O AVANÇO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA BRASILEIRA E A NOVA (DES)ORDEM NO RURAL MOÇAMBICANO: UMA ANÁLISE A PARTIR DO PROSAVANA
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O presente artigo procura discutir os desdobramentos sócio-territoriais do ProSAVANA no Corredor de Nacala. Em termos metodológicos, além de ser um estudo de caráter empírico e qualitativo, de ter sido suportado por uma revisão de literatura, a sua elaboração contou com a realização de entrevistas semi-estruturadas e foram aplicadas a vários atores sociais, entre eles, camponeses locais, ligas camponesas, Campanha Não ao ProSAVANA, executores do ProSAVANA, acadêmicos e movimentos sociais moçambicanos e brasileiros. Da análise feita, compreende-se que o ProSAVANA é um programa que visa a acumulação ampliada do capital à escala global a partir do Corredor de Nacala, usando os territórios comunitários e sua gente no processo de produção de commodities. É também uma ameaça ao modo camponês de produção que predomina nesta região e com ele, a soberania alimentar dos povos locais, e consequentemente, a segurança alimentar e nutricional. A expropriação de terras e expulsão dos camponeses dos seus territórios é inevitável por onde o agronegócio se implanta, por isso, com o ProSAVANA o cenário não será tão diferente do que aconteceu no cerrado brasileiro quando foi implementado com o nome de PRODECER. A destruição da biodiversidade é também inevitável, por isso, considera-se o ProSAVANA como sendo um programa nocivo ao meio ambiente e a sua implementação efetiva pode trazer desequilíbrios ecológicos irreversíveis ao longo do Corredor de Nacala. As lutas e resistências camponesas e dos movimentos sociais contra implementação efetiva do ProSAVANA são legítimas, olhando para o caráter perverso do agronegócio por onde se implanta.
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