A MATERNIDADE E O CÁRCERE: UMA ANÁLISE SOBRE A REALIDADE PRISIONAL FEMININA E OS DANOS DA SEPARAÇÃO MÃE-FILHO

Visualizações: 870

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.61389/rjdsj.v9i13.6499

Resumen

O presente artigo científico tem por objeto fazer uma breve análise do sistema prisional feminino, com enfoque nos aspectos que envolvem a maternidade no ambiente carcerário – compreendendo o período gestacional e pós-parto, a convivência entre mãe e filho dentro da prisão e o momento da separação – além de abordar a violência de gênero no contexto prisional, visto que não são atendidas as particularidades da mulher, especificamente no exercício da maternidade. Para tanto, buscou-se verificar as legislações nacionais e internacionais que tratam sobre o tema, denunciar as irregularidades vivenciadas e apontar possíveis alternativas ao encarceramento. Os resultados evidenciaram que a previsão normativa de direitos e garantias às apenadas mães e gestantes carece de aplicabilidade e não é suficiente para que estas exerçam de maneira plena sua maternidade e para que não venham a sofrer com uma dupla punição estatal,arbitrariamente estendida aos seus filhos.

Biografía del autor/a

MILENA DE AGUIAR FREIRE, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (2021). Dourados/MS

KARINE CORDAZZO, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Doutoranda em Sistema Constitucional de Garantia de Direitos, Linha: Direitos fundamentais e Inclusão social, pela Instituição Toledo de Ensino - ITE/Bauru. Mestre em Fronteiras e Direitos Humanos pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD (2019) - Bolsista CAPES. Especialista em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera - Uniderp (2017). Graduada em Direito pelo Centro Universitário da Grande Dourados - UNIGRAN (2015). Diplomada em Saber Penal y Criminología pela Asociación Latinoamericana de Derecho Penal y Criminología - ALPEC (2019). Professora da Pós-Graduação Lato Sensu em Direito Público do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN). Professora de Direito Penal e Direito Processual Penal do Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN) e Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Advogada. https://orcid.org/0000-0003-3465-0792.

Citas

ANGOTTI, Bruna. Entre as leis da ciência do Estado e de Deus: O surgimento dos presídios femininos no Brasil. São Paulo: IBCCRIM, 2012. p. 178-179.

ARAÚJO, Aparecida do Nascimento Vieira de et al. Percepção de Mães Presidiárias Sobre os Motivos que Dificultam a Vivência do Binômio. Revista Enfermagem Contemporânea, p. 137, 2014. Disponível em: <https://www5.bahiana.edu.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/411/341.>. Acesso em 16 de julho de 2020.

BANDEIRA, Regina. Presídios femininos: o descaso com saúde e alimentação de grávidas e crianças. Agência CNJ de Notícias. 2018. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/carmen-lucia-em-mg-nenhuma-crianca-deve-nascer-numa-penitenciaria-2/>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

BRAGA, Ana Gabriela; FRANKLIN, Naila Ingrid Chaves. Quando a casa é a prisão: uma análise de decisões de prisão domiciliar de grávidas e mães após a Lei nº 12.403/2011. Rio de Janeiro, 2016. p. 351. Disponível em: <http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/quaestioiuris/article/view/18579/15789 >. Acesso em 20 de agosto de 2020.

BRASIL, The Incerpt. E aí, STF? Juízes ignoram a lei e mantêm mais de 3 mil mães na cadeia longe dos filhos durante a pandemia. Disponível em: <https://theintercept.com/2020/05/09/juizes-ignoram-lei-maes-presas-pandemia/>. Acesso em 11 de julho de 2020.

BRASIL. Altera a Lei de Execução Penal. Lei n. 11.942, de 28 de maio de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11942.htm>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

BRASIL. Altera o Código de Processo Penal. Lei n. 12.403, de 4 de maio de 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12403.htm#art1>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

BRASIL. Altera o Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 12.962, de 8 de abril de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato 2011-2014/2014/Lei/L12962.htm>. Acesso em 16 de julho de 2020.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas. Regras de Mandela: Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos. 1ª ed. Brasília: Conselho Nacional de Justiça, 2016. p. 21. Disponível em: <https://www.cnj.jus.br/wp-content/uploads/2019/09/a9426e51735a 4d0d8501f06a4ba8b4de.pdf>. Acesso em 31 de julho de 2020.

BRASIL. Conselho Nacional De Justiça. Recomendação N° 62, de 17 de Março de 2020. Recomenda aos Tribunais e magistrados a adoção de medidas preventivas à propagação da infecção pelo novo coronavírus – Covid-19 no âmbito dos sistemas de justiça penal e socioeducativo. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3246>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Regras de Bangkok: Regras das Nações Unidas para o Tratamento de Mulheres Presas e Medidas Não Privativas de Liberdade para Mulheres Infratoras. Disponível em: <https://carceraria.org.br/wp-content/uploads/2018/01/documento-regras-de-bangkok.pd f>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei n. 7.210, de 11 de julho de 1984. Disponível em: <http://www.plan alto.gov.br/ccivil_03/leis/l7210.htm>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Lei nº 13.434 de 12 de abril de 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_At o2015-2018/2017/Lei/L13434.htm>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Departamento Penitenciário Nacional. Nota Técnica nº 18/2020/DIAMGE/CGCAP/DIRPP/DEPEN/MJ. 2020. Disponível em: <http://depen.gov.br/D EPEN/SEI_MJ11609229NotaTcnica.pdf>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Ministério da Justiça. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – INFOPEN Mulheres. 2ª. ed. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional, 2018. Disponível em: <http://www.conectas.org/wp/wp-content/uploads/2018/05/infopenmulheres_arte_07-03-18.pdf>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

BRASIL. Ministério da Justiça. Relatório temático sobre mulheres privadas de liberdade. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen Mulheres) – junho de 2017. Organização: Marcos Vinícius Moura Silva. Brasília: Ministério da Justiça e Segurança Pública, Departamento Penitenciário Nacional, 2019. Disponível em: <http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen-mulheres/copy_of _Infopenmulheresjunho2017.pdf>. Acesso em 31 de julho de 2020.

BRASIL. Palácio do Planalto. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em 31 de julho de 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus n° 143.641. Relator: Ministro Ricardo Lewandowski. São Paulo, 2018. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/ane xo/HC143641final3pdfVoto. pdf>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus n° 183.584. Relator: Ministro Gilmar Mendes. Rio de Janeiro, 2020. p. 3 e 4. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/gm-converte-preventiva-domici liar-mae.pdf>. Acesso em 8 de julho de 2020.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 580.252/MS. Relator: Ministro Teori Zavascki. p. 7. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/RE580252LR B.pdf>. Acesso em 24 de agosto de 2020.

CERNEKA, Heidi Ann. Homens que menstruam: Considerações acerca do sistema prisional às especificidades da mulher. Belo Horizonte: Veredas do Direito, 2009.

DA CUNHA, Yasmim Bezerra. A violação dos Direitos Humanos das mulheres grávidas no cárcere. Disponível em: <http://www.justificando.com/2018/08/27/a-violacao-dos-direitos-humanos-das-mulheres -gravidas-no-carcere/>. Acesso em 16 de julho de 2020.

DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Núcleo Especializado de Situação Carcerária. Direitos e deveres das mulheres presas. Disponível em: . Acesso em 11 de julho de 2020.

ESPINOZA, Olga. A mulher como vítima e agressora no sistema punitivo. Revista Transdisciplinar de Ciências Penitenciárias. Pelotas: Universidade Católica de Pelotas, 2003. p. 39.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: Nascimento da prisão. 29ª ed. Tradução Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 31.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Contínua. 2º Trimestre/2017. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6 403#resultado/>. Acesso em 31 de julho de 2020.

INSTITUTO TERRA, TRABALHO E CIDADANIA. MulhereSemPrisão: enfrentando a (in)visibilidade das mulheres submetidas à justiça criminal. São Paulo: ITCC, 2019. p. 11 e 99. Disponível em: <http://ittc.or g.br/wp-content/uploads/2019/05/mulheresemprisao-enfrentando-invisibilidade-mulheres-submetidas-a-justica-criminal.pdfR>. Acesso em 10 de julho de 2020.

LEAL, Maria do Carmo. et al. Nascer na prisão: gestação e parto atrás das grades no Brasil. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 7., 2016. p. 2.068. Disponível em: <https://www.sci elo.br/pdf/csc/v21n7/1413-8123-csc-21-07-2061.pdf >. Acesso em 7 de agosto de 2020.

QUEIROZ, Nana. Presos que menstruam: a brutal vida das mulheres – tratadas como homens – nas prisões brasileiras. 1ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2015.p. 42-43.

SALMAZIO, CAMILA; DOLCE, JULIA. Jéssica Monteiro: prisão, maternidade e o direito à dignidade. Brasil de Fato, 2018. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2018/03/07/jessica-monteiro-prisao-maternidade-e-o-direito-a-dignidade/>. Acesso em 16 de julho de 2020.

SPINOLA, Priscila Feres. A experiência da maternidade no cárcere: cotidiano e trajetórias de vida. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2016. p. 12. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5170/tde-11052017-1 40243/publico/PriscillaFeresSpinola.pdf>. Acesso em 7 de agosto de 2020.

STELLA, Claudia. Filhos das mulheres presas: o papel materno na socialização dos indivíduos. Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia. Rio de Janeiro: UERJ, 2009. p. 293. Disponível em: <http://www.re vispsi.uerj.br/v9n2/artigos/pdf/v9n2a03.pdf>. Acesso em 23 de julho de 2020.

Publicado

2022-05-20

Cómo citar

FREIRE, M. D. A., & CORDAZZO, K. (2022). A MATERNIDADE E O CÁRCERE: UMA ANÁLISE SOBRE A REALIDADE PRISIONAL FEMININA E OS DANOS DA SEPARAÇÃO MÃE-FILHO. REVISTA JURÍDICA DIREITO, SOCIEDADE E JUSTIÇA, 9(13), 1–27. https://doi.org/10.61389/rjdsj.v9i13.6499