Necropolítica, patriarcado e o valor da vida humana nas distopias

Visualizações: 819

Autores/as

  • Alice de Araujo Nascimento Pereira Universidade Federal Fluminense

Palabras clave:

distopias, necropolítica, patriarcado, vida

Resumen

Nas narrativas distópicas The handmaid’s tale de Margaret Atwood, e em The children of men de P.D. James há um desprezo pela vida daqueles que transgridam as regras draconianas dentro daquele contexto autoritário e catastrófico. Em ambos os enredos, há o tema da infertilidade em escala global. Apesar do risco iminente à humanidade, justamente no momento que cada vida devia ser mais valorizada devido à ameaça de extinção, seu valor intrínseco é esvaziado, uma vez que a vida se torna um objeto político. A vida de cada um, indispensável para a sobrevivência de todos, se torna refém das elites dirigentes, que desejam assegurar seu poder. E através desses mecanismos, é a vida das mulheres que perde seu valor mais rapidamente, seus corpos são passivos de controle estatal. A partir do conceito de necropolítica de Mbembe, que argumenta que a política é um trabalho de morte e a soberania é o direito de matar (MBEMBE, 2011, p. 21), e do posicionamento de Bordieu, que afirma que o Estado ratifica e reforça as prescrições e proscrições do patriarcado privado com as de um patriarcado público, pretendemos analisar como vida e morte se tornam mecanismos para legitimar a necropolítica nos contextos desses distopias.   

Biografía del autor/a

Alice de Araujo Nascimento Pereira, Universidade Federal Fluminense

Doutorando em Literatura Comparada da Universidade Federal Fluminense, Professora de inglês do Instituto Federal Fluminense, Mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2012) e Bacharel/licenciada em Letras: inglês/literaturas pela UERJ (2009)

Citas

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: Sovereign Power and Bare Life. Kindle edition. Stanford, Stanford University Press, 1998.

ATWOOD, Margaret. The Handmaid’s Tale. Nova York: Fawcett Crest, 1986.

________, Margaret. “The Handmaid's Tale and Oryx and Crake ‘In Context’”. PMLA, Vol. 119, No. 3, pp. 513-517, 2004. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/25486066?seq=1#page_scan_tab_contents. Acessado em: 31/05/2011.

BAUMAN, Zigmund; DONSKIS, Leonidas. Moral Blindness. Cambridge: Polity Press, 2013.

BAUMAN, Zygmunt. Liquid Times: Living in an Age of Uncertainty. Cambridge: Polity Press, 2007.

BORDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução: Maria Helena Kuhner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010.

BOOKER, M. Keith. Dystopian Literature: A theory and research guide. Westpoint: Greenwood Press. 1994.

FOUCAULT, Michel. A história da sexualidade I: a vontade de saber. Tradução: Maria Thereza da Costa Albuquerque e J A. Guilhon Albuquerque. Edições Graal: Rio de Janeiro. 1988.

GOMEL, Elana. “The Plague of Utopias: Pestilence and the Apocalyptic Body”. In: Twentieth Century Literature, vol 36, no 4. 2000, p. 405-433. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/827840. Acessado em 19/01/2011

HIRATA, Helena et al. (orgs.). Dicionário crítico do feminismo. São Paulo: editora UNESP, 2009.

JAMES, P.D. The Children of Men. Nova York: Alfred A. Knopf, 1993.

DE LA ROCQUE, Lucia. “Submissão e resistência nas variações de gênero em Butler e Atwood”. In: Feminismos, identidades e comparativismos: vertentes nas literaturas de língua inglesa, p. 73-90. Rio de Janeiro: Eduerj, 2011.

MBEMBE, Achille.”Necropolítica” Em: Necropolítica seguido de Sobre el govierno privado indirecto. Tradução e edição de Elisabeth Falomir Archambault. Madri: editora Melusina. 2011, p. 17-76.

MacKINNON, Catharine. “Feminism, Marxism, Method, and the State: Towards a Feminist Jurisprudence”. In: Signs, vol 8, no 4. Chicago: University of Chicago Press, 1983, p. 635-658. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/3173687. Acessado em: 26/04/2010

McCLINTOCK, Anne. “Family Feuds: Gender, Nationalism and the Family”. In: Feminist Review no 44, 1993, p 61-80.

RICH, Adrienne. Of Women Born: Motherhood as Experience and Institution. Nova York e Londres: W. W. Norton & Company, 1995.

Publicado

2017-11-16

Cómo citar

PEREIRA, Alice de Araujo Nascimento. Necropolítica, patriarcado e o valor da vida humana nas distopias. REVELL - REVISTA DE ESTUDIOS LITERARIOS DA UEMS, [S. l.], v. 3, n. 17, p. 143–158, 2017. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/1978. Acesso em: 25 nov. 2024.