Rede de saberes entre educação inclusiva e saúde mental: a produção do cuidado e da aprendizagem na experiência profissional

Visualizações: 1334

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v11i32.4611

Palavras-chave:

Rede. Educação Inclusiva. Saúde Mental. Tecnologias. Cognição.

Resumo

O artigo discute a composição das redes que se tecem na experiência dos profissionais da educação inclusiva e da saúde mental que trabalham com crianças e adolescentes em circunstâncias de transtornos mentais e/ou sofrimento psíquico. A possibilidade de conectar essas redes nos direcionou à análise de um percurso que aproximou a experiência educativa e clínica nos seguintes contextos: Atendimento Educacional Especializado (AEE) realizado nas escolas, encontros de formação continuada promovidos pelo Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTM) e a experiência em saúde mental do Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSi) no município de Mossoró/RN, Brasil. Trata-se de um estudo qualitativo, com delineamento na pesquisa-intervenção. Adotamos a metodologia em primeira pessoa, com seu caráter enativo do viver-fazer construções em oficinas sobre o trabalho educativo e clínico, reunindo profissionais envolvidos na experiência do cuidar e do aprender. Pudemos distinguir mudanças nas condutas e processos de composição de um trabalho na rede que foi se constituindo como contínuo movimento de reconfiguração de si e do fazer coletivo. Autonarrativas e reflexões fizeram emergir pontos para um percurso contínuo de estudos sobre modos de aprendizagem e cuidado de crianças e adolescentes que convivem nas instituições de educação e saúde mental.

Biografia do Autor

Cristhiane Marques de Freitas, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal (NTM)

Mestre em Cognição, Tecnologias e Instituições pela Universidade Federal do Semi-Árido - UFERSA (2016). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (1999). Especialista em Informática Aplicada pela Universidade Estadual do Rio Grande do Norte(2009). Especialista em Mídias na Educação pela mesma universidade (2013). Integrante do Grupo de Pesquisa: Linguagens, Cognição e Tecnologias (UFERSA). Atualmente, Coordenadora e Professora Formadora do Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal - NTM em Mossoró/RN.

Karla Rosane do Amaral Demoly, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA)

Professora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, vinculada ao Centro de Ciências Sociais Aplicadas e Humanas. Coordenadora do Programa que integra pesquisa e extensão Rede de Oficinandos na Saúde: tecnologias da informação e da comunicação promovendo cuidado e formação em saúde mental. Coordenadora do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu - Mestrado Acadêmico Interdisciplinar em Cognição, Tecnologias e Instituições da UFERSA na gestão 2016-2017. O percurso de formação acadêmica compreende a Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1988), Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995), Doutorado em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008) e doutorado sanduíche em Antropologia da Escritura realizado na École des Hautes Études en Sciences Sociales em Paris França / EHESS (2006-2007). Os projetos atuais se organizam em torno dos seguintes temas: atos de escrita e exercício de autoria; tecnologias, educação e saúde mental. Dirigente do grupo de pesquisa Linguagens, Cognição e Tecnologias no CNPQ cujos estudos giram em torno do conceito de atos de linguagem como modo de produção de si e das circunstâncias que configuram formas de conhecer e viver. Integrante de redes de pesquisa, como a Equipe do Laboratoire Anthropologie de lÉcriture dirigida pela Dra. Béatrice Fraenkel na École des Hautes Études en Sciences Sociales que se dedica na configuração do campo de estudos das práticas de escrita em contextos diversos; do Grupo de Pesquisa GAIA - Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas UNISC, dirigido pela Profª Drª Nize Maria Campos Pellanda; do Grupo de Pesquisa Políticas Públicas, Ecologias e Políticas Cognitivas UFRGS, Linha de Pesquisa Oficinando em Rede, dirigido pela Profª Drª Cleci Maraschin e do Grupo de Pesquisa Engenharia de Software UFERSA, Linha de Pesquisa Informática na Saúde (eHealth), dirigido pelo Prof. Dr. Francisco Milton Mendes Neto. Atualmente realiza estudos sobre modos de cuidar e aprender com Cenopoetas e Pesquisadores em Saúde Mental, inspirada nos trabalhos de Vitor Pordeus, Nise da Silveira, Humberto Maturana, Ray Lima, Regina Lima e Vera Dantas.

Cláudia Rodrigues de Freitas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS)

Possui graduação em Pedagogia Educação Especial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1986), mestrado em Educação pela Uníssimos (1998). Possui Formação em Psicopedagogia pela Escuela Psicopedagógica de Buenos Aires EPsiBA em Curso de Formación En Psicopedagogia Clínica. Possui doutorado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Realizou Pós-Doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de Inclusão Escolar. Realizou Pós-doutorado na Università degli Studi di Cagliari - It (2019). É Professora na Faculdade de Educação da UFRGS e no Programa de Pós-graduação em Educação, na linha de pesquisa Educação Especial e processos inclusivos. É professora Colaboradora no Programa de Pós Graduação Stricto Sensu - Mestrado Acadêmico Interdisciplinar em Cognição, Tecnologias e Instituições da UFERSA. É pesquisadora coordenadora e ou integrante de diferentes projetos de pesquisa. As pesquisas e produções têm sido voltadas para área de Inclusão Escolar, tecnologias no espaço escolar, e produção de interlocução entre Educação Especial e Saúde Mental Coletiva. Atua na Residência de Saúde Mental Coletiva da UFRGS desde 2009. É integrante do Núcleo de Estudos em Políticas de Inclusão Escolar NEPIE/FACED/UFRGS.

Referências

AMARANTE, P. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro, FIOCRUZ, 2010.

ATLAN, H. Entre o cristal e a fumaça. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. BRASIL, 1988. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1988/constituicao-1988-5-outubro-1988-322142-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 01 dez. 2017.

______. Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto nº 6.253, de 13 de novembro de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm. Acesso em: 13 set. 2017.

______. Lei Nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Dispõe sobre a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 04 ago. 2017.

______. Resolução nº 04, de 02 de outubro de 2009. Institui as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica – Modalidade Educação Especial. MEC: Conselho Nacional de Educação, 2009.

______. Saúde Mental no SUS: Os Centros de Atenção Psicossocial. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde Departamento de Ações Programáticas Estratégias. Série F: Comunicação e Educação em Saúde. BRASIL, 2004.

CALLON, M. Por uma nova abordagem da ciência, da inovação e do mercado. O papel das redes sócio-técnicas. In: PARENTE, A. In: (Org.) Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina. 2004. p. 64-79, 303p.

EIZIRIK, M. F. O cuidado com a diferença. Revista Educação Especial (UFSM), v. 30, p. 135-146, 2007.

______. Diferença ou exclusão ou ... a gestação de uma mentalidade inclusiva. Revista Educação Especial, BRASIL, v. 4, n. 2, p. 17-23, jul./out. 2008.

FREITAS, C. R. Corpos que não param: criança, TDAH e escola. Tese de Doutorado (Doutorado em Educação) - Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, p. 195. 2011.

MARASCHIN, C. Pesquisar e intervir. In: Psicologia & Sociedade, v. 16, n. 1. Porto Alegre, 2004.

MATURANA, H. e VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. 9.ed. São Paulo: Palas Athenas, 2011.

MATURANA, H. Cognição, ciência e vida cotidiana. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

______. Transformación. Santiago: Dolmen, 1999.

______. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

______. A ontologia da realidade. 2 ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.

MERHY, E. E. Saúde: a cartografia do trabalho vivo. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2007.

PARENTE, A. Rede e subjetividade na filosofia francesa contemporânea. In: Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde. Rio de Janeiro, 2007, v. 1, n. 1, p. 101-105. Disponível em: <http://www.reciis.cict.fiocruz.br/index.php/reciis/issue /view /9/showToc>. Acesso em: 20/05/2017.

______. Enredando o pensamento: redes de transformação e subjetividades. In: PARENTE, A. Tramas da rede. Porto Alegre: Sulina. 2004. p. 91-110.

PELLANDA, N. M. C. Maturana & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

SILVEIRA, N. O mundo das imagens. São Paulo: Editora Ática, 1992.

SIMONDON, G. Du mode d’existence des objets techniques. Paris: Aubier, 1989.

VARELA, F. Conhecer. Lisboa: Instituto Piaget, 1990.

______. Conhecer: as ciências cognitivas tendências e perspectivas. Lisboa: Instituto Piaget, 1988.

VARELA, F.; THOMPSON, E.; ROSCH, E. De cuerpo presente. Barcelona: Editorial Gedisa, 1992. (Livro publicado em português: A Mente Incorporada: Ciências Cognitivas e Experiência Humana. Porto Alegre: Artmed, 2003).

VON FOERSTER, H. Understanding, understanding. New YorK: Spring, 2003.

Downloads

Publicado

08-09-2020

Como Citar

de Freitas, C. M., Demoly, K. R. do A., & de Freitas, C. R. (2020). Rede de saberes entre educação inclusiva e saúde mental: a produção do cuidado e da aprendizagem na experiência profissional. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 11(32), 271–298. https://doi.org/10.26514/inter.v11i32.4611