Clorinda Matto de Turner

a voz feminista que desafiou o Clero ao denunciar a violência contra mulheres e indígenas

Resumo

Em seu projeto literário, a escritora peruana Clorinda Matto de Turner se mostrou bastante comprometida com a causa indígena durante o século XIX. Ao criticar abertamente, em seus textos, a opressão exercida pelos religiosos sobre os nativos, a autora se tornou uma inimiga declarada do Clero, que passou a persegui-la de modo incansável. Nosso trabalho tem como objetivo demonstrar como Clorinda Matto de Turner, em seu romance Aves sin nido (1889), denuncia os crimes e a exploração praticados pelas autoridades eclesiásticas contra os povos indígenas, especialmente às mulheres nativas que protagonizam a obra. Para tanto, nos fundamentamos teoricamente em Batalla (1990), Barrancos (2022), Cornejo Polar (2005) e Guardia (2007; 2013), entre outros. Como possíveis desdobramentos, observamos que a autora peruana se insere no movimento indigenista, ao assumir uma postura crítica em relação às atitudes dos membros da Igreja Católica, evidenciando os abusos do processo de pós-colonização em que as mulheres foram as maiores vítimas.