A presença/ausência dos Direitos Humanos nas notícias de telejornais brasileiros
Visualizações: 339DOI:
https://doi.org/10.26514/inter.v13i37.5032Palavras-chave:
direitos humanos, telejornais, agendamento midiático, direitos civis e políticos, direitos econômicos, sociais e culturais.Resumo
A mídia jornalística, ao pautar os assuntos a serem noticiados e, por exclusão, os silenciados, pode influenciar a percepção da realidade de seus usuários. Os telejornais, dentro deste contexto, têm papel relevante, visto que abordam fatos reais e constroem uma espécie de hiper-realidade para seus telespectadores. O objetivo deste estudo é analisar a presença ou a ausência dos Direitos Humanos em cinco telejornais de emissoras brasileiras de televisão abertas. Durante seis meses foram examinadas 12 edições de cada telejornal, totalizando 276 matérias. Para análise dos dados, categorizamos as notícias a partir do assunto que abordavam: acidentes; atuação judiciário e polícia; ciência e tecnologia; economia; educação; esportes; feminicídios; grupos específicos e desenvolvimento humano; meio ambiente; política internacional; política nacional; saúde; variedades; e violência social. A análise dos dados nos permite afirmar que os assuntos abordados pelas matérias se relacionam majoritariamente aos direitos civis e políticos, em detrimento dos direitos econômicos, sociais e culturais ou dos direitos difusos e coletivos. Ainda que tais assuntos e direitos integrem o conjunto dos Direitos Humanos, não são tratados como direitos e tampouco relacionados aos Direitos Humanos.
Referências
ALVES, Z. M. M. B.; SILVA, M. H. G. F. Dias da. Análise qualitativa de dados de entrevista: uma proposta. Paidéia (Ribeirão Preto). Ribeirão Preto, n. 2, p. 61-69, jun. 1992.
ANDRÉ, M. E. D. A. Texto, contexto e significado: algumas questões na análise de dados qualitativos. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, n. 45, p. 66-71, maio 1983.
BEETHAM, D. Human Rights as a Model for Cosmopolitan Democracy. In: ARCHIBUGI, D.; HELD, D.; KOHLER, M. (org.). Re-imagining political community: studies in cosmopolitan democracy. Cambridge: Polity Press, 1998. p. 58-71.
BOBBIO, N. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm. Acesso em 13 jul 2018.
BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
BRASIL. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Pesquisa Brasileira de Mídia 2016. Brasília: IBOPE Inteligência, 2016.
CANELA, G. A cobertura jornalística das políticas públicas sociais: elementos para debate. In: CANELA, G. Políticas públicas sociais e os desafios para o jornalismo. São Paulo: Cortez, 2008. p. 10-30.
CHARAUDEAU, P. Discurso das mídias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2018.
CHAVES, F. N. A. sociedade capitalista e o feminino: sua estrutura falocêntrica e a questão da aparência. In: MARCONDES FILHO, C. (org.). Transporizações. São Paulo: ECA-USP, 2010. p. 216- 226.
CITTADINO, M.; SILVEIRA, R. M. G. Direitos Humanos no Brasil em uma perspectiva histórica. In: TOSI, G. (org.). Direitos humanos: história, teoria e prática. João Pessoa: Editora da UFPB, 2005. p. 135-163.
CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DA ONU. Relatório do Grupo de Trabalho sobre a Revisão Periódica Universal. Genebra, 2017. Disponível em https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2017/08/RPU-Brasil.docx.docx.pdf. Acesso em 1 abr 2018.
CRUZ, F. S. Mídia e direitos humanos: tensionamentos e problematizações em tempos de globalização neoliberal. Revista Katálysis. Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 182-190, dez. 2011.
CRUZ, F. S.; MOURA, M. O. Os Direitos Humanos como Produto: reflexões sobre a informação e a cultura da mídia. Revista Sequência. Florianópolis, n. 65, p. 79-102, dez 2012.
DALLARI, D. A. Direitos Humanos: Histórico, Conceito e Classificação. [200-?]. Disponível em http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/dalmodallari/dallari_dh_historico_conceito_classificacao.pdf. Acesso em 10 jan 2020.
DIÓGENES JÚNIOR, J. E. N. Aspectos gerais das características dos direitos fundamentais. Conteúdo Jurídico. Brasília, 2012. Disponível em https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/29837/aspectos-gerais-das-caracteristicas-dos-direitos-fundamentais. Acesso em 16 dez 2020.
EIDE, A.; ROSAS, A. Economic, Social and Cultural Rights: A Universal Challenge. In: EIDE, A. et al. Economic, Social and Cultural Rights. Dordrecht/Boston/Londres: Martinus Nijhoff Publishers, 1995. p. 3-8.
ESTEVÃO, C. V. Democracia, Direitos Humanos e Educação: Para uma perspectiva crítica de educação para os direitos humanos. Revista Lusófona de Educação. Lisboa, n. 17, p. 11-30, 2011.
FERNANDES, Juliana de Brum. A hipótese do agenda setting: estudos e perspectivas. Razón y Palabra. México, n. 35, oct/nov 2003. Disponível em http://www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n35/jbrum.html. Acesso em 10 dez 2019.
G1; NEV-USP; FBSP. Monitor da Violência: levantamento sobre assassinatos de mulheres em 2017. São Paulo, 2018.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.
KELLNER, D. A cultura da mídia. São Paulo: EDUSC, 2001.
LIMA, E. P. Páginas ampliadas: o livro-reportagem como extensão do jornalismo e da literatura. 4. ed. Barueri: Manole, 2009.
MARTINS, S. Da audiência presumida ao espectador participativo: telejornalismo e identidade local no Jornal da Alterosa Edição Regional. Revista Estação Científica. Juiz de Fora, n. 5, p. 1-13, 2008.
McCOMBS, M.; SHAW, D. The agenda-setting function of mass media. Public Opinion Quarterly. Oxford, v. 36, n. 2, p. 176-187, 1972.
MENDONÇA, R. F.; TEMER, A. C. R. P. A agenda setting: os meios de comunicação como construtores da realidade social. Comunicação & Informação. Goiânia, v. 18, n. 1, p. 192-207, jan/jun 2015.
NERY, V. C. A; TEMER, A. C. R. P. Para entender as Teorias da Comunicação. 2. ed. Uberlândia: Asppectus, 2009.
NEVES, T. C. C. A dramatização no telejornalismo. Caligrama. São Paulo, v. 1, n. 3, 2005. Disponível em https://doi.org/10.11606/issn.1808-0820.cali.2005.56696. Acesso em 3 dez 2019.
OLIVEIRA, B. P. G.; LAZARI, R. Manual de direitos humanos. 4. ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2018.
ONG TRANSGENDER EUROPE. O círculo vicioso da violência: pessoas trans e gênero-diversas, migração e trabalho sexual. 2017. Disponível em https://transrespect.org/wp-content/uploads/2018/01/TvT-PS-Vol19-2017.pdf. Acesso em 2 nov 2019.
ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial. 1963.
ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher. 1979.
ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre os Direitos da Criança. 1989.
ONU. Organização das Nações Unidas. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. 2006.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 2007.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração de Direitos Humanos de Viena. Viena, 1993.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. França, 1948.
PIOVESAN, F. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
RABENHORST, E. R. O que são Direitos Humanos? In: FERREIRA, L. F. G.; ZENAIDE, M. N. T.; NÁDER, A. (org.). Educando em Direitos Humanos: fundamentos histórico-filosóficos e político-jurídicos. João Pessoa: Editora da UFPB, 2016. p. 13-24.
TOSI, G. Direitos Humanos: reflexões iniciais. In: TOSI, G. (org.). Direitos humanos: história, teoria e prática. João Pessoa: Editora da UFPB, 2005. p. 105-134.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista;
b. autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
c. autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.