OS SABERES NA CONSTRUÇÃO DA PERCEPÇÃO DO RACISMO EM PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Visualizações: 894

Autores

  • Roberta Santos de Almeida Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN http://orcid.org/0000-0002-8586-4697
  • Adelaide Alves Dias Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4518

Palavras-chave:

Racismo, Professor, Saberes Docentes,

Resumo

Este artigo tem como objetivo identificar a percepção sobre o racismo de professoras do ensino fundamental de escolas públicas da cidade de Patos – PB. Partiu do pressuposto que as professoras entendem o racismo a partir dos saberes construídos nas suas experiências de vida. Utilizou como referencial teórico de análise os estudos sobre saberes docentes e as abordagens críticas e sociais sobre o racismo, pautadas na desconstrução da ideia freyreana de mito da democracia racial. A partir de uma abordagem qualitativa, foi realizado um estudo descritivo/exploratório. Os sujeitos da pesquisa foram quatro professoras da rede pública municipal em exercício das suas atividades docentes no ensino fundamental I. O instrumento utilizado foi a entrevista semiestruturada, realizada de forma coletiva. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. Após a transcrição, a fala das professoras foi submetida à analises qualitativas do tipo interpretativa, à luz do referencial teórico adotado. Os resultados indicaram, de forma geral, a existência de ambiguidades na percepção das professoras sobre o racismo. Ora elas o entendiam a partir da sensação da vítima ora a partir da intenção da pessoa racista. Identificamos também, em algumas falas, a ausência de saberes organizados em formações. Concluímos que a percepção das professoras foi influenciada pelo mito da democracia racial enquanto um saber social presente na cultura escolar e que as formações continuadas sobre a educação das relações raciais foram ausentes ou insuficientes para constituir saberes de experiência antirracistas.

Biografia do Autor

Roberta Santos de Almeida, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

Discente do Programa de Pós-graduação em Ensino (PPGE) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Adelaide Alves Dias, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

Professora visitante do Departamento de Educação e Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Ensino (PPGE) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Referências

ALMEIDA, Silvio Luis. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 09 janeiro de 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.639.htm> Acesso em 20/08/2019 de agosto de 2019.

BRASIL. Lei nº 11.645, de 10 março de 2008. Disponível em: Acesso em 20/08/2019 de agosto de 2019.

BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural e orientação sexual. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. 164 p.

CANDAU, Maria Vera. Sociedade multicultural e educação: tensões e desafios. In CANDAU, Maria Vera (org.). Didática crítica Intercultural: aproximações. Petrópolis, RJ: vozes, 2012.

CAVALLEIRO, Eliane. Do silêncio do lar ao silêncio escolar: racismo, preconceito e discriminação na educação infantil. São Paulo: Contexto, 2017.

FAZZI, Rita de Cássia. O drama racial de crianças brasileiras: socialização entre pares e preconceito. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Expressão popular co-edição Editora da Fundação Perseu Abramo, 2017.

FREYRE, Gilberto. Casa grande e senzala. São Paulo: Global, 2006.

GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Rev. Bras. Educ. Rio de Janeiro. n.23, p.75-85. 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a05.pdf. Acesso em: 20 de fevereiro de 2020.

GOMES, Nilma Lino et al. Identidades e Corporeidades Negras: Formação de Professores Voltada para a Diversidade Étnico-Racial. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária Belo Horizonte – 12 a 15 de setembro de 2004. Disponível em: https://www.ufmg.br/congrext/Educa/Educa98.pdf. Acesso em: 20 outubro de 2019.

GONÇALVES. Luiz Alberto Oliveira. O silêncio um ritual pedagógico a favor da discriminação: estudo acerca de discriminação racial nas escolas públicas de BH. 1985. Dissertação (mestrado em educação) - Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.

JANGO, Caroline Felipe. “Aqui tem racismo”: um estudo das representações sociais e das identidades das crianças negras. São Paulo: Editora livraria da física, 2017.

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública A pedagogia critico-social dos conteúdos. São Paulo, SP: Edições Loyola,1985.

MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade nacional versus identidade negra. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro processo de um racismo mascarado. São Paulo, SP: Perspectiva, 2017.

NOGUEIRA, Oracy. Relações raciais entre negros e brancos em São Paulo: relações raciais no município de Itapetininga. São Paulo, EDUSP, 1998. Disponível em:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/842401/course/section/252001/Oracy%20Nogueira%20-%20Preconceito%20de%20Marca.pdf Acesso em: 30.set.2019.

SANT’ ANA, Antônio Olímpio de. História e conceitos básicos sobre o racismo e seus derivados. In: Munanga, Kambele. (Org.). Superando o racismo na escola. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2015. p. 39-67.

SANTOS, Ana Katia Alves dos. Infância Afrodescendente: Epistemologia crítica no ensino fundamental. Salvador: Edufba, 2006. Disponível em: http://books.scielo.org/id/ds. Acesso em: 20 de fevereiro de 2020.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2011.

Downloads

Publicado

24-12-2020

Como Citar

Santos de Almeida, R., & Alves Dias, A. (2020). OS SABERES NA CONSTRUÇÃO DA PERCEPÇÃO DO RACISMO EM PROFESSORAS DO ENSINO FUNDAMENTAL. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 11(33), 08–28. https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4518