensionado pelo contexto racial, que se faz comum para estes dois casos. Sob essa ótica, este trabalho tem como objetivo observar a representação dada a essas personagens, numa linha de raciocínio que delineia os elementos de composição destes seres de ficção. Assim, ocorre a análise da estrutura que dá forma a Amaro e Isaías Caminha, o primeiro um marinheiro negro inventado pelo autor branco Adolfo Caminha, e o segundo um escrivão, também negro, criação do autor negro Lima Barreto. Em vista disso, nesta análise, é discutido o lugar racial de enunciação dos autores perante as suas criações, o que nos leva a refletir sobre o lugar de representação a que as personagens são relegadas, entre objeto e sujeito (PROENÇA FILHO, 2004), ao mesmo tempo, em que se percebe um certo distanciamento ou uma certa aproximação no que se trata da existência e do (re)conhecimento narrado em terceira pessoa ou em primeira pessoa do homem negro (FANON, 2008).
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