A ÁFRICA E A INTERNACIONALIZAÇÃO NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS: ANÁLISE INICIAL SOBRE AS POLÍTICAS DE MOBILIDADE INTERNACIONAL DA USP E DO PROGRAMA CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS ENTRE 2011 E 2019
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https://doi.org/10.61389/rbecl.v10i16.8587Palavras-chave:
Internacionalização, Brasil-África, Cooperação acadêmicaResumo
Este ensaio tem como objetivo apresentar reflexões e análises quantitativas e qualitativas sobre a mobilidade acadêmica entre as universidades brasileiras e suas relações com universidades de países africanos durante o processo de internacionalização na década de 2010. O foco recai especialmente sobre a Universidade de São Paulo (USP) e sua Faculdade de Educação. Analisamos dados relacionados à mobilidade acadêmica proporcionada pelo Programa Ciência sem Fronteiras (2011-2017), assim como as bolsas de intercâmbio para pós-graduação em universidades federais, e examinamos os indicadores de internacionalização da USP. Nossas reflexões emergem da nossa experiência como pesquisadores afro-brasileiros que realizaram intercâmbios em países africanos, incluindo a África do Sul, Angola e Moçambique, entre 2014 e 2019. Como resultados identificamos um número significativamente baixo de mobilidade e convênios com instituições africanas em comparação com aqueles estabelecidos com instituições norte-americanas e europeias. No âmbito do Programa Ciência sem Fronteiras, menos de 1% das mais de 90 mil bolsas concedidas foram destinadas ao continente africano, com a África do Sul sendo o único destino. Na USP, das 42 unidades de ensino e pesquisa, apenas 5 mantinham convênios com universidades africanas. Entretanto, destacamos a Faculdade de Educação da USP, que tem promovido um modelo de internacionalização ativo e silencioso, conforme definido por Costa e Barzotto (2022), favorecendo relações com países africanos. Identificamos a presença marcante do racismo epistêmico na internacionalização acadêmica brasileira, evidenciada pela preferência, valorização e financiamento desproporcionais da mobilidade acadêmica com instituições europeias em detrimento das universidades africanas. Esse fenômeno perpetua uma desigualdade estrutural que limita não apenas a valorização dos saberes de diferentes tradições e contextos, mas também o potencial para uma troca de conhecimentos frutífera entre nações com experiências próximas e possibilidades de contribuições mutuamente enriquecedoras.
Referências
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