VARIAÇÃO LEXICAL NA FALA DE JOVENS MARANHENSES
UM ESTUDO PRELIMINAR PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ATLAS GEOSSOCIOLINGUÍSTICO DA FALA DOS JOVENS BRASILEIROS
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Geossociolinguística, Variação lexical, Fala da juventudeResumo
A Dialetologia tradicional, visando ao registro dos dialetos produzidos majoritariamente no campo, em lugares longínquos, com pouca mobilidade social e espacial, interessava-se muito mais pela fala de informantes adultos, mormente idosos, que pela fala da juventude. Todavia, com o passar dos anos, no contexto de uma sociedade cada vez mais globalizada e dinâmica, percebeu-se a necessidade de se desenvolverem técnicas e recursos que pudessem dar conta da variação linguística em projeção multidimensional, como o fazem atualmente a Dialetologia Pluridimensional e a Geossociolinguística. Neste contexto, o presente trabalho objetiva descrever a variação lexical presente na fala de jovens maranhenses, considerando a variável idade e precipuamente o fator sexo. Para tanto, guiando-se pelas orientações teórico-metodológicas do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB), aplicou-se um questionário semântico-lexical composto de 60 perguntas relacionadas aos campos semânticos: COMPORTAMENTO E CONVÍVIO SOCIAL, COMPORTAMENTO E VIVÊNCIA ESCOLARES, RELAÇÕES AFETIVAS, REDES SOCIAIS E JOGOS, VESTUÁRIO E APARÊNCIA. Foram selecionados oito informantes, quatro meninos e quatro meninas, todos cursando o primeiro ano do ensino médio de uma escola pública estadual do Maranhão. A pesquisa está embasada teoricamente nos pressupostos da Dialetologia Contemporânea, que inclui no escopo de sua metodologia princípios e conceitos oriundos da Sociolinguística (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968 [2006]; LABOV, 1972 [2008]). Mais especificamente, trata-se de uma abordagem Geossociolinguística (RAZKY, 2003). Os resultados indicam que as variantes mais frequentes foram: preguiça (questão 6), treta (questão 22), gay, qualira (questão 35), mão de vaca (questão 2), caloteiro (questão 3), alcoólatra (questão 4), bullying (questão 5), uma ligação (questão 14), mico (questão 17), mão leve (questão 18), lisa (questão 25) e ônibus (questão 30), nas quais o fator sexo se mostrou relativamente pertinente. Percebeu-se, também, que a escolha de algumas variantes permite refletir sobre a dimensão sociocultural em que estão inseridos os informantes, revelando juízos de valor, preconceito e machismo subjacentes ao uso de determinadas formas linguísticas.
ABSTRACT: Traditional Dialectology, aiming to register the dialects produced mainly from fieldwork, in distant places, with limited social and spatial mobility, was much more interested in the speech of adult informants, especially elderly people, than in the speech of youth. However, over the years, in the context of an increasingly globalized and dynamic society, a need was felt to develop techniques and resources that could account for the linguistic variation in multidimensional projection, as do Pluridimensional Dialectology and Geosociolinguistics perspectives. In this context, the present work aims to describe the lexical variation present in the speech of young maranhenses, considering age variable and sex variables. For this, a semantic-lexical questionnaire composed of 60 questions was applied, following the theoretical-methodological guidelines of the Brazilian Linguistic Atlas Project (ALiB), related to semantic fields: BEHAVIOR AND SOCIAL CONVIVAL, SCHOOL BEHAVIOR AND LIVING, AFFECTIVE RELATIONS, SOCIAL NETWORKS AND GAMES, CLOTHING AND APPEARANCE. Eight informants were selected, four boys and four girls, all of them attending the first year of high school in a state public school in Maranhão. The research is based theoretically on the presuppositions of contemporary dialectology, which includes in the scope of its methodology principles and concepts originating from Sociolinguistics (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968 [2006]; LABOV, 1972 [2008]) and more specifically from a geosociolinguistic approach (RAZKY, 2003). The results indicate that the most frequent lexical variants were: laziness (question 6), ‘treta’ (question 22), gay, ‘qualira’ (question 35), penny-pincher (question 2), dead·beat (question 3), alcoholic (question 4), bullying (question 5), a call (question 14), mico (question 17), ‘mão leve’ (question 18), ‘lisa’ (question 25) and ‘ônibus’ (question 30), in which the sex factor was relatively relevant. The results show also that the choice of some variants allows to reflect on the socio-cultural dimension in which the informants are inserted, revealing judgments of value, prejudice and machismo underlying the use of certain linguistic forms.
KEYWORDS: Geosociolinguistics; Lexical variation; Language of youth.
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