Chamada para publicação Volume 13, Número 39 – 2023 (Março)

02-05-2023

Chamada para publicação Volume 13, Número 39 – 2023 (Março)

Temática: LINGUAGEM NO CONTEXTO SOCIAL E MULTILINGUISMO

Submissão: Fluxo Contínuo

 

MULTILINGUISMO

substantivo masculino

  1. SOCIOLINGUÍSTICA

coexistência de sistemas linguísticos diferentes (língua, dialeto, falar etc.) numa comunidade [As exigências do meio em que vivem os falantes, as situações específicas, levam ao uso circunstancial de um dentre os diferentes sistemas.].

  1. LINGUÍSTICA

conhecimento de mais de uma língua, por um mesmo falante.

Fonte: Oxford Languages - Oxford University Press.

 

LINGUAGEM NO CONTEXTO SOCIAL é  uma  área  da  Linguística  que estuda a relação entre a língua que falamos e a sociedade em que vivemos.

E com base nessa relação temos:

A língua é uma manifestação cultural e a linguística é a ciência que faz a interpretação da língua. Através da língua, pode-se conhecer a cultura de um povo e esse é o lado social da linguagem,  conhecido como sociolinguística.

A definição da sociolinguística, de acordo com a linguista americana Suzanne Romaine, refere-se às perspectivas conjuntas de linguistas e sociólogos, face às questões influenciadas pela sociedade em sua linguagem.

Inicialmente, a sociolinguística tinha por tarefa descrever diferentes variedades que coexistem dentro de uma comunidade de fala. Porém, hoje engloba tudo o que diz respeito ao estudo da linguagem em seu contexto sociocultural.

Assim, podemos ter a compreensão de duas áreas de estudo: enquanto a macrossociolinguística toma a sociedade como ponto de partida e a linguagem como elemento organizador das comunidades, a microssociolinguística toma a própria língua como alvo e trata as pressões sociais como fatores essenciais na determinação das estruturas linguísticas.

A partir daí, podemos afirmar que um indivíduo pode ser analisado pela linguagem social, mas o aspecto individual somente poderá ser analisado coletivamente.

Segundo o linguista americano William Bright, a diversidade assume um caráter importante que é perceptível  através de três ângulos: a identidade social do emissor, a identidade social do receptor e as condições da situação comunicativa.

A função da língua é, acima de tudo, manter o relacionamento entre as pessoas. A língua pode afetar a sociedade, influenciando ou mesmo controlando a visão de mundo de seus falantes. Assim sendo, nenhum indivíduo tem a liberdade de perceber a natureza com total imparcialidade. É o que aponta a hipótese Sapir-Whorf, desenvolvida pelos linguistas Edward Sapir e Benjamin Lee Whorf, também conhecida como relativismo linguístico, segundo o qual nossa visão de mundo é determinada por nossa língua.

É certo que vários ramos do conhecimento humano enfocam o mesmo objetivo: a língua. Tais ramos se distinguem pela forma como veem ou analisam a língua. No caso da sociolinguística, como o conceito vem se expandindo muito, houve a invasão de outros domínios e, assim, torna-se trabalhoso distinguí-la de outras disciplinas afins, tais como a sociologia da linguagem, a etnografia da comunicação, a dialetologia, a geografia linguística e a pragmática.

Apesar do linguista William Labov ter identificado problemas ou dificuldades metodológicas que inviabilizaram a descrição da língua a partir de dados coletados da fala dos indivíduos, como a agramaticalidade do discurso ou a variação na fala, é importante ressaltar que a sociolinguística pode ser um importante instrumento para o combate a problemas sociais decorrentes da linguagem, como  o preconceito linguístico. Segundo o conceito do linguista Marcos Bagno, o supramencionado problema é a comparação indevida entre o modelo idealizado de língua da gramática normativa e o modo de falar das pessoas no cotidiano, diverso e fruto de processo histórico e cultural, sendo, portanto, uma forma de expressão da exclusão social.

Fonte: FIORIN, J. L. (org.) Introdução à linguística I: objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2004.

 

Para o leigo no Brasil se fala somente o português; isso não está de todo errado, visto que, a língua portuguesa é o idioma falado pela maioria das pessoas que vivem no país. No entanto, em nosso território convivem falantes de línguas indígenas, de imigração, de fronteira e de sinais. Em razão das relações entre seus falantes, essas línguas influenciam-se e modificam-se.

O Brasil figura entre os países de maior diversidade linguística do mundo. As línguas são faladas no país se dividem entre línguas indígenas, de imigração, de sinais e de comunidades afro-brasileiras.

Temos apenas uma estimativa do número de línguas faladas no Brasil. Em relação às línguas indígenas, os dados do Censo são maiores daqueles que os pesquisadores costumam reproduzir, que é em torno de 180 línguas indígenas. Além dessas, pesquisas mostram que há 56 línguas faladas por descendentes de imigrantes que vivem no Brasil há pelo menos três gerações.

Com tanta diversidade, o Brasil tem suas particularidades linguísticas, já que as línguas são objetos históricos e estão sempre relacionadas aos seus falantes. A maioria da população brasileira é monolíngue, isto é, fala apenas o português, que é a sua língua materna e também a língua franca, nacional e oficial do País.

Contudo, não é possível dizer que somos um país monolíngue, já que temos cenários multilíngues, ou seja, grupos populacionais que falam línguas maternas diferentes, mas são capazes de se comunicar em outra língua. Há também grupos que além de suas línguas maternas utilizam outras línguas para a comunicação, como ocorre em São Gabriel da Cachoeira (AM), onde convivem falantes de quatro línguas oficiais: português, nheengatu, tucano e baniwa.

Apesar da enorme diversidade linguística no Brasil, a relação dos falantes e de suas línguas é desigual em comparação à língua portuguesa. A percepção dominante, inclusive, é de que aqui se fala apenas uma língua.

Considerando a importância de conhecer essa diversidade e de preservar tantas línguas com alto risco de desaparecimento, foi criado, por meio do Decreto Federal 7.387/2010, que institui o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), um instrumento para inserir as línguas como referência cultural brasileira, administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O contingente populacional que fala outras línguas é numericamente pouco expressivo em relação ao quantitativo de falantes de português. Esse desequilíbrio, sobretudo das línguas indígenas e das línguas de imigração, torna o português uma espécie de ameaça à preservação dessas outras línguas, pois o português é o veículo por excelência de comunicação em todos os campos da nossa sociedade. Isso leva ao desestímulo e ao paulatino abandono da utilização das línguas maternas.

Fonte: Ipol

 

ENFIM . . .

Multilinguismo:

- Multilinguismo é coexistência de idiomas diversos em determinado espaço (país, estado, cidade…), gerando interações e influências entre si.