ALFORRIAS E RELIGIOSIDADE EM SANT’ANNA DE PARANAHYBA (1838-1888).
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https://doi.org/10.61389/rcs.v1i1.6255Résumé
Este artigo é resultante de pesquisa desenvolvida como objetivo central de recuperar, analisar e interpretar aspectos da história da escravidão contidos nos Registros e Notas do Serviço Notarial e Registral do Primeiro Ofício do Município de Paranaíba, Estado de Mato Grosso do Sul, entre 1838 e 1888. Foram analisadas informações contidas nos registros a respeito da escravidão na comarca e região do período correspondente entre 22 de agosto de 1838 a 24 de março de 1888, relativos a cinquenta anos de história escravocrata do município. Tais informações foram analisadas e reunidas num corpus documental e dentre as temáticas identificadas estão as Cartas de Liberdade. Estes dados, verdadeiros fragmentos do passado, se constituem nos “indícios” para a compreensão do cenário social escravagista. No entanto, os passos a serem dados nesse contexto requerem um caminhar ao passado, impossível de ser alcançável diretamente e em sua plenitude. Para vencer esse desafio, e, a partir daí construir uma narrativa, recorremos a uma ferramenta, um modelo metodológico norteador dessa tarefa: trata-se do “paradigma indiciário” desenvolvido por Ginszburg (1989). Tanto as informações extraídas dos documentos, quanto o método utilizado, permitiram recuperar aspectos do cotidiano de um regime assentado na mão de obra escrava, e foi possível compreender dois aspectos importantes: parte das práticas do cotidiano entre senhores e escravos, suas motivações para concessão de manumissões, as quais, por sua vez, guardam estreitas relações entre os fatos ocorridos no Brasil durante boa parte do século XIX, além da contraditória relação entre religião e manumissão na nascente Freguesia de Sant’Anna do Paranahyba/MS.
Références
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