“Perspectivas braudelianas” para o ensino: Cecília Westphalen e o projeto estudos sociais, a partir da longa duração

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Autores

  • Daiane Vaiz Machado Universidade Estadual Paulista - UNESP.

DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v8i22.1369

Palavras-chave:

Estudos Sociais. Cecília Westphalen. Regime Militar brasileiro.

Resumo

Este artigo tem como centro de análise o projeto Estudos Sociais, a partir da longa duração, uma estratégia de ensino para a matéria Estudos Sociais arquitetada por professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba, na década de 1970, que buscou inspiração teórico-metodológica na produção historiográfica de Fernand Braudel (1902-1985). Para tanto, o projeto será significado no percurso intelectual de sua principal mentora, Cecília Maria Westphalen (1927-2004). Buscamos, nesta perspectiva, compreender as bases da proposta inter-relacionando-a com seu modo de ser historiadora. Localizado em ponto nevrálgico da política do Regime Militar brasileiro (1964-1985), ponderamos sobre a resistência ao projeto com a narrativa sobre o movimento de repúdio aos Estudos Sociais provindo nuclearmente da então Associação Nacional de Professores Universitários de História (ANPUH). Teremos como foco da ofensiva contra os Estudos Sociais o Simpósio Nacional de 1977, quando Cecília Westphalen rompe com a associação que ajudou a crescer e se consagrar como a mais importante instituição de representação dos historiadores brasileiros.

Biografia do Autor

Daiane Vaiz Machado, Universidade Estadual Paulista - UNESP.

Sou graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste, Guarapuava/PR (2008), Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná (2012) e Doutora em História pela Universidade Estadual Paulista -UNESP, Assis/SP. Realizo pesquisas na área de História Intelectual, Historiografia brasileira e História do Paraná.

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Publicado

16-05-2017

Como Citar

Machado, D. V. (2017). “Perspectivas braudelianas” para o ensino: Cecília Westphalen e o projeto estudos sociais, a partir da longa duração. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 8(22), 8–32. https://doi.org/10.26514/inter.v8i22.1369