A ARQUITETURA ESCOLAR ENTRE A FORMAÇÃO PARA PARTICIPAÇÃO E O DISCURSO EDUCACIONAL COMODIFICADO
Visualizações: 433DOI:
https://doi.org/10.26514/inter.v13i37.4986Palavras-chave:
discurso educacional comodificado, arquitetura escolar, formação humanaResumo
O objetivo deste estudo foi compreender em que medida a falácia da formação para a participação pode ser exposta quando reconhecemos o discurso educacional comodificado operando na arquitetura escolar. Para tanto, valendo-nos de elementos da análise crítica do discurso, o objeto de apreciação é o projeto Escola única em tempo integral, do sonho à realidade, encetado pela Secretaria Municipal de Educação de Joaçaba-SC (2017), que previa a reestruturação de parte das escolas da rede, com intuito de construir uma escola única de tempo integral, concentrando os alunos. A investigação consistiu em uma análise das relações dialéticas entre a linguagem (verbal e não-verbal) e a prática social, para compreender como o modus operandi do discurso educacional comodificado produz de consenso na arquitetura escolar. Foi possível concluir que a articulação de elementos conservadores e de modernização propagandeados no referido fenômeno produz consenso no ato de projetar uma nova edificação, cooperando para fazer acreditar que exista uma solução a ser materializada, no plano fenomênico em uma edificação, para problemas históricos estruturais. Entretanto, tal política de concentração favorece a individualização de sujeitos, inibindo o engajamento sócio-político da população.
Referências
ALGEBAILE, E. Escola pública e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009.
BANCO MUNDIAL. Aprendizagem para Todos. Investir nos Conhecimento e Competências das Pessoas para Promover o Desenvolvimento. Estratégia 2020 para Educação do Grupo Banco Mundial. Resumo executivo, Washington, DC., 2011.
BENCOSTTA, M. L. A. Arquitetura e Espaço Escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928). In: ______. História da Educação, Arquitetura e Espaço Escolar. São Paulo: Cortez, 2005. p. 95-140.
BENDRATH, E. A. A educação como commodity: a política de organismos internacionais. Colloquium Humanarum, Presidente Prudente, v. 5, n. 1, p. 41-52, jun. 2008.
BRASIL. Portaria Lei nº 1.144, de 10 de outubro de 2016. Institui o Programa Novo Mais Educação, que visa melhorar a aprendizagem em língua portuguesa e matemática no ensino fundamental, Brasília, 2016.
CARDOSO, L. R. Projeto arquitetônico do centro esportivo de uma escola única de tempo integral em Joaçaba/SC. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil) - Universidade do Oeste de Santa Catarina. Joaçaba. 2017.
CASARIM, T. L. Projeto arquitetônico do edifício das salas de aula da escola única em tempo integral do município de Joaçaba-SC. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Civil) - Universidade do Oeste de Santa Catarina. Joaçaba. 2017.
DANTAS, A. Todos pela participação: quando o consenso denuncia a dominação. In: MONTAÑO, C. O canto da sereia: crítica à ideologia e aos projetos do "terceiro setor". São Paulo: Cortez, 2014. p. 103-143.
DELIBERADOR, M. S. O processo de projeto da arquitetura escolar no Estado de São Paulo: caracterização e oportunidades. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Estadual de Campinas. Campinas. 2010.
FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília: Universidade de Brasília, 2001.
FIORIN, J. L. Linguagem e Ideologia. 6ª. ed. São Paulo: Ática, 1998.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 20ª. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999.
GIL, J. M. S.; HERNANDEZ, F. Inovação educativa. In: ZANTEN, A. V. Dicionário de Educação. Petrópolis: Vozes, 2011. p. 476-481.
HARVEY, D. O neoliberalismo: história e implicações. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 2008. IBGE. Índice Brasileiro de Geografia Estatística, 2010.
JOAÇABA. Proposta de articulação para construção de uma escola única e em tempo integral. 2017/2020. Joaçaba: Secretaria Municipal da Educação, 2017.
JOAÇABA. CÂMARA DE VEREADORES. Imprensa. Câmara de Vereadores de Joaçaba, 2018. Disponível em:<https://www.cmj.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/73757/codNoticia/527149>. Acesso em: 25 jul. 2019.
KOWALTOWSKI, D. C. C. K. Arquitetura Escolar: o projeto do ambiente de ensino. São Paulo: Oficina de Textos, 2017.
LAVAL, C. A Escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Londrina: Planta, 2004.
MAINGUENEAU, D. Novas Tendências em Análise do Discurso. 3ª. ed. Campinas: Editora da Universidade Estadual, 1997.
MELATTI, S. P. D. P. C. A arquitetura escolar e a prática pedagógica. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Estado de Santa Catarina. Joinville. 2004.
MONTAÑO, C. A autoação dos sujeitos: a panaceia da "participação democrática" e do "Empoderamento". In: ______. O canto da sereia: crítica à ideologia e aos projetos do "terceiro setor". São Paulo: Cortez, 2014. p. 97-102.
NASCIMENTO, M. F. P. D. Arquitetura para a educação: a contribuição do espaço para a formação do estudante. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo. São Paulo. 2012.
OLIVEIRA, K. L. A. D. Política de Nucleação de Escolas do Meio Rural: Repercussões em comunidades do oeste catarinense. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade do Oeste de Santa Catarina. Joaçaba. 2018.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: Princípios e Procedimentos. 8ª. ed. Campinas: Pontes, 2009.
PULS, M. Aula Pública: A Função Política da Arquitetura 1/2, 2016. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2016/11/11/aula-publica-opera-mundi-qual-e-a-funcao-politica-da-arquitetura/>. Acesso em: 3 ago. 2019.
SHIROMA, E. O.; EVANGELISTA, O. Avaliação e responsabilização pelos resultados: atualizações nas formas de gestão de professores. PERSPECTIVA, Florianópolis, v. 29, n. 1, 127-160, jan./jun. 2011 , v. 1, n. 29, p. 127-160, jan./jun. 2011.
TODOS PELA EDUCAÇÃO. Educação Já! Uma proposta suprapartidária de estratégia para a educação brasileira e prioridades para 2019-2022. Versão para debate, n. 3ª, nov. 2018.
UNOESC. Trabalho de conclusão de curso. Curso de Engenharia Civil. Joaçaba. 2017.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.