A resistência, de Julián Fuks, e seu cortejo de silêncios

Visualizações: 7522

Authors

Keywords:

Memória, Resistência, Ditadura, Julián Fuks

Abstract

Este artigo propõe uma análise do romance A resistência (2015), do escritor Julián Fuks, a partir de questões referentes aos processos de representação do outro, da dor do outro, na literatura brasileira contemporânea. Para o escopo desta análise, entretanto, centrar-nos-emos especificamente na questão dos silenciamentos que dão corpo à narrativa, as consequências desses lugares de sombra transpirante e presentes no conjunto de relatos da memória familiar assim como os mecanismos de negociação postos em prática pelo narrador ao longo do processo de perlaboração da sua narrativa memorialística. Levaremos em conta, ao cabo, considerações adornianas sobre os sentidos da elaboração do passado para encontrarmos uma chave de leitura possível que nos seja produtiva na exegese da narrativa fuksiana.

References

ADORNO, Theodor W. O que significa elaborar o passado? [Was bedeutet: Aufarbeitung der Vergangenheit?] (1959). Trad. Wolfgang Leo Maar. Disponível em: . Acessado em: 10 set. 2019.

ANDRIEU, Kora. La Justice Transitionnelle. Paris: Gallimard, 2012.

ARQUIDIOCESE de São Paulo. Brasil: Nunca Mais. 11ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985.

ASSEMBLEIA Legislativa. Comissão da Verdade do estado de São Paulo Rubens Paiva. Infância roubada - crianças atingidas pela ditadura militar no Brasil. São Paulo: ALESP, 2014. Disponível em: . Acessado em: 20 jul. 2019.

BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito da História. (1940). Disponível em: . Acessado em: 07 set. 2019.

CARMO, Cláudio do. Da memória à pós-memória: ilações políticas e a ficção literária contemporânea. Cerrados: Revista do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília, v. 24, n. 40, 2015. pp. 173-185.

CASTRO, Flávia. Deslembro. Brasil/França, 2019. Filme, color., 1h45min.

COMISIÓN Nacional sobre la Desaparición de las Personas. Nunca Más. Buenos Aires: Eudeba, 1984.

DALCASTAGNÈ, Regina. (Orgs.). Literatura e resistência. Porto Alegre: Zouk, 2018.

FIGUEIREDO, Eurídice. A resistência, de Julián Fuks: uma narrativa de filiação. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. N° 60, Brasília, maio 2020.

FIGUEIREDO, Eurídice. A literatura como arquivo da ditadura brasileira. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2017.

FUKS, Julián. A Resistência. São Paulo: Cia. das Letras, 2015.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

GINZBURG, Jaime. Literatura, violência, melancolia. Campinas: Aut. Associados, 2012a.

GINZBURG, Jaime. O narrador na literatura brasileira contemporânea. Tintas: Quaderni di letterature iberoamericane. V. 2, p. 199-221, 2012b. Disponível em: .

MARTIN, Jean-Pierre. Les écrivains face à la doxa: ou du génie hérétique de la littérature. Paris: José Corti, 2011.

PINHEIRO, Paulo S. Autoritarismo e transição. Revista USP. São Paulo, n. 9, p. 45- 57, mar./mai. 1991.

POLLACK, Michael. Memória e identidade social. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol. 5, n. 10, 1992.

RIBEIRO, Renato J. A dor e a injustiça. In: COSTA, Jurandir F. Razões públicas, emoções privadas. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

RICŒUR, Paul. La mémoire, l’histoire, l’oubli. Paris: Seuil, 2000.

SANTOS, Cecília M.; TELES, Edson et alii (Orgs.). Desarquivando a ditadura: memórias e justiça no Brasil. Vol. I e II. São Paulo: Aderaldo & Rothschild Editores, 2009.

SILVA, Marcela. Quando as lembranças doem: a casa da infância em Vermelho amargo. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea. N° 48, Brasília, maio/ago. 2016.

SIQUEIRA, Tuca. Vou contar para os meus filhos. Brasil, 2012. Documentário, 24 min. Disponível em: <http://cinemaeditadura.com.br/vou-contar-para-os-meus-filhos>.

SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

TELES, Edson & SAFATLE, Vladimir. (Orgs.). O que resta da ditadura. São Paulo: Boitempo, 2010.

VERLAINE, Paul. Mon rêve familier. In: Poèmes Saturniens. Paris, 1866. Disponível em: . Acessado em: 15 dez. 2019.

Published

2020-12-18

How to Cite

Bione, C. E. (2020). A resistência, de Julián Fuks, e seu cortejo de silêncios. VALITTERA - REVISTA LITERÁRIA DOS ACADÊMICOS DE LETRAS, 2(3), 30–47. Retrieved from https://periodicosonline.uems.br/index.php/valit/article/view/5530