AS POLÍTICAS BRASILEIRAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PERÍODO DE 2000 A 2020: ENTRE NEGLIGÊNCIAS E ESVAZIAMENTOS DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

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Autores

DOI:

https://doi.org/10.26514/inter.v12i36.6200

Palavras-chave:

Política educacional, Brasil, Formação de professores, Educação em ciências

Resumo

O presente artigo dá centralidade ao debate sobre as políticas de formação de professores no Brasil nos anos 2000, buscando analisar seus marcos legais e os principais programas desenvolvidos e identificar neles orientações direcionadas particularmente à formação de professores de Ciências. Assumindo uma abordagem qualitativa, esta pesquisa de caráter documental constituiu seu corpus de estudo a partir do levantamento e da análise de atos normativos e legislações relativos à temática datados das duas últimas décadas. Os resultados apontam para dois grandes problemas: a ausência de programas, projetos e ações específicos para a formação de professores de Ciências no país ao longo do período de tempo investigado e a tendência atual à suplantação da educação científica pelo enxugamento do currículo suportada nos discursos da pedagogia das competências. Consideramos, ainda, que a subordinação da formação de professores à parametrização estabelecida pelas políticas curriculares e avaliativas em curso no Brasil sinalizam retrocessos com relação às conquistas educacionais obtidas através das diretrizes curriculares nacionais atualmente revogadas

Biografia do Autor

CARLA BUSATO ZANDAVALLI, UFMS, Brasil

Possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Católica Dom Bosco (1988), Graduação em Educação Artística pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1988), Mestrado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1997) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2009). Atua desde 1989 em cursos de formação de professores. Foi Coordenadora da Comissão Própria de Avaliação do Centro Universitário de Campo Grande e Pró-Reitora Acadêmica da mesma instituição. É professora Associada da UFMS, atuando em cursos de graduação das modalidades presencial e a distância e no Mestrado de Ensino de Ciências. Tem experiência na área de Educação e Ensino, com ênfase em Avaliação de Sistemas, Instituições, Planos e Programas Educacionais, principalmente nos seguintes temas: avaliação de sistemas, autoavaliação, formação de professores, expansão e permanência no ensino superior, tecnologias aplicadas à educação, educação a distância. Lidera o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Políticas, Formação de Professores e Tecnologias Educacionais - Geppforte. Participa dos seguintes Grupos de Pesquisa: Formação Docente no Ensino de Ciências, Grupo interdisciplinar de ensino com uso da computação.

Jennifer Caroline de Sousa, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Doutoranda em Educação, na área de concentração Educação Científica, Matemática e Tecnológica, pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP. Mestra em Fisiologia Geral pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo - IBUSP (2015). Licenciada e Bacharela em Ciências Biológicas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2010). Integrante do GPEnCiBiC - Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Biologia do Conhecer (EACHUSP) e do GForP - Grupo de Estudo e Pesquisa em Formação de Professores (UFMS/CPTL).

 

LILIAN ANDRESSA OLIVEIRA OLEGÁRIO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL

Mestranda do Programa de Mestrado em Ensino de Ciências da UFMS.

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Publicado

13-12-2021

Como Citar

ZANDAVALLI, C. B., Sousa, J. C. de, & OLEGÁRIO, L. A. O. (2021). AS POLÍTICAS BRASILEIRAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PERÍODO DE 2000 A 2020: ENTRE NEGLIGÊNCIAS E ESVAZIAMENTOS DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS. INTERFACES DA EDUCAÇÃO, 12(36). https://doi.org/10.26514/inter.v12i36.6200

Edição

Seção

Artigos Temáticos