AS POLÍTICAS BRASILEIRAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO PERÍODO DE 2000 A 2020: ENTRE NEGLIGÊNCIAS E ESVAZIAMENTOS DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS
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https://doi.org/10.26514/inter.v12i36.6200Palavras-chave:
Política educacional, Brasil, Formação de professores, Educação em ciênciasResumo
O presente artigo dá centralidade ao debate sobre as políticas de formação de professores no Brasil nos anos 2000, buscando analisar seus marcos legais e os principais programas desenvolvidos e identificar neles orientações direcionadas particularmente à formação de professores de Ciências. Assumindo uma abordagem qualitativa, esta pesquisa de caráter documental constituiu seu corpus de estudo a partir do levantamento e da análise de atos normativos e legislações relativos à temática datados das duas últimas décadas. Os resultados apontam para dois grandes problemas: a ausência de programas, projetos e ações específicos para a formação de professores de Ciências no país ao longo do período de tempo investigado e a tendência atual à suplantação da educação científica pelo enxugamento do currículo suportada nos discursos da pedagogia das competências. Consideramos, ainda, que a subordinação da formação de professores à parametrização estabelecida pelas políticas curriculares e avaliativas em curso no Brasil sinalizam retrocessos com relação às conquistas educacionais obtidas através das diretrizes curriculares nacionais atualmente revogadasReferências
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