A saga e a sina do peão de boiadeiro
o regionalismo de Almir Sater e Renato Teixeira
Visualizações: 5DOI:
https://doi.org/10.61389/revell.v2i38.8566Palavras-chave:
Regionalismo, Almir Sater, Renato Teixeira, Narrador, Peão de boiadeiroResumo
As longas jornadas tocando o gado pelas estradas, as intempéries e os causos da viagem, além do trabalho comunitário da comitiva, tornaram a saga e a sina do peão de boiadeiro uma temática cíclica dos sertanejos de asfalto no último século, em meio a qual a produção de Almir Sater e de Renato Teixeira se destaca. O objetivo deste trabalho é analisar a representação do peão de boiadeiro em três canções compostas pelo duo – “Peão”, “Boiada” e “Tocando em frente” – guiados principalmente pelos conceitos de “narrador” (BENJAMIN, 2012), “visão romântica” (LÖWY; SAYRE, 2015) e “regionalismo” (ROSA; NOGUEIRA 2011). Com o inerente desaparecimento da profissão diante da modernidade representada pelo caminhão e as pavimentações das estradas, a imagem do peão de boiadeiro subsiste hodiernamente enquanto um mito de resistência à modernidade capitalista. Sater e Teixeira trazem em sua obra os desprazeres do avanço tecnológico à vida do homem do campo e como a desumanização é inerente a este processo. A partir da produção do duo desenvolveremos o debate sobre a poética regionalista enquanto uma forma de resistência à modernidade, não como um passadismo irrefletido, mas como uma condição incontornável da contemporaneidade.
Referências
BANDUCCI JR, Alvaro. Tradição e ideologia: a construção da identidade em Mato Grosso do Sul. In: MENEGAZZO, Maria Adélia; BANDUCCI JR., Alvaro (orgs.). Travessias e limites: escritos sobre identidade e o regional. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2009.
BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas I: Magia e Técnicas, Arte e Política. Ensaios sobre Literatura e História da cultura. 8. ed. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 2012.
BERNARDES, Carmo. O gado e as larguezas dos Gerais. Estudos Avançados, s/l, v. 9, n. 23, p. 33-58, 1995.
BOSI, Alfredo. Poesia e Resistência. In: BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1983.
BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. São Paulo: Duas Cidades/Editora, 2003.
BOSI, Alfredo. (org.). Plural, mas não caótico. In: BOSI, Alfredo. Cultura brasileira: temas e situações. São Paulo: Ática, 1987.
CEREJA, William Roberto; COCHAR, Thereza. Literatura brasileira: em diálogo com outras literaturas e outras linguagens 5. ed. São Paulo: Atual, 2013.
COSTA, Nelson Barros da. A produção do discurso lítero-musical brasileiro. Tese (Doutorado) – PUCSP Programa: Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, São Paulo: s.n., 2001.
GOUVÊA, Luzimar Goulart. O tempo cultural caipira: pequena problematização na poética de Renato Teixeira. Revista Thesis, São Paulo, ano IV, n. 17. p. 1-17, 2012.
GUINSBURG, Jacob; ROSENFELD, Anatol. Romantismo e Classicismo. In: GUINSBURG, Jacob (org.). O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2011.
GINZBURG, Jaime. O narrador na literatura brasileira contemporânea. Tintas: quaderni di letterature iberiche e iberoamericane. Milão: Facoltà di studi umanistici, 2012.
LUKÁCS, Georg. O romance como epopeia burguesa. Ensaios Ad hominem/ Estudos e edições Ad hominem, n. 1, tomo 2, p. 87-135, 1999.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Cursos de Estética: volume IV. Trad. Marco Aurélio Werle, Oliver Tolle; Consultoria Victor Knoll. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
LIMA, Luiz Costa. Implicações da brasilidade. Floema Caderno de Teoria e História Literária. Bahia: UESB, 2005.
LOURENÇO, Eduardo. O romantismo e Camões. Trad. Maria Cristina Batalha. Idioma, n. 21. Rio de Janeiro: Centro Filológico Clóvis Monteiro – UERJ, 2001.
LÖWY, Michel, SAYRE, Robert. Revolta e melancolia: o romantismo na contracorrente da modernidade. Trad. Nair Fonseca. São Paulo: Boitempo, 2015.
MESQUITA, Naiane; JESUS, Marta de. "Boiada", a canção de Almir e Renato Teixeira predestinada para ser tema de Joventino. Disponível em: <https://primeirapagina.com.br/musica/boiada-a-cancao-de-almir-e-renato-teixeira-que-descreve-joventino-muito-antes-da-novela/> Acesso em 30 de outubro de 2023.
NUNES, Benedito. “A visão romântica”. In: GUINSBURG, Jacob (Org.). O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2011.
SALES, Max Junior. A diversidade composicional na obra Instrumental de Almir Sater. 173f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Música - Escola de Comunicação e Artes / Universidade de São Paulo. São Paulo, 2019.
SATER, Almir; TEIXEIRA, Renato. Peão. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/almir-sater/127233/> Acesso em 30 de outubro de 2023.
SATER, Almir; TEIXEIRA, Renato. Peão Boiada. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/almir-sater/44073/> Acesso em 30 de outubro de 2023.
SATER, Almir; TEIXEIRA, Renato. Peão Tocando em frente. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/almir-sater/44073/> Acesso em 30 de outubro de 2023.
PONTES, José Couto Vieira. História e Literatura de Mato Grosso do Sul. São Paulo: Editora do Escritor, 1981.
ROSA, Maria da Glória Sá; NOGUEIRA, Albana Xavier. A literatura sul-mato-grossense na ótica de seus construtores. Campo Grande: Life Editora, 2011.
WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. Trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
ZANCANARI, Natalia Scarabeli. Estrada boiadeira, sua história, seus peões e comitivas: do Sul de Mato Grosso ao Noroeste paulista. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados: UFGD, 2013.
ZANCANARI, Natalia Scarabeli. A figura que conduz: comitivas e peões boiadeiros no Noroeste paulista. Anais do VI Congresso Internacional de História. Universidade Estadual de Maringá: Maringá, 2013.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE E EXCLUSIVIDADE E CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
Declaro que o presente artigo é original e não foi submetido à publicação em qualquer outro periódico nacional ou internacional, quer seja em parte ou na íntegra. Declaro, ainda, que após publicado pela REVELL, ele jamais será submetido a outro periódico. Também tenho ciência que a submissão dos originais à REVELL - Revista de Estudos Literários da UEMS implica transferência dos direitos autorais da publicação digital. A não observância desse compromisso submeterá o infrator a sanções e penas previstas na Lei de Proteção de Direitos Autorais (nº 9610, de 19/02/98).