Uma das piores faces das masculinidades: a violência conjugal em contos de Mia Couto e Rubem Fonseca

Visualizações: 827

Autores

  • Luiz Carlos Simon Universidade Estadual de Londrina

Palavras-chave:

violência conjugal, masculinidades, Mia Couto, Rubem Fonseca

Resumo

Este artigo pretende focalizar uma das questões relacionadas com as masculinidades: a violência doméstica praticada por homens contra mulheres. A representação do problema é construída através da análise dos dois contos selecionados: “Saíde, o Lata de Água”, de Mia Couto, e “Homem não pode bater em mulher”, de Rubem Fonseca, escritos em língua portuguesa entre o final do século XX e o início do século XXI. A introdução contém considerações sobre as conexões entre violência e masculinidades, sua manifestação na vida conjugal e o papel da literatura para a apresentação dessas questões. Entre os principais tópicos que emergem dos contos estão a dominação, o senso de que a mulher é propriedade do marido e as respostas de vizinhos aos episódios de agressão. O uso da violência torna-se estratégia masculina para ocultar a vulnerabilidade e a impotência; por outro lado, as reações às agressões conjugais ajudam a promover tentativas de mudança. Leituras de autores como Buchbinder, Connell, Machado, Nolasco, Virgili e Welzer-Lang, entre outros, são utilizadas para aproximar interpretações literárias e teorias sobre masculinidades. As leituras ainda pretendem contribuir para investigar como e se os contos podem constituir narrativas alternativas para novos modos de ser homem.

Biografia do Autor

Luiz Carlos Simon, Universidade Estadual de Londrina

Mestrado e Doutorado em Ciência da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-Doutorado na Universidade Estadual de Campinas e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor-Associado da Universidade Estadual de Londrina. Autor do livro Duas ou três páginas despretensisosas: a crônica, Rubem Braga e outros cronistas.

Referências

BAUBÉROT, Arnaud. Não se nasce viril, torna-se viril. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise?. Séculos XX e XXI. Tradução Noéli C. M. Sobrinho e Thiago A. L. Florencio. Petrópolis: Vozes, 2013. v. 3.

BORIS, Georges Daniel Janja Bloc. Falas de homens: a construção da subjetividade masculina. São Paulo: Annablume; Fortaleza: Secretaria Estadual de Cultura, 2002.

BUCHBINDER, David. Studying men and masculinities. New York: Routledge, 2013.

CAROL, Anne. A virilidade diante da medicina. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise?. Séculos XX e XXI. Tradução Noéli C. M. Sobrinho e Thiago A. L. Florencio. Petrópolis: Vozes, 2013. v. 3.

CECCHETTO, Fátima Regina. Violência e estilos de masculinidade. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

CONNELL, R. W. Masculinities. Berkeley: University of California Press, 2005.

______. The men and the boys. Berkeley: University of California Press, 2000.

______. Gênero em termos reais. Tradução Marília Moschkovich. São Paulo: nVersos, 2016.

CONNELL, Raewyn; PEARSE, Rebecca. Gênero: uma perspectiva global. Tradução Marília Moschkovich. São Paulo: nVersos, 2015.

COUTO, Mia. Vozes anoitecidas. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

FONSECA, Rubem. Calibre 22. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2017.

______. Feliz ano novo. Rio de Janeiro: Artenova, 1975.

______. O cobrador. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1979.

HAROCHE, Claudine. Antropologias da virilidade: o medo da impotência. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise?. Séculos XX e XXI. Tradução Noéli C. M. Sobrinho e Thiago A. L. Florencio. Petrópolis: Vozes, 2013. v. 3.

MACHADO, Lia Zanotta. Masculinidades e violências: gênero e mal-estar na sociedade contemporânea. In: SCHPUN, Mônica Raisa (Org.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.

MILLINGTON, Mark. Hombres in/visibles: la representación de la masculinidad en la ficción latinoamericana, 1920-1980. Tradução Sonia Jaramillo. Bogotá: Fondo de Cultura Económica, 2007.

MURPHY, Peter F. (Ed.). Fictions of masculinity: crossing cultures, crossing sexualities. New York: New York University Press, 1994.

NOLASCO, Sócrates. A desconstrução do masculino: uma contribuição crítica à análise de gênero. In: _____. (Org.). A desconstrução do masculino. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

______. Um “homem de verdade”. In: CALDAS, Dario (Org.) Homens. São Paulo: Senac, 1997.

NOVAES, Joana de Vilhena. “Aqui tem homem de verdade”: violência, força e virilidade nas arenas de MMA. In: DEL PRIORE, Mary; AMANTINO, Marcia. (Orgs.). História dos homens no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2013.

SHAMIR, Milette; TRAVIS, Jennifer. Introduction. In: _____. (eds.). Boys don’t cry?: rethinking narratives of masculinity and emotion in the U.S. New York: Columbia University Press, 2002.

VANALLI, Marilani Soares. Vozes em confronto em “Saíde, o Lata de Água”, de Mia Couto. Miscelânea: Revista de Literatura e Vida Social. Assis, Universidade Estadual Paulista, v. 19, p. 221-234, 2016.

VIRGILI, Fabrice. Virilidades inquietas, virilidades violentas. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques; VIGARELLO, Georges. (Orgs.). História da virilidade: a virilidade em crise?. Séculos XX e XXI. Tradução Noéli C. M. Sobrinho e Thiago A. L. Florencio. Petrópolis: Vozes, 2013. v. 3.

WELZER- LANG, Daniel. Os homens e o masculino numa perspectiva de relações sociais de sexo. Tradução Maria Cristina Cupertino. In: SCHPUN, Mônica Raisa (Org.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo; Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.

Downloads

Publicado

2018-10-22

Como Citar

SIMON, Luiz Carlos. Uma das piores faces das masculinidades: a violência conjugal em contos de Mia Couto e Rubem Fonseca. REVELL - REVISTA DE ESTUDOS LITERÁRIOS DA UEMS, [S. l.], v. 2, n. 19, p. 320–341, 2018. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/index.php/REV/article/view/2827. Acesso em: 28 mar. 2024.