A “Caça às Bruxas” pela ótica discursiva no tratado de demonologia Malleus Maleficarum

Visualizações: 160

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61389/revell.v1i37.7754

Palavras-chave:

bruxaria, discurso, feminino

Resumo

Neste artigo propõe-se analisar os discursos produzidos sobre as bruxas, mulheres e feminino, contidos no tratado de Demonologia, Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas) escrito no período inquisitorial. Através de fragmentos do tratado é possível perceber a produção de lugares destinados ao feminino e às mulheres. Por meio da análise do discurso, e nos pressupostos foucaultianos, põe-se também em evidência a teia de relações e técnicas de saber e poder que envolvem as mulheres, a bruxaria e o feminino. Finalmente, compreendendo que linguagem e discurso são lugares de lutas e disputas permanentes, constata-se a reverberação dos discursos originados no período histórico inquisitorial até os dias atuais.

Biografia do Autor

Rafaela Werneck Arenari Martins, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Mestra em Psicologia institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo - Brasil. Doutoranda em Sociologia Política na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Brasil. Bolsista FAPERJ – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-1164-7021. E-mail: rafaelaarenari@gmail.com.

Adriely de Oliveira Clarindo, Universidade Estadual de Campinas

Mestra em Psicologia institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo - Brasil. Doutoranda em Antropologia Social na Universidade Estadual de Campinas – Brasil, com período sanduíche na Universidade de Lisboa – Portugal. Bolsista CAPES – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-3977-1163. E-mail: clarindoadriely@gmail.com

Mauro Macedo Campos, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais – Brasil. Realizou estágio pós-doutoral em Ciências Políticas na Universidade Estadual de Campias – Brasil. Bolsista do Programa Cientista do Nosso Estado / FAPERJ – Brasil. Professor associado da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Brasil. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0001-9472-5165. E-mail: mauromcampos@uenf.br

Referências

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas 1: magia e técnica, arte e política: ensaios sobre a literatura e história da cultura. São Paulo: Brasiliense, 2019.

BRASIL. Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Brasília, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm. Acesso em: 07 jul. 2022.

BUTLER, Judith. “Sujeitos do sexo/gênero/desejo”. In: BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 2018.

CABOT, Laurie. O poder da bruxa: a terra, a lua e o caminho mágico feminino. Rio de Janeiro. Editora Campus, 1992.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da violência 2019. Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 115 p.

COSTA, Clara Gianni Viana; VELOSO, Victória Santos & LEAL, Ana Christina Darwich Borges. Bruxaria e Normalização: a perseguição às mulheres e ao conhecimento tradicional frente à hegemonia do discurso médico. Gênero na Amazônia, Belém, n. 15, jan./jun 2019, p. 218-227. Disponível em: http://www.generonaamazonia.com/edicoes/edicao-15/15-a-bruxaria-e-normalizacao-a-perseguicao-as-mulheres.pdf. Acesso em: 26 ago. 2022.

DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo editorial, 2016.

DELEUZE, Gilles. O que é um dispositivo. In: DELEUZE, Gilles. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 2016, p.155-163.

DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

DIAS, Bruno Vinicius Kutelak & CABREIRA, Regina Helena Urias. A Imagem da Bruxa: da Antiguidade Histórica às Representações Fílmicas Contemporâneas. Ilha do Desterro, Florianópolis, v. 72, 2019, p. 175-197. DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8026.2019v72n1p175.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. Mulheres, corpo e acumulação primitiva. Rio de Janeiro: Editora Elefante, 2018. 460 p.

FEDERICI, Silvia. Mulheres e caça às bruxas: da Idade média aos dias atuais. 1. ed. São Paulo, Boitempo, 2019.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 3. ed. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996. 80 p.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. In: Microfísica do poder. Graal, 2006.

FOUCAULT, Michel. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 2010.

FOUCAULT, M. A Hermenêutica do sujeito: curso dado no Collège de France (1981- 1982). Trad. Márcio Alves da Fonseca, Salma Tannus Muchail. 2ª edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade 1: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2014. 176 p.

GUIMARÃES, Cecília Severo. Mulher: corpo incivilizado–A crítica feminista marxista de Silvia Federici a Michel Foucault. In: Anais da XVIII Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS: volume 1. Porto Alegre: Editora Fi, 2018, p. 131-145. Disponível em: https://3c290742-53df-4d6f-b12f-6b135a606bc7.filesusr.com/ugd/48d206_39822e565da249a1bc6ec2b5f2ec7a55.pdf. Acesso em: 26 ago. 2022.

KRAEMER, Heinrich; SPRENGER, James. O Martelo das Bruxas. Trad. Paulo Fróes. 28º ed. Rio de Janeiro: Recorde, 2017. 530 p

LUGONES, María “Colonialidad y Género”. Tabula Rasa, n. 9, jul.-dez. 2008, p. 73-101.

LUGONES, María. “Subjetividad esclava, colonialidad de género, marginalidad y opresiones múltiples”. In: Pensando los feminismos en Bolivia. Série Foro 2. La Paz: Fondo Emancipaciones, 2012.

MAESTRO, Ángeles. Feminismo marxista: notas acerca de um processo em construção. Santiago de Compostela: XVII Jornadas Independentistas Galegas, 2013.

MAIZZA, Fabiana & VIEIRA, Suzane de Alencar. Políticas feministas da vida, palavras finais. Campos -Revista de Antropologia, v. 19, n. 2, 2018, p. 9-13. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/campos/article/view/68273. Acesso em: 26 ago. 2022.

MBEMBE, Achille. Necropolítica. São Paulo: n-1 edições, 2021.

MCCLINTOCK, Anne. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas: Editora da Unicamp, 2010.

MELO, Ailton Dias & RIBEIRO, Paula Regina Costa. BRUXAS, PERIGOSAS E DESORDEIRAS: A MULHER E A CULPA NA INQUISIÇÃO. Diversidade e Educação, v. 9, n. Especial, 2021, p. 21-48. DOI https://doi.org/10.14295/de.v9iEspecial.12646.

MÜLLER, Charlotte & SANDERSON, Sertan. Caça às bruxas: um problema que persiste no século 21. Deutsche Welle, 10 ago. 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/ca%C3%A7a-%C3%A0s-bruxas-um-problema-que-persiste-no-s%C3%A9culo-21/a-54520254. Acesso em: 26 ago. 2022.

ORTNER, Sherry. Está a mulher para o homem assim como a natureza para a cultura? In: ROSALDO, Michelle Zimbalist & LAMPHERE, Louise. (coords.). A Mulher, a cultura e a sociedade. Tradução de Cila Ankier e Rachel Gorenstein. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

OSÓRIO, Andréa. Dons da bruxa e trajetórias wiccanas: narrativas sobre ser e tornar-se uma bruxa moderna. Cadernos de Campo, São Paulo, v. 20, n. 20,1991, p. 51-64, 2011. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v20i20p51-64.

PEREIRA, Juliana Torres Rodrigues. Bruxaria e o Feminino na visitação inquisitorial ao arcebispado de Braga (1565). Revista Brasileira de História das Religiões, Maringá, v. 3, n. 9, jan. 2011, p. 1-8.

PRECIADO, Paul B. Texto Yonqui. Madrid, España: Editora Espasa Calpe, 2008.

ROCHA, Carolina. As noivas de Satã: bruxaria, misoginia e demonização no Brasil colonial. Cadernos de Estudos Sociais e Políticos, Dossiê especial "Clássicas", v.6, n.11, 2017, p. 68-79. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/CESP/article/view/32869. Acesso em: 26 ago. 2022.

ROCHA, Carolina. O sabá do sertão. São Paulo: Paco Editorial, 2016.

RUSSELL, Jeffrey B. & ALEXANDER, Brooks. A História da Bruxaria. São Paulo: Aleph, 2019.

SANTOS, Ricardo V. & COIMBRA JR, Carlos Ε.A. (Orgs.) Saúde e povos indígenas. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 1994. 251p.

SILVA, Nereida Soares Martins da. As" mulheres malditas": crenças e práticas de feitiçaria no nordeste da América Portuguesa. Dissertação (Mestrado em História) João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2012.

THOMAS, Keith. Religião e declínio da magia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

TOSI, Lucía. Mulher e Ciência: a revolução científica, a caça às bruxas e a ciência moderna. Cadernos Pagu, n. 10, 1998, p. 369-367. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/4786705. Acesso em: 26 ago. 2022.

em: 26 ago. 2022.

Downloads

Publicado

2024-08-31

Como Citar

MARTINS, Rafaela Werneck Arenari; CLARINDO, Adriely de Oliveira; CAMPOS, Mauro Macedo. A “Caça às Bruxas” pela ótica discursiva no tratado de demonologia Malleus Maleficarum. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 1, n. 37, p. 07–33, 2024. DOI: 10.61389/revell.v1i37.7754. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/7754. Acesso em: 20 nov. 2024.

Edição

Seção

Tema Livre