POR ENTRE O SILENCIAMENTO E O PROTAGONISMO: UM OLHAR SOBRE OS ESTUDANTES TIKUNA DA ESCOLA DIFERENCIADA WOTCHIMAÜCÜ EM MANAUS
Visualizações: 604DOI:
https://doi.org/10.26514/inter.v11i33.4655Palavras-chave:
Comunidade Wotchimaücü. Escola Diferenciada. Estudantes Tikuna.Resumo
O presente trabalho resulta de análise qualitativa realizada a partir de pesquisa de campo na escola diferenciada Tikuna, da Comunidade Wotchimaücü em Manaus. Objetivou-se analisar os impacto ou repercussões das práticas educativas ali empreendidas no processo de afirmação ou ressignificação da identidade étnica de seus estudantes junto à sociedade circundante, especialmente nas escolas formais em que estudam, buscando compreender como se dão tais processos e o papel das escolas formais nesse construto. O estudo aponta que as práticas educativas diferenciadas vêm contribuindo, mesmo com dificuldades, no processo de conhecimento dos saberes tradicionais pertinentes à cultura do povo Tikuna. Os estudantes apresentam posicionamentos divergentes em relação à questão da afirmação ou autoidentificação de sua identidade étnica nas escolas em que estudam. Alguns afirmam sua identidade étnica, outros a silenciam, numa estratégia de invisibilidade sociocultural. Constatou-se que as escolas formais ainda não concretizam práticas interculturais que promovam o respeito pelas diferenças, a alteridade e a valorização das culturas subalternas e do contexto amazônico, contribuindo para o silenciamento e invisibilidade cultural dos estudantes Tikuna que participam de seu processo educativo. Entretanto, entre o silenciamento e o protagonismo, tais estudantes tem buscado na escola diferenciada a resistência necessária para existir na cidade.
Referências
ALMEIDA, A.W. Berno de. Terras tradicionalmente ocupadas: processos de territorialização, movimentos sociais e uso comum. In: _______. Terras de quilombo, terras indígenas, “babaçuais livres”, castanhais do povo, faxinais e fundos de pasto: terras tradicionalmente ocupadas. Manaus: PPGSCA-UFAM, 2006.
BARTH, Frederik. Grupos étnicos e suas fronteiras s/n. 1969. Editado como apêndice na obra: POUTIGNAT, Philippe & STREIFF-FENART, Jocelyne. Teorias da etnicidade. Editora UNESP, 1998.
BERNAL, Roberto Jaramillo. Índios Urbanos: processo de reconformação das identidades étnicas indígenas em Manaus. Tradução Evelyne Marie Therese Mainbourg. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas/Faculdade Salesiana Dom Bosco, 2009.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A reprodução: elementos para uma teoria dos sistemas de ensino. Tradução de Reynaldo Bairão. 2 ed, Petrópolis: Vozes, 2009.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília/DF: Senado, 5 de outubro de 1988.
______. Ministério da Educação. Lei n. 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 03 de maio 2017.
_____. Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas. Brasília, DF: MEC, 1998.
______. Parecer CNE/CEB nº 14/1999. Dispõe sobre Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas. Brasília: 1999.
______. Resolução CNE/CEB nº 3, de 10 de novembro de 1999. Diretrizes Nacionais para o funcionamento das escolas indígenas e dá outras providências. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/1999/pceb014_99.pdf. Acesso em 19 de abril de 2017.
______. Decreto 5.051, de 19 de abril de 2004. Promulga a Convenção N. 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT sobre Povos Indígenas e Tribais. Brasília, DF: Senado Federal, 2004.
______. Resolução CNE/CEB nº. 5, de 22 de junho 2012. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica. MEC/CNE/CEB, 2012.
______. Resolução CNE/CEB nº 1/2015. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em curso de formação.
______. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Fundação Nacional do Índio-FUNAI. Educação. Disponível em<http://www.funai.gov.br/index.php/educacao> Acesso em 20 de março de 2019.
BRITO, Rosa M. Um localismo universalizado: a formação de professores, mestres e doutores na FACED/UFAM. Manaus: EDUA, 2015.
CANCLINE, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,1995.
________. Culturas híbridas. São Paulo. EDUSP, 2008.
CANDAU, Vera Maria.(Org.). Didática crítica intercultural: aproximações. Petrópolis-RJ: Vozes, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 33 ed. São Paulo: Paz e Terra. 1996.
FREIRE, Maria do Céu Bessa. A criança indígena na escola urbana. Manaus: Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2009.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
GHEDIN. E. Professor reflexivo: da alienação da técnica à autonomia da crítica. In: PIMENTA, S. G.; GHEDIN. E. (Orgs). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2008.
GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar: Como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Record, 2011.
HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva, Guracira Lopes Louro. 11ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2011.
HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX: 1914 a 1991. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
LUCIANO, Gersem dos Santos. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional,2006.
LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação - abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de Metodologia Científica. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 2003.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 7ª ed. São Paulo: Hucitec, 2000.
MOREIRA, Antonio Flavio B; TADEU, T.(Orgs.). Sociologia e teoria crítica do currículo: uma introdução. 12ª edição. São Paulo: Cortez, 2011.
ORLANDI, Eni Puccinelli. Terra à vista- Discurso do confronto: Velho e Novo Mundo.2.ed. Campinas-SP: Editora da UNICAMP, 2008.
PAREDES, José Bolivar Burbano. Educação indígena e identidade. In: ASSIS, Eneida (Org.). Educação Indígena na Amazônia: Experiências e Perspectivas. Belém: Associação de Universidades Amazônicas, Universidade Federal do Pará, 1996.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985.
SACRISTAM, Gimeno. A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: ARTMED, 2001, p.77.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na sala de aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela Mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2006.
SILVA, Aldenor M. da. A inserção dos Tikuna no tecido social urbano de Manaus. Manaus: UFAM, 2013. (Dissertação de Mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia).
SMITH, Linda Tuhiwai. Descolonizando metodologias: pesquisa e povos indígenas. Tradução Roberto G. Barbosa. Curitiba: Ed. UFPR, 2018.
WEIGEL, Valéria Augusta C. de M. Escolas de branco em malokas de índio. Manaus: EDUA, 2000.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.