A VARIAÇÃO ENTRE TER E HAVER: O QUE REVELAM OS TEXTOS ESCOLARES?
THE DIFFERENCE BETWEEN TER AND HAVER: WHAT DO SCHOOL TEXTS REVEAL?
DOI:
https://doi.org/10.61389/sociodialeto.v13i37.8140Palavras-chave:
Variação, Ter/haver, Estrutura existencial, Língua escrita, EscolaResumo
Inúmeras pesquisas linguísticas têm voltado a atenção para a variação entre ter e haver em construções existenciais. Neste artigo, descrevemos e analisamos a variação entre esses dois verbos em estruturas existenciais explícitas, em dois gêneros textuais/discursivos escritos, produzidos por alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, de duas escolas públicas do interior do Rio Grande do Norte, à luz da Teoria da Variação Linguística (LABOV, 1963; 1966; 2008[1972]). Essa abordagem de investigação além de permitir a identificação da variação linguística, possibilita, também, a postulação de regras acerca das variantes identificadas. O corpus é constituído de 177 (cento e setenta e sete) textos narrativos, especificamente, pertencentes aos gêneros textuais/discursivos memórias literárias e crônicas. Os primeiros resultados indicam a predominância da forma verbal ter como variante canônica do português brasileiro e que as variáveis estatisticamente significativas para a variação do fenômeno ter/haver nos textos escritos foram: sexo dos falantes, faixa etária e tipo de escola; e peso do sintagma nominal, repetição do verbo no mesmo enunciado e/ou próximo e concordância entre o verbo e sintagma nominal. Tanto os resultados aqui encontrados quanto a discussão em volta da variação entre ter e haver ainda nos permitem afirmar que o ensino de língua materna precisa ser sensível à realidade linguística do aluno, possibilitando-o ampliação do seu repertório linguístico e, ao mesmo tempo, a sensibilidade para uso/aceitação de fenômenos variáveis na sua língua.
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