Epidemia e biopoder
“A máscara da morte rubra”, de Edgar Allan Poe
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https://doi.org/10.61389/valittera.v1i4.6103Palabras clave:
Literatura Norte-Americana, Edgar Allan Poe, Epidemia, Biopoder.Resumen
O século XXI inaugura o cenário apocalíptico das grandes epidemias com a disseminação de um desconhecido vírus, o SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Embora essa não seja a primeira experiência, visto que o planeta já esteve frente a frente com outras grandes epidemias. Entretanto, pela expressão do processo de individualização da sociedade, essa pandemia não só fez emergir e visibilizar as desigualdades, como apontou o seu retrato mais cruel ao expor a faixa de vulnerabilidade que separa os cidadãos entre aqueles com mais possibilidade de sobrevivência daqueles com menos possibilidade. O que significa que ela favoreceu tecer “uma análise das relações entre vida e poder, lançando luz sobre os dispositivos de assujeitamento, engendrados pela civilização ocidental” (FURTADO; CAMILO, 2016, p.41). No entanto, como o ser humano não se nutre apenas de reflexões em nível da realidade imediata, científica e factual, para compreender o universo em que habita, os homens buscam, também, a via literária. Visto que ela está à disposição para um exercício de leitura que “pode ser feito apenas para confirmar nossos pontos de vista ou para problematizar, questionar o que, aparentemente, não pode ou não deve ser questionado” (CORACINI, 2005, p.39). Este artigo, então, busca construir uma reflexão sobre o papel da literatura gótica, por meio do conto “A Máscara da Morte Rubra”, escrito e publicado em 1842, por Edgar Allan Poe, como gatilho eventual para a construção de uma consciência literária, que implica na composição de uma leitura crítica e reflexiva capaz de perceber e compreender as entrelinhas textuais, neste caso a relação entre a epidemia e o conceito foucaultiano de Biopoder.
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