Dos conhecimentos tradicionais às práticas epistêmicas: situando conceitos químicos nos contextos dos estudantes
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https://doi.org/10.26514/inter.v13i38.4536Palavras-chave:
Educação em Ciências, Ensino de Ciências por Investigação, Práticas científicasResumo
Pesquisadores da área de Educação em Ciências tem ressaltado a importância de aproximar os estudantes de práticas científicas. No entanto, mais do que envolvê-los nessa aproximação, cabe aos professores situarem essas práticas em seus contextos. Dessa forma, buscou-se identificar as práticas epistêmicas desenvolvidas por estudantes do Ensino Médio de uma escola pública na disciplina de Química. A discussão dos conceitos químicos se deu a partir de um problema envolvendo o uso de chás. Devido à natureza dos conceitos discutidos foram utilizados registros escritos produzidos pelos estudantes, que foram analisados por meio da Análise Textual Discursiva com categorias definidas previamente. As práticas epistêmicas identificadas – problematizar, elaborar hipóteses, fazer previsões e citar – podem estar diretamente ligadas aos conhecimentos prévios dos estudantes, ressaltando a importância de se considerar o contexto desses estudantes. Não espera-se construir uma lista de práticas identificadas a partir de uma sequência de aulas, mas entender as maneiras pelas quais o conhecimento químico está sendo construído por esses estudantes e a influência de seus conhecimentos prévios. A identificação das práticas epistêmicas também fornece implicações importantes para o ensino, porque o desenvolvimento delas pelos estudantes podem ser indícios de engajamento e da aprendizagem epistêmica.
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